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Ele mal deixou as fraldas e já surpreende você com frases de impacto ou perguntas tão intrigantes que só com muita criatividade para responder. Na primeira vez, os pais até acham graça na inteligência aguçada da criança. Mas basta a repetição do comportamento para que o pânico se instale: como lidar com uma criança precoce? Até que ponto incentivar a curiosidade fora dos padrões? De que forma agir para que seu filho não cresça convencido demais e sofra com a rejeição na escola? (clique aqui e acompanhe cada fase do seu bebê)O cantor Arnaldo Antunes teve uma idéia inusitada. Espantado com as frases cheias de filosofia do filho, resolveu reuni-las e montar um livro. O resultado é o divertidíssimo Frases do Tomé aos três anos (Editora Alegoria; 80 páginas), que contém uma série de tiradas que deixam qualquer adulto boquiaberto.
Imagine um sujeitinho miúdo, de mamadeira na mão, soltando comentários do tipo O mundo é tão grande, tão grande, que ninguém consegue perceber que ele está girando ou O mar tem tanta água que a areia nem consegue beber . Se você já deparou com situações desse tipo e ficou sem saber como reagir, acalme-se. (incentive a autonomia do seu filho)
Mostrar para a criança que ela está surpreendendo é positivo, transmite confiança , explica a psicóloga Dora Lorch, autora do livro Como educar sem violência (Summus editorial; 168 páginas). Mas, por outro lado, é importante preservar seu filho de situações para as quais ele ainda não está preparado. Uma criança pode até ser bastante inteligente para mexer com o computador ou entender de dinossauros. Mas a experiência de vida não nasce com a gente, é preciso tempo para adquirir. E, nesse quesito, não tem filho superdotado que passe a perna nos pais . (lide com manhas e berreiros sem desespero)
É isso mesmo: não precisa tremer nas bases, achando que não vai dar conta de educar seu pequeno direito só porque ele dá nó no seu raciocínio de vez em quando. Até porque, na infância, a sua aprovação é um sinal certeiro de acerto. O segredo, portanto, para que nenhuma das partes entre em choque é simples: aja com naturalidade. (não deixe o resto da família interferir na sua educação)
Mesmo que, no começo, isso pareça difícil, aos poucos você vai se aperfeiçoando. Para ajudar nos primeiros passos, fomos atrás de uma especialista no assunto. Num bate-papo cheio de insights, a professora Claudia Marília Nogueira, coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Módulo, em São Paulo, mostra como os pais devem fazer para incentivar cada habilidade do seu pequeno aprendiz, evitando formar o famoso e insuportável! minichato. (quando ele não quer comer, saiba como reagir)
1. Como os pais reconhecem uma criança precoce?
Claudia: A precocidade pode ser considerada em vários aspectos, estando relacionada inclusive com muitos estímulos externos que levam a criança a acelerar algumas habilidades, tais como a motora e de escrita. Hoje em dia, o conceito de precocidade pode estar associado com o que está acima de um padrão. Uma criança pode possuir determinadas habilidades, talentos, comportamentos que a diferenciam e a destacam da média. Se uma criança supera os padrões comuns a uma faixa etária, então ela pode ser considerada precoce naquilo em que se destaca. (proteja seu filho de doenças perigosas)
2. Esse comportamento dissonante da idade deve ser incentivado? Como fazer isso?
Claudia: Deve ser valorizado com a maior naturalidade possível, incentivando a criança a se desenvolver saudavelmente nesses aspectos, trazendo para ela o estímulo às suas aptidões e o reconhecimento de suas limitações. É importante desenvolvê-la nessas aptidões, mas mostrar que outras crianças também sabem fazer aquelas atividades.
3. Que vantagens esse estímulo traz para o desenvolvimento da criança?
Claudia: Quando uma criança é valorizada e legitimada em suas habilidades, em suas competências, certamente sua auto-estima se elevará e as chances de que ela se desenvolva mais harmonicamente será maior.
4. Crianças precoces devem receber algum tratamento especial na escola?
Claudia: A escola tem o papel de desenvolver e aprofundar habilidades, competências que a criança traz. Os currículos, por exemplo, devem ater-se em observar e respeitar o ritmo e as capacidades que os alunos apresentam, aprofundando conceitos em graus de complexidade afins às necessidades delas. Em qualquer circunstância, entretanto, a escola deve observar o ritmo das crianças para o aprendizado, seus diferentes estilos cognitivos e afetivos, inclusive voltando seu olhar para as suas diferentes precocidades. (ensine a criança a dormir sozinha)
5. Como deve ser esse tratamento para evitar formar pequenos tiranos?
Claudia: Em primeiro lugar, os pais nunca devem colocar-se numa posição de superioridade ou de inferioridade em relação aos filhos, e sim desenvolver uma relação horizontal de autoridade, sempre deixando claro sua primazia na condução do processo educacional dos filhos e preservando o respeito à criança. Então, lidar com a questão da precocidade requer naturalidade, acoplando à educação da criança, o desenvolvimento de valores tais como o respeito às diferenças, ao outro, trazendo assim o olhar para o reconhecimento de suas reais potencialidades, bem como a dos outros que o cercam.
6. Há algum risco no estímulo exacerbado das características precoces?
Claudia: A exacerbação não é uma postura saudável. Valorização pressupõe equilíbrio e uma forma de lidar, como já disse anteriormente, com naturalidade com aquilo que a criança traz.(use os brinquedos para estimular a imaginação dele)
7. Normalmente, uma criança é precoce em todas as competências ou uma é mais saliente?
Claudia: A criança pode ser precoce em uma determinada habilidade, competência, ou em várias delas. (aprenda a socorrer seu filho nas emergências)
8. Que tipo de reação os pais devem ter quando a criança começa a fazer perguntas que nem eles próprios sabem direito como responder?
Claudia: Os pais devem agir com espontaneidade, dizendo à criança que não sabem responder e precisam pesquisar sobre o assunto. Os pais nunca devem se colocar como infalíveis, onipotentes, conhecedores de tudo. Mas também não é o caso de se mostrarem frágeis e vulneráveis frente a um assunto com o qual não se sentem familiarizados. As respostas possíveis serão dadas, e algumas questões poderão ser explicadas depois, sempre numa atitude de respeito ao conhecimento e às opiniões da criança.
9. Como não perder a autoridade diante de uma criança precoce?
Claudia: Um pai que se coloca como autoridade, sem autoritarismos, com atitudes espontâneas, não correrá o risco de colocar sua autoridade em xeque. Transparência e espontaneidade formam uma dupla bastante saudável. (aprenda a usar a pirâmide para alimentá-lo corretamente)
10. Se o casal tem mais de um filho e apenas um deles é precoce, como fazer para não despertar o ciúme entre os irmãos?
Claudia: A postura sempre deve ser imbuída de muita naturalidade, procurando valorizar, entre os irmãos, as aptidões e as habilidades trazidas por todos. Todas as crianças ou, melhor dizendo, todas as pessoas possuem características e inteligências diferentes. Tratar a todos com igualdade, respeitando e valorizando as diferenças é fundamental.(veja o que significa o sonambulismo infantil)
11. Há algum número que revele quem é mais precoce: meninos ou meninas?
Claudia: Algumas estatísticas revelam que meninos são mais precoces. Mas essa referência de precocidade diz respeito a um tipo de inteligência e habilidades valorizadas pelos paradigmas paternos, de uma sociedade cujos padrões masculinos recebem mais destaque. Entretanto, ao relativizarmos e reconsiderarmos a questão da precocidade em moldes mais abrangentes, veremos que meninos e meninas podem apresentar atitudes, habilidades e competências de forma precoce independentemente do sexo.
12. A precocidade tem uma idade mais comum de ser notada? Claudia: Normalmente é mais notada na idade escolar, em que a criança passa a ter contato com o com o conhecimento acadêmico. Mas hoje há crianças apresentando precocidade desde cedo, especialmente por conta dos estímulos externos cada vez mais acirrados presentes na sua formação.
13. Ignorar essa característica da criança traz que tipo de conseqüências para ela?
Claudia: A atitude de ignorar o que a criança traz como características, sejam elas quais forem, não são saudáveis. Crianças precisam ser legitimadas e valorizadas no que trazem como potencial a se desenvolver. (Super Nanny revela os truques para segurar as crianças)
14. Como fazer para que a criança não se torne anti-social? Claudia: Uma educação pautada em valores universais é sempre o melhor caminho. O respeito ao outro, às diferenças, aos valores de solidariedade e de reconhecimentos, de estímulo ao diálogo e à troca com o outro e ao coletivo é sempre o melhor caminho para a socialização.
15. Mesmo que ela seja tímida, é melhor cercá-la de amiguinhos?
Claudia: A dica é sempre deixá-la à vontade, ensinando a ela atitudes de bem viver e de respeito ao outro, sem pressionar. Mas, caso note que ela tem alguma dificuldade, vale tentar ajudar, sim. (contenha os ciúmes entre as crianças)
16. Como diferenciar uma criança precoce de uma superdotada? Claudia: A criança precoce tem habilidades e comportamentos acima da média e poderá se tornar superdotada, dependendo dos estímulos recebidos e de como essa precocidade for encarada pelos pais e pelos professores. A criança superdotada pode ser considerada aquela que possui altas habilidades para a aprendizagem nas esferas cognitivas, psicomotoras e sociais. A escola, por exemplo, considera superdotada a criança capaz de desenvolver os conhecimentos de forma harmônica e profunda. Nesse sentido, a escola tem que estar atenta e oferecer a ela uma aprendizagem rica em experiências e repleta de graus de complexidade compatíveis com as suas necessidades e potencialidades. Criatividade, liderança, dons artísticos e desempenho acadêmico notável são alguns dos sinais mais claros de uma competência acima da média.
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