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Um relatório publicado pela Organização Mundial de Saúde informa que o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes para cada mil meninas entre 15 e 19 anos. A taxa na América Latina e no Caribe é de 65,5 nascimentos, superada apenas pela África Subsaariana.
A análise mostra que a taxa mundial de gravidez adolescente é estimada em 46 nascimentos para cada 1 mil meninas de 15 a 19 anos, enquanto a taxa na América Latina e no Caribe é estimada em 65,5 nascimentos, superada apenas pela África Subsaariana, segundo o relatório
A América Latina e o Caribe são as únicas regiões do mundo com uma tendência ascendente de gravidez entre adolescentes com menos de 15 anos, segundo o UNFPA. A estimativa é de que, a cada ano, 15% de todas as gestações na região ocorram em adolescentes com menos de 20 anos e 2 milhões de crianças nasçam de mães com idade entre 15 e 19 anos.
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Em contrapartida, o relatório mostra que as taxas de gravidez entre adolescentes nos Estados Unidos e no Canadá estão abaixo da média mundial e caíram de forma sustentada durante a última década. Nos EUA, houve diminuição recorde da gravidez adolescente em todos os grupos étnicos, com uma queda de 8% entre 2014 e 2015, para um mínimo histórico de 22,3 nascimentos a cada 1 mil adolescentes de 15 a 19 anos.
De acordo com Carissa F. Etienne da OPAS (braço da ONU na América Latina), as taxas de fertilidade entre adolescentes continuam sendo altas e afetam principalmente as populações que vivem em condições de vulnerabilidade e demonstram as desigualdades existentes entre os países.
Além disso, ela completa dizendo que a gravidez na adolescência pode ter um efeito profundo na saúde das meninas durante a vida. "Não apenas cria obstáculos para seu desenvolvimento psicossocial, como se associa a resultados deficientes na saúde e a um maior risco de morte materna. Além disso, seus filhos têm mais risco de ter uma saúde mais frágil e cair na pobreza", declarou.
Cenário da gravidez adolescentes no Brasil
Apesar de o Brasil liderar ranking de números de gravidez na adolescência na América Latina, os números relacionados a esse cenário têm caído nos últimos anos. Dados do sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde houve uma redução de 17% na quantidade de bebês nascido de mães entre 10 e 19 anos.
A queda no número de adolescentes grávidas deve-se ao programa Saúde da Família do Ministério da Saúde que as aproxima dos profissionais de saúde, promove ações em educação sexual e direitos reprodutivos. Ademais, oferece mais acesso aos métodos contraceptivos, através da distribuição da pílula combinada e mini-pílula, anticoncepção de emergência, anticoncepcional injetável, diafragma, assim como preservativo feminino e masculino.
O ginecologista e obstetra Cláudio Basbaum explica que 66% das gravidez em adolescentes são indesejadas. Em geral, não é uma decisão voluntária ou consciente, sendo muito frequentemente, produto de violência e abuso, mas também por busca de afeto e curiosidade sexual. Está diretamente associada à iniciação cada vez mais precoce da vida sexual, falta de informação e desconhecimento de métodos contraceptivos eficientes.
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A gravidez na adolescência acontece com maior frequência entre jovens mais pobres, de cor negra e com menor escolaridade, tendo forte impacto negativo nas perspectivas futuras, tanto pessoais quanto profissionais, o que perpetua a pobreza e exclusão social.
Quando uma adolescente engravida, em geral ela é solteira, ainda imatura emocionalmente, sendo o casal despreparado para ter uma relação estável e poder criar uma criança. Esta incapacidade conduz a profundas repercussões negativas em todos aspectos da vida dos protagonistas.
Riscos da gravidez na adolescência
Do ponto de vista biológico, ter sempre em mente que uma gravidez na adolescência predispõe a riscos, tais como, maior índice de malformações, abortamento espontâneo, atrasos no desenvolvimento do feto, maior índice de parto prematuro, parto cesareana e outros, fato que nos autorizam estar com um olhar muito mais atento para que as gestações em adolescentes, sobretudo naquelas com menor faixa etária, como sendo potencialmente gestações de alto risco.
Em geral as adolescentes demoram muito para descobrir e/ou comunicar que estão grávidas, por ignorância, medo ou vergonha, negligenciando os cuidados com seu estado e retardando a busca de um acompanhamento pré- natal competente.
A incidência de doenças infecciosas, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), doença hipertensiva, doenças metabólicas (entre as quais o diabetes), são mais frequentes nesta população de jovens gestantes fazendo com que o risco de morte seja 5 vezes maior, em função das complicações, tanto na gravidez, quanto no parto ou no pós-parto.
Importância de falar sobre sexo com os filhos
A pediatra e especialista Minha Vida Andrea Hercowitz explica que a orientação sexual tem que acontecer de forma natural, acompanhando o surgimento das dúvidas e aproveitando as oportunidades do dia a dia.
Por isso é importante que os pais tratem o tema sem preconceitos. Ela explica que os pais mais ansiosos podem esperar os filhos demonstrarem interesse sobre o assunto. Isso porque ela acredita que dar informações muito cedo pode gerar confusão e/ou medos.
Como saber qual é a hora certa? Conhecendo seu filho você vai saber, seja através de perguntas que ele faça ou de mudanças de comportamento.