Graduada há mais de 10 anos em Medicina, em uma importante Universidade Pública do país (UFSC), a Dra Isis decidiu vir p...
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iManchas vermelhas e escamas secas na pele podem parecer preocupantes, mas essa condição é mais comum do que você imagina: estamos falando da psoríase.
A psoríase é uma doença crônica que afeta a pele, causando não apenas desconforto físico, mas também um impacto emocional muito grande. De acordo com uma pesquisa publicada pela Ipsos e encomendada pela biofarmacêutica Bristol Myers Squibb sobre o cenário da psoríase no Brasil, cerca de 81% das pessoas que vivem com a condição sofrem com baixa autoestima. Isso acontece devido ao preconceito e a falta de compreensão por parte da sociedade, o que pode aumentar ainda mais o estigma de conviver com a doença.
Embora não tenha cura, a psoríase pode ser controlada com uma abordagem de tratamento abrangente, que inclua desde cuidados tópicos até opções mais avançadas, como medicamentos orais e biológicos.
No entanto, a recente pesquisa "PR – Psoríase Moderada a Grave"*, da Ipsos, revelou que muitos pacientes, especialmente aqueles com formas moderadas a graves da doença, estão insatisfeitos com o controle das lesões. Isso mostra a importância de discutir diferentes abordagens com o médico para encontrar a melhor solução para cada caso. Agora, saiba mais sobre a psoríase do ponto de vista dermatológico:
Leia mais: Psoríase: sintomas indicam se você tem a doença - que pode ter diferentes graus
Entenda os sintomas e as causas da psoríase
A psoríase é uma condição dermatológica que pode causar desconforto e preocupação. Ela se manifesta através de manchas vermelhas e descamativas, que podem coçar, queimar e até causar dor. Essas lesões são mais frequentes no couro cabeludo, cotovelos, pernas e pescoço, afetando várias partes do corpo ao mesmo tempo.
Para se ter uma ideia, de acordo com a pesquisa já citada, 70% dos pacientes relatam coceira intensa e dor, enquanto outros 64% apresentam lesões inflamadas e 56% sofrem com a pele seca, que pode rachar ou até sangrar.
Mas o que leva ao surgimento dessa condição? Segundo a dermatologista Isis Vernoz, a psoríase é uma doença imunomediada com uma forte base genética, o que significa que, se alguém na sua família tem a condição, você pode estar em risco maior de desenvolvê-la. É importante ressaltar que, embora a predisposição genética desempenhe um papel significativo, fatores ambientais também podem atuar como gatilhos.
O estresse é um dos principais vilões nesse contexto, além de outros fatores, como tabagismo e alcoolismo, que também podem contribuir para o agravamento dos sintomas.
Embora os surtos da doença aconteçam entre duas a três vezes por ano, aproximadamente dois terços das pessoas diagnosticadas relatam conviver com os sintomas de forma constante, o que torna essa condição crônica¹. Ou seja, embora existam tratamentos que ajudam a controlar as crises, ainda não há uma cura definitiva. No entanto, é importante destacar: a psoríase não é contagiosa.
Conheça os graus da psoríase
A psoríase se manifesta em diferentes graus e a classificação de cada um deles reflete no percentual da área do corpo acometida e o impacto na qualidade de vida do paciente. Com base nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da psoríase¹ os três principais graus da doença são:
1. Psoríase Leve
Neste grau, as lesões cobrem menos de 3% da superfície corporal e, geralmente, não causam grandes impactos na rotina. A pessoa pode notar placas avermelhadas com descamação em áreas específicas, como cotovelos, joelhos ou couro cabeludo.
2. Psoríase Moderada
A psoríase moderada cobre entre 3% e 10% do corpo e já pode ter um impacto significativo na qualidade de vida, especialmente se as lesões estiverem em áreas visíveis ou que causem desconforto, como mãos e pés.
3. Psoríase Grave
No grau grave, mais de 10% do corpo está coberto pelas lesões. A condição passa a afetar muito mais a vida do paciente, tanto pelo incômodo físico quanto pelo impacto emocional.
O impacto físico e emocional da psoríase na vida dos pacientes
A psoríase é uma condição dermatológica que vai muito além das manchas visíveis na pele. Essa doença imunomediada não apenas afeta a aparência física, mas também causa um grande impacto na saúde emocional e mental dos pacientes. A dermatologista Isis Veronez destaca que, infelizmente, a psoríase é cercada de estigmas e mal-entendidos, o que pode agravar ainda mais o sofrimento dos pacientes que convivem com a doença.
“A psoríase tem um grande impacto psicológico e afeta significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Isso acontece tanto pelos sintomas, como as lesões palmo-plantares que dificultam diversas atividades laborais, quanto pelo aspecto estético das lesões — muitos pacientes sentem vergonha e, frequentemente, a psoríase é erroneamente confundida com uma doença contagiosa (o que não é)”, explicou a especialista.
Além do impacto social, a psoríase está intimamente relacionada à saúde mental. Isis também conta que muitos pacientes enfrentam níveis elevados de sintomas psiquiátricos e faz um pedido importante: “a desinformação da população sobre essa condição precisa ser combatida, pois pode provocar baixa autoestima e até levar a quadros graves de depressão”, ressaltou.
Tratamentos e cuidados com a pele para quem tem psoríase
Lidar com a psoríase pode ser desafiador, mas é importante enfatizar que existem diversos tratamentos e cuidados que podem ajudar a controlar essa condição e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A dermatologista Isis Vernoz compartilha algumas abordagens que podem ajudar nos cuidados da psoríase, tanto na parte física quanto emocional:
Mas lembre-se: cada caso é um caso. Por isso, para receber o tratamento adequado e seguro para o seu quadro de psoríase, procure o seu dermatologista.
Tratamentos tópicos
Para casos de psoríase mais leve, como placas isoladas, os cremes e pomadas são as primeiras alternativas. Tratar com medicamentos tópicos e a hidratação diária da pele com cremes, loções, pomadas, podem ser suficientes para quadros leves e que não impactam tanto a qualidade de vida do paciente.
Os hidratantes também são essenciais para manter a pele macia, conforme explica Isis: “O principal cuidado com a pele é mantê-la hidratada. Esses pacientes já apresentam a pele mais ressecada, e nada substitui o uso do hidratante no dia a dia”. Essa medida evita o ressecamento e ajuda a reduzir a inflamação e a descamação.
Fototerapia
A luz ultravioleta (UV) é uma das opções mais simples no tratamento da psoríase. A fototerapia é feita com o uso de lâmpadas específicas que emitem um tipo de luz que ajuda a diminuir a inflamação da psoríase. O paciente deve ir a um local que tenha os equipamentos da fototerapia semanalmente. Dependendo do caso, pode ser orientado ao paciente, a exposição solar por um curto período de tempo, questão de poucos minutos em horário específico
Cuidados diários
Além dos tratamentos, manter uma rotina de cuidados com a pele é fundamental. Além de medicamentos, o tratamento da psoríase deve incluir dieta balanceada e rotina de exercícios fisicos. A mudança do estilo de vida é importante tanto para a psoríase, como possíveis doenças metabólicas associadas, como diabetes e hipertensão.
Apoio emocional
Lidar com a psoríase vai além dos sintomas físicos. Isis explica que olhar para a saúde mental do paciente também é uma parte crucial no tratamento. A psoríase é uma doença que tem um grande impacto emocional na vida das pessoas, e por isso grupos de apoio são tão importantes. Esses grupos ajudam os pacientes a perceberem que não estão sozinhos. Além disso, a comunicação aberta com o médico e o acesso a informações confiáveis também são fundamentais para garantir um tratamento de sucesso.
A pesquisa realizada pela Ipsos reforça a importância de uma abordagem holística, que não só foque na eficácia dos medicamentos, mas também no bem-estar emocional e social do paciente. Além disso, o acesso a tratamentos eficazes são fatores essenciais para melhorar a adesão ao tratamento e a qualidade de vida de quem convive com a doença.
Medicamentos orais
Quando a psoríase se apresenta em formas moderadas a graves, tratamentos sistêmicos via oral podem ser indicados. Ele também pode ser conveniente, dependendo do estilo de vida e da preferência do paciente. Segundo a pesquisa Ipsos, a preferência por esse tipo de tratamento é grande entre os pacientes — 69% das pessoas preferem a administração oral.
Tendo em vista todos esses tratamentos, a dermatologista ressalta: “É importante que o paciente com psoríase, mesmo que leve, com poucas lesões, seja acompanhado pelo médico dermatologista, e não se automedique jamais, uma vez que muitos medicamentos usados para outros problemas de saúde podem piorar o quadro de psoríase”, afirmou Isis.
Tratamento biológico
Nos casos mais graves ou em pacientes que não respondem bem aos tratamentos convencionais, os medicamentos biológicos entram em cena. Esses medicamentos são administrados por injeções ou infusões laboratoriais, o que exige acompanhamento médico rigoroso.
Insatisfação no tratamento da psoríase
No entanto, também existe um outro lado dessa moeda: dependendo do caso, o protocolo de tratamento seguido pode não oferecer alívio total dos sintomas ou até desencadear outras queixas. A pesquisa Ipsos revelou que 62% dos respondentes estavam em um único tratamento desde o diagnóstico, muitos deles insatisfeitos com os resultados - 36% tem expectativa por tratamentos com maior eficácia -, o que evidencia a necessidade de explorar outras possibilidades¹.
No Dia Mundial da Psoríase, que foi comemorado em 29 de outubro, a Sociedade Brasileira de Dermatologia realizou uma live especial com o apoio da BMS, trazendo informações importantes sobre a doença e soluções para o tratamento. A transmissão está disponível no perfil da SBD para quem quiser assistir e se informar mais sobre o assunto.
Caso tenha alguma dúvida sobre o seu tratamento, procure um médico dermatologista, pois só ele tem a capacidade técnica para avaliar o melhor método de terapia para cada paciente.
Leia também: SUS ganha mais 4 medicamentos para tratamento da psoríase
*Referências:
1. Psoríase moderada a grave (pacientes), Estudo Qualitativo realizado para: Bristol Myers Squibb, IPSOS | Healthcare (Brasil, Junho de 2024).
2. https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/20211021_portaria_conjunta_pcdt_psoriase.pdf