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Sentir-se triste o tempo todo, falta de ânimo para fazer coisas que gosta e vontade de ficar sempre sozinho são apenas alguns dos sintomas de um candidato em potencial ao suicídio. Sendo considerado um grande problema de saúde pública, o combate ao suicídio tem se tornado, cada vez mais, uma prioridade aos governos.
Neste mês é realizada a campanha "Setembro Amarelo", de prevenção ao suicídio, que tem como objetivo alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo.
No Brasil, 11 mil pessoas em média tiraram a própria vida por ano. De acordo com o primeiro boletim epidemiológico sobre suicídio, divulgado hoje (21) pelo Ministério da Saúde, entre 2011 e 2016, 62.804 pessoas tiraram suas próprias vidas no país, 79% delas são homens e 21% são mulheres. Nesse período, a taxa de mortalidade por suicídio entre os homens foi quatro vezes maior que a das mulheres.
Contudo, as tentativas de suicídios são mais frequentes em mulheres. Das 48.204 pessoas que tentaram tirar a própria vida entre 2011 e 2016, 69% era mulheres e 31% homens. A proporção de tentativas de suicídio, de caráter repetitivo também é maior entre as mulheres. Entre 2011 e 2016, daqueles que tentaram suicídio mais de uma vez, 31,3% são mulheres e 26,4 são homens.
Entre 2011 e 2015, o número de suicídios cresceu 12%. Em 2011, foram 10.490 mortes: 5,3 a cada 100 mil habitantes. Já em 2015, foram 11.736 mortes: 5,7 a cada 100 mil. Os dados são do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) de 2017.
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O suicídio é a quarta maior causa de morte de brasileiros entre 15 e 29 anos, principalmente por agressões. No mundo, o suicídio é a segunda causa entre essa faixa etária.
No entanto, o problema atinge mais idosos. Segundo as informações divulgadas, a taxa de mortalidade por suicídio entre as pessoas com mais de 70 anos chega a 8,9 suicídios para cada 100 mil habitantes. O alto índice de suicido em idosos é observado em todo o mundo e pode ser associado a doenças crônicas, depressão e abandono familiar.
Outra informação preocupante é em relação à população indígena. A taxa de mortalidade entre os índios é quase três vezes maior, 15,2 por 100 mil habitantes, do que o registrado entre os brancos (5,9) e negros (4,7). A incidência é maior na faixa etária entre 10 e 19 anos, aproximadamente 40%.
Além disso, a proporção de óbitos por suicídio também foi maior entre as pessoas que não têm um relacionamento conjugal, 60,4% são solteiras, viúvas ou divorciadas e 31,5% estão casadas ou em união estável. Os dados também apontam que 62% dos suicídios foram causados por enforcamento. Entre os outros meios utilizados estão intoxicação e arma de fogo.
Apesar dos casos estarem espalhados por todo o Brasil, um dos fatos que mais chamam a atenção do Ministério da Saúde é a concentração de registros de suicídios em algumas áreas do país. Proporcionalmente, a região Sul é a mais afetada com 23% dos casos, embora responda por 14% da população brasileira.
No Sudeste, foram registrados 38% dos suicídios registrados no País. Os casos estão concentrados em municípios menores e de alta renda. Já a região Nordeste é a que tem a menor taxa no Brasil.
Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo é reduzir a mortalidade por suicídio em 10% até 2020, meta da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as ações que deverão ser realizadas, destacam-se a capacitação de profissionais, orientação para a população e jornalistas, a expansão da rede de assistência em saúde mental nas áreas de maior risco e o monitoramento anual dos casos no país e a criação de um Plano Nacional de Prevenção do Suicídio.
Fatores de risco e proteção
Entre os principais fatores de risco para o suicídio estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo, esquizofrenia; questões sociodemográficas, como isolamento social; psicológicas, como perdas recentes; e condições incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e neoplasias malignas.
Entretanto, o Ministério da Saúde ressalta que tais aspectos não podem ser considerados de forma isolada e cada caso deve ser tratado de forma individual. Para ajudar no tratamento, os serviços de assistência psicossocial tem papel fundamental na prevenção do suicídio.
De acordo com o boletim divulgado, nos locais que existem Centros de Apoio Psicossocial (CAPS), uma iniciativa do SUS, o risco de suicídio reduz em até 14%. Existem no país, 2.463 CAPS e, no último ano, foram habilitadas 146 unidades. O intuito é expandir essas unidades nas regiões de maior risco.
O Ministério da Saúde tornou gratuita a ligação para o Centro de Valorização da Vida, instituição que presta apoio emocional para prevenção de suicídios, em oito estados. A partir de 30 de setembro, a ligação para o 188 ficará disponível gratuitamente em: MS, SC, PI, RR, AC, AP, RO e RJ.