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A prática regular de esportes e atividades físicas pode trazer muitos benefícios à nossa saúde, incluindo bem-estar físico e emocional. Durante a atividade, o corpo libera endorfinas, hormônios responsáveis pela sensação de relaxamento; e também serotonina e norepinefrina, que atuam como antidepressivos naturais. Porém, a cavidade bucal é um ponto de atenção que pode sofrer lesões e traumas durante a prática de alguns tipos de esporte.
"Evidências científicas apontam que o choque entre competidores esportivos (seja cabeça com cabeça, cotovelo, pé ou joelho, por exemplo) e choque com equipamentos, em campo, quadra, piscina, ou com o solo são as principais causas de fraturas orofaciais", alerta a cirurgiã-dentista Neide Pena Coto, presidente da Câmara Técnica de Odontologia do Esporte do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
De acordo com o cirurgião-dentista Eli Luis Namba, coordenador da especialização em Odontologia do Esporte da PUC-PR e presidente da Academia Brasileira de Odontologia do Esporte, as principais lesões bucais que acometem os atletas são: traumatismos e fraturas dentárias, fraturas das tábuas ósseas da maxila e da mandíbula - que são as fraturas orofaciais - e lesões na mucosa, na gengiva e nos lábios.
Algumas lesões, envolvendo uma luxação ou fratura, podem ainda expor a polpa do dente e desencadear um processo inflamatório, gerando a necessidade de um tratamento de canal. Por isso, o uso correto de equipamentos de proteção é fundamental para minimizar os riscos, tanto em atletas profissionais quanto em amadores.
As lesões orofaciais não ocorrem apenas em situações de contato de direto, mas também quando há extremo esforço muscular, causando o apertamento dos dentes: "a única maneira de evitarmos os traumatismos dentários e orofaciais e minimizarmos esses traumas durante a prática de esportes é utilizando o protetor bucal", defende o cirurgião-dentista Eli Luis Namba.
Abaixo, os especialistas explicam por que o acessório é tão importante e como escolher o modelo ideal.
Quando usar protetores bucais
O protetor bucal deve ser utilizado apenas em algumas circunstâncias? De acordo com a cirurgiã-dentista Neide Pena Coto, eles devem ser utilizados durante a prática de qualquer tipo de esporte, com ou sem contato, em todas as oportunidades. Em alguns tipos de lutas, por exemplo, eles são obrigatórios.
Além disso, vale lembrar que cada modalidade esportiva requer um protetor bucal diferente, desenvolvido para minimizar os riscos de traumatismos dentários e orofaciais mais comuns daquela atividade. Os protetores bucais para lutas, por exemplo, costumam ser diferentes dos protetores destinados a maratonistas.
"O ideal é a confecção de um protetor direcionado para aquela modalidade. Para os esportes de luta, que têm impacto direto, são feitos protetores para minimizar as forças deste impacto. Já os tenistas, por exemplo, muitas vezes utilizam protetores para minimizar o apertamento dos dentes, assim como os praticantes de Crossfit e os corredores", explica o cirurgião-dentista Eli Luis Namba.
Qual o protetor bucal ideal?
A especialista Neide Pena Coto afirma que o protetor bucal ideal deve ser confeccionado pelo cirurgião-dentista sob medida para quem o usa. Por isso, não é recomendado adquirir protetores bucais disponibilizados em lojas e magazines.
"A confecção do protetor bucal precisa respeitar normas internacionais de espessura e limites. Ele deve ser confeccionado em material indicado que possua capacidade de absorver e dissipar energia do impacto recebido durante um golpe. Além de apresentar retenção no arco dental e deixar freios e bridas livres, o protetor bucal deve ter resistência, flexibilidade e ser de fácil adaptação. Ele também deve permitir a fala, a respiração e a ingestão de líquidos. Em estudo recente foi observado que sua espessura deve variar entre 3 a 4 milímetros", explica a cirurgiã-dentista.
Eli Luis Namba concorda que o uso de protetores bucais pré-fabricados é contraindicado e alerta para o risco de fraturas da mandíbula, devido à má adaptação do acessório entre os dentes superiores e inferiores. Além disso, protetores genéricos podem prejudicar o desempenho dos atletas.
"Várias pesquisas demonstram que os protetores individualizados não interferem na respiração e consequentemente na performance do atleta. Já os protetores pré-fabricados podem diminuir em até 30% a troca gasosa em atividades aeróbicas, o que pode comprometer o rendimento do atleta. Além disso, esse tipo de protetor pré-fabricado pode gerar um contato primário nos dentes posteriores, alterando a posição da mandíbula. O que vale a pena é fazer um investimento nos protetores individualizados", reforça.
Usar protetor bucal apenas na arcada superior é suficiente?
É comum vermos atletas usando protetores bucais apenas na arcada dentária superior. Segundo Neide Pena Coto, o arco superior é normalmente escolhido para o uso do equipamento pois está presente no esqueleto fixo da face e na delimitação do protetor; dessa forma, a energia do impacto é dissipada para zona de resistência da face.
"Geralmente indicamos o uso dos protetores bucais apenas na arcada superior porque anatomicamente a proteção superior termina automaticamente protegendo os dentes inferiores. Estes apresentam um posicionamento um pouco mais para trás, o que já os protege de alguns traumas diretos e indiretos. Também temos o nosso queixo, que é uma base óssea que ajuda na proteção desses dentes durante o traumatismo", complementa Eli Luis Namba.
Independentemente da sua necessidade, lembre-se que a consulta com o dentista é fundamental para planejar o desenvolvimento de um modelo de protetor bucal adequado para a sua prática esportiva e cavidade bucal.