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O que normalmente se espera de um ciclo menstrual é que ele dure 28 dias e a ovulação ocorra no meio desse período, ou seja, no 14º dia. Para muitas mulheres, no entanto, não é assim que funciona: por terem o ciclo naturalmente mais longo ou estarem passando por situações que mexem com os hormônios, a ovulação "atrasa" um pouco em relação a essa expectativa. É o que se chama de ovulação tardia.
Na verdade, tudo é uma questão de entender o ritmo do corpo. "Nas situações de ovulação tardia, o ciclo é alongado e tem de 32 a 35 dias em vez dos 28 tradicionais, e então a ovulação acontece por volta do 20º dia", explica o ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana Ricardo Luba.
Isso significa que a ovulação ocorre no momento esperado - aproximadamente no meio do ciclo -, mas dentro de um contexto de intervalo maior.
Causas da ovulação tardia
Além do ciclo menstrual naturalmente mais longo mencionado anteriormente, algumas doenças ou condições físicas podem esporadicamente impactar no ciclo e, consequentemente, tornar a ovulação tardia em alguns meses - não obrigatoriamente em meses seguidos e também sem previsão de término dessa situação irregular.
Luba menciona ovários policísticos, hipotireoidismo, uso de esteroides e tratamento quimioterápico. A ginecologista, obstetra e cirurgiã Ana Carolina Lucio Pereira acrescenta o estresse como motivador de mudanças na duração do ciclo menstrual e da ovulação, assim como alterações tireoidianas em geral e período de amamentação.
Diante desses desvios do padrão, mesmo a mais regulada das mulheres pode ovular tardiamente vez ou outra: todas as mulheres em idade fértil estão sujeitas a isso.
Quanto ao processo físico desencadeado por todos esses fatores, Marcelo Afonso Gonçalves, ginecologista e obstetra coordenador da histeroscopia do Femme - Laboratório da Mulher, explica: trata-se de uma disfunção entre o eixo da hipófise e os ovários.
Sintomas da ovulação tardia e como diagnosticar?
Por não se tratar de uma doença e, sim, de uma situação que pode tanto ocorrer e passar a qualquer momento quanto acompanhar a mulher durante toda sua vida fértil, a ovulação tardia não é diagnosticada por meio de exames. O que se faz é observar os sinais do corpo para perceber se o ciclo menstrual está alongado e a ovulação, consequentemente, ocorrendo depois do 14º dia.
Os sintomas são os clássicos de qualquer ovulação: mudança no muco cervical, maior desejo sexual, irritabilidade, dor em um dos lados da região pélvica, aumento da oleosidade da pele e dos cabelos e sensibilidade nas mamas.
Para ajudar as mulheres que estejam com ciclos menstruais longos e queiram saber direitinho os dias em que ovulam - com o objetivo de aumentar as chances de engravidar ou, pelo contrário, evitar uma gestação indesejada -, os especialistas recomendam o uso de testes de controle de ovulação vendidos em farmácia.
Em casos excepcionais, Pereira esclarece que podem ser realizados ultrassom transvaginal e provas hormonais para confirmar a ovulação tardia.
Ovulação tardia x gravidez
Nenhuma mulher se torna infértil ou tem menos chances de engravidar por causa de ovulações tardias - desde que entenda que seu ciclo é mais longo e não espere pela ovulação no 14º dia. "Quando a mulher está atenta, pode diagnosticar a demora na ovulação e reconhecer precocemente os fatores que podem atrapalhar na tentativa ficar grávida", afirma Pereira.
Tomando as providências explicadas acima e sabendo exatamente quando ovula, basta se programar para fazer sexo nesses dias e ter as mesmas probabilidades de engravidar que qualquer mulher com ciclo menstrual regular no padrão de 28 dias. A gravidez pode ocorrer naturalmente sem nenhum contratempo.
É possível ajustar o ciclo menstrual para o padrão?
Sim, é possível. Caso a mulher deseje e suas condições físicas permitam, o médico ginecologista pode receitar uma pílula anticoncepcional que ajuste o ciclo menstrual para 28 dias (isso, naturalmente, impedirá uma gestação) e também prescrever o uso de indutores de ovulação (caso a mulher queira engravidar).
