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A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou na manhã desta quarta-feira (15) a segunda morte em decorrência da síndrome nefroneural - doença "misteriosa" relacionada à contaminação por substâncias tóxicas que foram encontradas em garrafas da cerveja Belorizontina.
De acordo com reportagem do jornal Estado de Minas, a vítima é Antônio Márcio Quintão de Freitas, de 76 anos, que estava internado no hospital Mater Dei, em Belo Horizonte. O corpo será encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) da capital mineira.
Nesta quarta, também foi notificado outro caso suspeito na cidade de Araxá, que ainda não entrou na lista da Secretaria de Estado de Saúde. Ao todo, já foram listadas 17 ocorrências da síndrome nefroneural. Todos os pacientes deram entrada em hospitais com quadro de insuficiência renal aguda e alterações neurológicas.
Substância tóxica em cerveja
As autoridades ainda investigam a causa da doença. A principal hipótese, por enquanto, é de que os pacientes tiveram uma forte intoxicação após o consumo de cerveja contaminada com dietilenoglicol.

A substância química foi encontrada em alguns lotes da cerveja Belorizontina, fabricada pela empresa Backer, na região de Belo Horizonte (MG). Familiares confirmaram a ingestão da bebida por alguns pacientes. Devido à perícia, a fábrica se encontra interditada e com fabricação suspensa.
Além da segunda vítima, Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos, também não resistiu aos efeitos da doença e morreu no início de janeiro. Após necrópsia, a Polícia Civil divulgou laudo que confirmou a presença de dietilenoglicol no sangue da vítima. Exames apontaram que outros três pacientes também apresentaram a substância no organismo.
Recall de cervejas
Após a divulgação de laudos preliminares, a Polícia Civil anunciou o recolhimento de, ao menos, três lotes do rótulo Belorizontina em residências e comércios. São eles: L1 1348, L2 1348 e L2 1354. Diferente dos outros dois, o terceiro apresentou em sua composição uma quantidade de monoetilenoglicol, elemento similar ao dietilenoglicol.
O monoetilenoglicol costuma ser mais barato e menos tóxico para a produção de cervejas. Seu uso foi confirmado pela cervejaria Backer em tanques de resfriamento, mas a empresa nega a utilização de dietilenoglicol na fabricação de suas bebidas.
Em pronunciamento oficial, a diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, emitiu uma recomendação para que ninguém beba cervejas de nenhum lote da Belorizontina até que as investigações sejam totalmente concluídas. A orientação vale também para a Capixaba, que é a mesma cerveja, mas vendida com outro rótulo para os consumidores do Espírito Santo.
Diante da gravidade do cenário, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) intimou a Backer a fazer um recall das garrafas de todas as suas marcas comercializadas entre outubro de 2019 e 13 de janeiro de 2020. Atualmente, a cervejaria conta com 21 rótulos.
Mesmo sem confirmar a presença das substâncias tóxicas em cervejas de outros rótulos da empresa, o órgão público ordenou a suspensão da comercialização dos produtos da Backer até que seja descartada a possibilidade de contaminação em outras marcas e lotes.
Sintomas da síndrome nefroneural
Os principais sintomas, apresentados por todos os pacientes de síndrome nefroneural, são:
- Insuficiência renal aguda e de rápida evolução (menos de 3 dias)
- Náusea
- Diarreia
- Vômito
- Vista borrada
- Cegueira parcial ou total
- Paralisia progressiva
Se você reside em MG ou esteve na região próxima a Belo Horizonte a partir da última semana de dezembro e tem apresentado os sintomas descritos, procure imediatamente o pronto-socorro mais próximo e contate a Polícia Civil.
ERRATA: Este conteúdo foi atualizado e corrigido com informações oficiais divulgadas nesta quarta-feira (15 de janeiro).
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