Adriana é graduada em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC com residência em Obstetrícia - Ginecologia e especiali...
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Um levantamento inédito realizado pelo Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), a pedido da Pfizer, mostrou que 48% das pessoas que não completaram o esquema vacinal contra a COVID-19 ainda têm medos associados à doença.
O principal temor, de acordo com a pesquisa, é em relação ao surgimento de novas variantes e à retomada de medidas restritivas (24%). Esse receio é maior entre as mulheres (28%) e nos jovens de 18 a 24 anos (também 28%). No entanto, perde força entre os mais velhos, com idade entre 45 e 59 anos (19%).
Por outro lado, 20% acreditam que “o pior já passou”, mas também estão convictos de que as vacinas “podem nos proteger caso tenhamos uma nova onda de COVID-19”. Apenas 15% afirmam categoricamente que “não têm medo de pegar” a doença, porque a pandemia “já acabou”.
A pesquisa feita pelo Ipec, a pedido da Pfizer, teve o objetivo de compreender o comportamento dos brasileiros que não completaram o esquema de vacinação contra a COVID-19 ao longo da pandemia. Para isso, foram entrevistados 1.840 adultos de 18 a 59 anos, que ainda não completaram o esquema vacinal, ou seja, receberam três ou menos doses do imunizante.
Paradoxo sobre a vacinação contra COVID-19
Os dados mostram um cenário paradoxal vivido no Brasil em relação à vacinação contra a COVID-19: muitos consideram a imunização essencial para a proteção contra a doença, mas ainda não completaram o esquema vacinal.
Segundo o levantamento, 86% dos que não se vacinaram por completo consideram os imunizantes importantes para proteger os adultos e 82% consideram o mesmo em relação às crianças. Em relação à segurança, 78% consideram as vacinas seguras para adultos, enquanto 75% consideram o mesmo para crianças.
“A imunização continua a ser a principal forma de prevenção contra casos graves de COVID-19, contribuindo para reduzir o risco de morte e o número de hospitalizações. Não podemos esquecer que mais de 700 mil pessoas morreram no Brasil por causa da doença até o momento e que, desde o início das campanhas de vacinação, a mortalidade começou a diminuir drasticamente na população em geral”, diz Adriana Ribeiro, diretora médica da Pfizer Brasil.
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Da amostra entrevistada para o levantamento, apenas 7% dos respondentes afirmam não confiar nas vacinas contra a COVID-19 e consideram que elas são pouco ou nada importantes. Em contrapartida, uma grande parte dos entrevistados (45%) tem consciência de que não estão totalmente protegidos por não terem completado o esquema vacinal.
Desses, 32% alegam que não conseguiram tomar todas as doses, enquanto 13% afirmaram que, como a emergência de saúde acabou, deixaram de se preocupar com as vacinas. “Em maio deste ano, a Organização Mundial de Saúde decretou o fim da emergência de saúde pública para a COVID-19, mas a importância de mantermos a prevenção permanece, uma vez que a doença continua causando internações e óbitos, com mais de 13 mil mortes apenas neste ano”, alerta Adriana.
O que levaria esse grupo a retomar a vacinação contra COVID-19?
Apesar de considerarem a vacinação importante, 25% dos entrevistados completariam o esquema vacinal apenas se houvesse um novo aumento de casos ou o retorno do estado emergencial de saúde. Além disso, 11% afirmaram que só tomariam as doses de reforço faltantes se houvesse obrigatoriedade.
Do total dos entrevistados, 20% afirmaram que “nada” faria com que retomassem a vacinação contra COVID-19. De acordo com o levantamento, essa rejeição é mais forte entre os menos instruídos e com menor renda familiar.
Por outro lado, diante de uma nova onda de COVID-19, 72% dos entrevistados concordaram que iriam se vacinar imediatamente. Para Alexandre Naime Barbosa, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), essa preocupação é legítima, principalmente quando se diz respeito ao surgimento de novas variantes.
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“Algumas variantes se disseminam mais rapidamente do que outras, o que pode levar ao aumento de casos e agravamentos ligados à doença. Essa é uma situação preocupante especialmente em períodos de maior aglomeração de pessoas, o que inclui as festividades do fim de ano”, explica.
Informação e COVID-19: cenário atual e próximos desafios
Uma pequena parcela dos entrevistados (5%), afirmou que receber mais informações sobre campanhas de vacinação poderia impactar na decisão de atualizar a proteção contra a COVID-19. Isso mostra a importância da divulgação de informações confiáveis sobre a vacinação.
Inclusive, 67% classificam as informações disponíveis sobre a vacina para COVID-19 como “fáceis” ou “muito fáceis de entender”. No entanto, duas em cada três pessoas entrevistadas acreditam em pelo menos uma das fake news mais comum sobre o tema - dessas, 70% afirma que a decisão de continuar ou não a se imunizar contra a COVID-19 foi influenciada em algum grau por essas informações.
“A informação em saúde é a melhor forma de lutar contra as doenças. Sem ela, nenhum medicamento ou vacina vai funcionar”, opina Alexandre. “É preciso fazer um trabalho de formiguinha, ir derrubando as fake news com muita insistência e fazer as pessoas entenderem que a melhor maneira de evitar uma nova onda de COVID-19, da qual elas têm medo, é se vacinando”, completa.