Neurologista do Hcor. Doutorado em Neurologia pelo UCL Queen Square Institute of Neurology, Londres, Reino Unido, fellow...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iO Alzheimer é uma doença que afeta a realidade de várias famílias no mundo inteiro. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International, os números de casos da doença poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050, devido ao envelhecimento da população.
Os dados são bem preocupantes, mas uma descoberta recente animou os estudos voltados para essa doença. Um grupo de cientistas brasileiros descobriu que os macacos-prego também podem desenvolver Alzheimer e essa revelação abre portas para um novo campo de estudo, sendo uma peça fundamental na busca pela cura da doença.
Para esclarecer melhor sobre esse tema, o MinhaVida entrevistou Pedro Melo Barbosa, neurologista da Saúde Digital do Grupo Fleury, que apontou as vantagens desse estudo para o tratamento da doença.
Macacos-prego também têm Alzheimer: saiba mais sobre esse estudo
Durante o estudo, os pesquisadores analisaram o cérebro de três macacos-prego-amarelos, que morreram aos 9, 29 e 33 anos, respectivamente. Nos primatas mais velhos, os exames detectaram a presença de dois marcadores típicos do Alzheimer: o acúmulo de proteínas beta-amiloide, que ocupam o espaço entre os neurônios, e TAU, que invadem o interior das células nervosas.
Pedro explica que a perda dessas células que compõem o cérebro leva à progressão dos sintomas típicos da doença, como: “Comprometimento da memória recente, dificuldade de se orientar em ambientes conhecidos, se perder em lugares novos e a diminuição da fala”.
O neurologista aponta que quanto mais estudamos, mais descobrimos que algumas doenças neurodegenerativas não são exclusivas do ser humano e que, além dos macacos-prego, o Alzheimer já foi mostrado em chimpanzés e em outros primatas. Pedro revela que isso é recorrente porque esses animais compartilham de muitos traços genéticos com os seres humanos.
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Como os macacos-prego podem ajudar na cura do Alzheimer?
Ao estudar esses animais, os pesquisadores poderão observar de perto os estágios iniciais da doença e suas manifestações, algo que muitas vezes é difícil de ser feito em seres humanos, conforme explica o neurologista.
“Sabendo que os primatas têm Alzheimer, podemos estudar melhor a doença e usá-los como cobaia de forma ética, sem atingir nenhum primata que esteja em risco de extinção. Isso é essencial para tentar entender a doença, diagnosticar e testar tratamentos”, esclareceu.
Até o momento, não foi encontrada nenhuma cura para o Alzheimer, mas é possível tratar os sintomas com o uso de algumas medicações.
Tratamentos disponíveis para o Alzheimer
Existem remédios que ajudam no tratamento do Alzheimer, mas eles atuam somente em alguns sintomas específicos da doença e não são capazes de interromper a sua progressão. “Esses remédios tentam melhorar um pouco a função cerebral, aumentando a quantidade de um tipo de neurotransmissor na química cerebral”, esclareceu o neurologista.
Dentre os medicamentos, o Ministério da Saúde recomenda o uso da Rivastigmina, adesivo transdérmico utilizado para tratar a demência causada pelo Alzheimer. Este tratamento está disponível nas unidades de saúde de todo Brasil e faz parte do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), que também inclui o uso de outros remédios, como: Donepezila, Galantamina e Memantina.
Recentemente, foi aprovado nos Estados Unidos uma droga capaz de "limpar" a beta-amiloide do cérebro, podendo resultar em uma melhora cognitiva para o paciente com Alzheimer. No entanto, esse medicamento é caro e seu uso bastante limitado, sendo indicado em casos iniciais, quase assintomáticos, cujo diagnóstico é bastante desafiador. Essa medicação ainda não está liberada no Brasil.
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