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Mesmo quem não gosta ou tem dificuldade de praticar exercícios, vai se surpreender com elas. As faixas elásticas estão cada vez mais populares e servem como um acessório multiuso tanto para os treinos de alongamento como para os treinos de resistência muscular. Muito usadas nas aulas de pilates, elas ajudam a desenvolver a consciência corporal (trabalho essencial para otimizar resultados em qualquer atividade física).
"Os exercícios com as faixas atendem a todos os níveis de alunos, porque é possível mudar os movimentos e porque existem faixas com elasticidades diferentes", afirma a professora Alice Becker, responsável pela Physio Pilates e especializada no uso dos elásticos.
Na entrevista que você acompanha abaixo, ela explica como usar os acessórios na sua prática física, seja na academia ou em casa, só. Você encontra as faixas em lojas de material esportivo e elas custam de R$ 50 a R$ 100, em média.
A faixa substitui os pesos em treinos de resistência muscular?
Até certo ponto, pois a resistência do elástico é bem mais limitada em termos de carga, se comparada à dos pesos.
Como os elásticos ajudam no trabalho de consciência corporal?
O elástico é uma alternativa eficiente e mais acessível do que os aparelhos, por isso pensamos nele como alternativa no pilates. Mas, pelo menos no início, o acompanhamento de um professor é fundamental para que o aluno entenda as limitações do corpo e passe a desafiá-las.
Pessoas que nunca treinaram têm mais dificuldade no uso da faixa?
Não, necessariamente. O uso da faixa pode facilitar a compreensão e execução de muitos dos exercícios. Para outros, ela desafia. A faixa é um instrumento de apoio à aprendizagem, podendo ser utilizada pelo aluno como assistência ou resistência aos movimentos. Uma pessoa com dificuldade de alongamento pode contar com as faixas como apoio, para ir soltando a musculatura.
Quantos tipos de faixa existem? No que consiste a variação entre eles?
A depender da marca, elas vêm em cores e espessuras diferentes. Normalmente, cada cor corresponde a uma espessura de elástico e, consequentemente, a uma resistência, uma tensão maior ou menor.
A flexibilidade é mais bem trabalhada com o apoio da faixa do que livremente?
Sim, a faixa sustenta o peso dos membros em diversos exercícios e provoca uma tensão entre as partes do corpo, ajudando no alongamento dos músculos. Muitas vezes, também, ao oferecer resistência a um determinado grupo muscular, ela promove o alongamento do grupo muscular antagonista (aquele que faz o movimento contrário ao grupo que está fazendo o esforço contra o elástico), num trabalho mais complexo.
A faixa solicita músculos difíceis de trabalhar em outras circunstâncias?
Sim, pois muitas vezes ela sustenta parte do peso do corpo contra a gravidade, permitindo que pequenos músculos muito importantes para a estabilização, a organização corporal e a mobilização segmentada de articulações ativem-se (enquanto outros relaxam). Um exemplo claro disso é o do exercício Roll Down:
Uma pessoa sentada com as pernas estendidas, vai descer a coluna ao solo lentamente, colocando cada ossinho da coluna (vértebras) de baixo para cima na coluna (da lombar até a torácica) no solo, até deitar. Se a pessoa está segurando com as mãos um elástico que está preso na maçaneta da porta (porta fechada, trancada), por exemplo, ele vai ajudar a diminuir o peso do corpo contra a gravidade.
Isso facilita o movimento segmentado de rolamento para baixo até deitar, diminuindo a ação dos flexores do quadril e permitindo uma ação mais efetiva dos abdominais e um relaxamento de músculos das costas (extensores). Assim, a coluna dobra-se para rolar para baixo com muito menos esforço e gasto energético, pois distribui as forças por todas as articulações.
Há alguma restrição ao uso da faixa? Pessoas com lesões podem usar?
A faixa tem o inconveniente de cansar as mãos, por isso desenvolvi muitas formas diferentes de segurá-la com outras partes do corpo (prendendo no tornozelo, por exemplo. É preciso ter cuidados para não sobrecarregar os punhos (evite mantê-los dobrados. O ideal é que os punhos formem uma linha reta com o antebraço).
O uso de um espelho na hora de realizar os movimentos pode ajudar?
O espelho mostra claramente o que precisa ser trabalhado ou corrigido. O lado negativo do uso do espelho é quando este é utilizado de forma indiscriminada, atrapalhando a propriocepção, que é a percepção interna que temos do corpo no espaço (tanto a postura quanto a organização entre as partes durante os movimentos). Quando o aluno torna-se dependente do espelho para perceber esta organização, o benefício desaparece.
Como a faixa trabalha o equilíbrio?
Sendo um assistente ao controle excêntrico dos músculos e também na aquisição da consciência corporal, de postura e alinhamento adequados, da integração entre as partes do corpo, da fluência de movimentos, da propriocepção, da distribuição de forças entre partes do corpo. Outro elemento fundamental ao equilíbrio (que o pilates, especialmente, promove) é dosar a quantidade de força utilizada para movimentar-se.
E no que este tipo de exercício ajuda no dia-a-dia?
Em tudo relacionado ao uso do corpo. Desde sentar e caminhar melhor, até executar atividades de alto esforço físico, complexidade e dificuldade.
Quantas vezes por semana é recomendado treinar com a faixa?
A média de prática das pessoas é duas vezes por semana, uma hora de aula. Mas eu acredito que o ideal é a prática diária, mesmo reduzindo a carga horária. Exercitar-se, movimentar o corpo de forma adequada, é tão importante para a saúde do ser humano como um todo, quanto comer, dormir, fazer higiene pessoal. O exercício oferece às estruturas corporais o alimento, o descanso e a limpeza de que elas necessitam para viver com saúde. Esta troca química e energética que acontece quando nos movemos com qualidade.
Saiba mais sobre Pilates: http://www.physiopilates.com