A estação mais alegre do Hemisfério Sul chegou. Apesar de já estarmos vivenciando o horário de verão em alguns estados e as chuvas insistirem em permanecer, o verão já traz dias mais longos, noites mais curtas e, sobretudo, a necessidade de respeitar e aprender a conviver de forma saudável com os raios ultravioletas (UV). Eles chegam à Terra com maior intensidade neste período.
A exposição do corpo aos raios UV é maior no verão e precisamos estar atentos a este fato com relação à pele e aos olhos, as partes do corpo que mais sofrem com os efeitos nocivos dos raios solares.
Existe uma escala meteorológica que mostra, quanto mais alto o índice ultravioleta, maior o risco de danos à pele e aos olhos. Até pouco tempo, os alertas sobre o excesso de exposição à radiação solar eram feitos para a pele, mas os efeitos nocivos do excesso de exposição vão além. O Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) disponibiliza no site (http://satelite.cptec.inpe.b/uv/) a previsão atualizada em uma escala de radiação de raios ultravioleta sobre as regiões e cidades brasileiras. Com estas informações é possível avaliar o grau de proteção necessário a cada dia.
Quando o índice for menor do que 2, de acordo com a orientação do site e da Organização Mundial da Saúde, não é necessário precauções. A faixa entre 3 e 7 requer cuidados como procurar um local à sombra para ficar ao ar livre, principalmente em horário próximo ao meio-dia, e usar boné e protetor solar. Quando o índice for superior a 8, as medidas de proteção deverão ser extremas, como evitar o sol ao meio-dia, permanecer na sombra, usar camiseta, boné, óculos de sol com proteção UVB e protetor solar.
Os danos causados pela exposição à radiação ultravioleta vão desde a já conhecida queimadura da pele, às fotoalergias, além do envelhecimento precoce da pele, podendo chegar ao câncer de pele, à catarata e à cegueira.
Os cuidados são fáceis, não requerem esforços, apenas atenção. É muito importante, por exemplo, observar se a lente dos óculos possui a indicação de filtro. Os melhores óculos são os que apresentam um filtro com 100% de proteção contra a radiação UVA e UVB.
Acontece que quando usamos óculos escuros a pupila abre-se e é maior a quantidade de luz que penetra em nossos olhos. Se as lentes escuras são desprovidas de filtro UVA e UVB, os neurônios da mácula ? área da retina responsável pela visão central - sofrem danos irreversíveis. Hoje, 25% da população com mais de 75 anos de idade apresentam algum grau de degeneração macular, há casos que chegam à cegueira da visão central.
O efeito da incidência dos raios UV nos olhos aparecem a longo prazo. Então, descuidos na proteção dos olhos na infância, ou na juventude podem acarretar danos na vida adulta e a partir dos 60 anos de idade.
Entre os problemas visuais que podem surgir ou ser acelerados por falta de proteção aos olhos diante da intensidade da luz e do nível de radiação, a catarata precoce, o pterígio e a lesão da mácula na retina são os mais frequentes.
- A catarata precoce caracteriza-se pela opacificação do cristalino (lente natural do olho) antes dos 40 anos de idade. O único tratamento existente é a cirurgia de substituição do cristalino por uma lente intra-ocular.
- O pterígio aparece como um tecido que se desenvolve sobre a córnea e deixa a visão borrada. O paciente fica com a sensação permanente da existência de um corpo estranho nos olhos. Está diretamente relacionado à exposição dos olhos aos raios solares. O tratamento também é cirúrgico.
- A lesão da mácula nesses casos pode ser consequência de uma queimadura pela exposição em ambiente extremamente claro. A mácula é a parte mais sensível da retina, é onde se forma a visão central, responsável pela percepção do detalhe.
Fonte: Canrobert Oliveira, é diretor do departamento de refração do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB).
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