
Redação formada por jornalistas especializados em alimentação, beleza, bem-estar, família, fitness e saúde.

Segundo cientistas da Universidade de Melbourne, animais de estimação podem fazer bem para a saúde das crianças. Depois de fazer uma pesquisa com aproximadamente 8.500 adultos da Europa e Austrália, eles descobriram que as crianças que foram expostas a animais até os cinco anos de idade tiveram menores taxas de alergia nasal na adolescência.
Para o estudo, os cientistas focaram nas pessoas que cresceram em torno de animais domésticos ou rurais, e que sentiam incômodo no nariz, coceira nos olhos e dor de garganta - sintomas que afligem quem sofre de alergias nasais.
Mais de um em cada quatro entrevistados disse ter alergia nasal. Na maioria dos casos, as alergias começaram na adolescência. Outros fatores foram associados a um maior risco de alergia, como histórico familiar e mães fumantes durante a gravidez.
A equipe também descobriu que crianças pequenas que conviviam com irmãos ou com outras crianças em uma creche, por exemplo, tinham menores riscos de alergia nasal. Quanto maior a convivência com outras crianças, menor a chance de desenvolver o problema no futuro.
Os cientistas observaram um padrão semelhante entre as pessoas que cresceram em uma fazenda ou tiveram animais de estimação antes dos cinco anos. As chances de ter alergias nasais na adolescência eram 30% menores em quem cresceu em fazenda, e 15% menores entre quem teve um cão ou gato.
Além disso, as pessoas que tinham ambos - irmãos e animais - tiveram taxas de alergia ainda menores em comparação com quem viveu somente uma ou outra experiência.
Os resultados foram consistentes nos 13 países pesquisados, apesar das diferenças de animais e fazendas entre os países.
Os pesquisadores tiveram informações somente sobre a exposição a animais antes dos cinco anos, por isso, não sabem se conviver com eles em uma idade mais avançada teria qualquer efeito sobre o risco de alergia.
Os autores do estudo também afirmam que, embora os resultados sejam promissores, seria prematuro sugerir que os pais comprem animais ou tenham mais filhos.
Adotar um animal faz bem ao corpo e à alma
Já está provado que a companhia de um bicho pode trazer inúmeros benefícios. Outro estudo, realizado pelo Departamento de Psicologia Experimental da USP, mostrou que o convívio com um pet fortalece o sistema imunológico de crianças e adultos, diminui os níveis de estresse e incidência de doenças comuns, como resfriados, por exemplo. "Os animais nos ensinam a cuidar do próximo, ter responsabilidade, dar sem esperar nada em troca, e mostram o que é o amor incondicional. Muitas vezes não conseguimos esse tipo de relação com outros seres humanos, pois os laços podem ser recheados de interesse. Com os bichos podemos aprender a nos relacionar melhor e colocar isso em pratica com outras pessoas", afirma a psicóloga Cecília Zylberstajn.
E as vantagens não param por aí. "Pesquisas mostram que pessoas que têm cães, por exemplo, apresentam menos problemas de saúde. A causa disso é um estilo de vida menos sedentário. Ao levar o animal para caminhar, a pessoa se exercita diariamente e tem maior bem-estar", complementa Cecília.
A veterinária Vanessa Requejo, da CãoMinhando, diz que ao acariciar e se divertir com o bicho, um adulto libera endorfina, que ajuda a aliviar o estresse. Já os passeios e caminhadas dão condicionamento físico.O convívio com animais pode fazer toda a diferença na infância. A veterinária explica que se há o contato desde cedo, a criança dificilmente será alérgica aos pelos e à saliva dos bichos, será mais ativa, aprenderá sobre responsabilidade e ficará mais madura ao saber sobre doenças e morte de seus pets.
Já os idosos sentem-se mais úteis com a responsabilidade de cuidar de um animal de estimação. "Um idoso se sente mais vivo na companhia dos bichos. O fato de terem animais faz com que a solidão não seja um fardo", conclui Vanessa Requejo.
Só quem tem um amigo de estimação sabe o que é chegar em casa e ser bem recebido mesmo tendo passado o dia inteiro fora. Os olhos pidões são irresistíveis e um sorriso é arrancado a cada abanada de rabo. Quem tem um pet não sabe o que é estar sozinho.
Tratar bicho como gente pode fazer mal
Quem quer manter uma relação saudável com seu pet precisa saber que ele é exatamente isso. Um bicho. Vivemos em um mundo individualista e a psicóloga Cecília Zylberstajn afirma que ter animais virou um grito de socorro contra a solidão. Tratar um bicho como gente pode fazer muito mal aos pets e aos donos. "Animais precisam ser tratados como animais, com respeito, carinho e amor. Eles precisam de exercício, disciplina e cuidados, não de roupas caras, manicure, joias e acessórios. Estas são necessidades do dono, não do animal".
Muitos donos transferem suas necessidades aos animais. "Eles criam em seus bichos uma espécie de alter-ego, ou seja, uma segunda personalidade. Falam dos bichos de estimação como se fossem delas mesmas", explica a psicóloga. Ou seja, fica estabelecida uma relação nada saudável. Por isso, é preciso aprender a resistir à tentação de tratá-los como filhos.
Saiba mais: Dê limites sem ser severo demais