
Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1981 e doutor em Mastologia pela Universidade...
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Estudante de Jornalismo na Universidade São Judas Tadeu (USJT).
O que é Prolapso uterino?
O prolapso uterino, ou prolapso dos órgãos pélvicos (POP), ocorre quando os músculos e ligamentos do assoalho pélvico se tornam distendidos e flácidos, saindo de suas posições normais na pelve e descendo para a vagina ou pela região externa.
"Dessa forma, tanto a bexiga quanto o reto, que se apoiam nas paredes vaginais anterior e posterior, podem também ficar mais baixos, causando desde uma sensação de bola na vagina até sintomas urinários ou de dificuldade da evacuação", explica Isabella Albuquerque em entrevista prévia ao Minha Vida.
Estima-se que cerca de 40% das mulheres acima dos 50 anos sofrem com algum tipo de prolapso, sendo um problema frequente após a menopausa naquelas que passaram por um ou mais partos vaginais. No entanto, não é uma condição exclusiva de pacientes idosas e pode acontecer em qualquer idade.
Causas
Os prolapsos são um fenômeno multifatorial, isto é, muitas condições podem acarretar na dificuldade do suporte dos órgãos pélvicos, principalmente as que alteram a anatomia ou aumentam muito a força intra-abdominal. Segundo Albuquerque, essas condições incluem:
- Número de gestações prévias
- Predisposição genética
- Prisão de ventre ou tosses crônicas
- Levantamento de peso excessivo ao longo da vida
- Deficiência de hormônios
- Enfraquecimento da musculatura
- Obesidade
- Tabagismo.
Tipos
Existem vários tipos de prolapsos uterinos, que podem envolver uma ou mais estruturas, sendo elas:
- Cistocele: prolapso da bexiga, envolve os órgãos da parede frontal da vagina
- Ureterocele: prolapso da uretra, envolve os órgãos da parede frontal da vagina
- Retocele: prolapso de reto, envolve os órgãos da parede posterior da vagina
- Enterocele: prolapso do intestino delgado, também envolve os os órgãos da parede posterior da vagina.
Todos os tipos de prolapso uterino podem surgir em diferentes graus, do mais leve ao mais grave. O exame clínico e, se necessário, de imagem, podem diferenciar qual o órgão mais acometido e graduar o prolapso.
Sinais
Sintomas de Prolapso uterino
Muitas mulheres são assintomáticas, ou seja, não apresentam qualquer sinal ou sensação decorrente do prolapso uterino. No entanto, aquelas que apresentam sintomas podem sofrer com pressão, peso, sensação de algo saindo pela vagina e, algumas vezes, a visão de “algo para fora”.
Além disso, pode haver sintomas urinários como disfunções e perda urinária, sintomas intestinais como a incontinência e constipações. Por todo este quadro, pode haver uma diminuição do desejo sexual por medo e desconforto, principalmente se houver incontinência urinária ou fecal.
Diagnóstico
O diagnóstico de prolapso uterino é feito através de um exame ginecológico específico. Muitas vezes é preciso fazer exames para avaliar a função da bexiga e dos nervos da pelve, como teste urodinâmico e avaliação neurológica.
Fatores de risco
O risco de desenvolvimento do prolapso dos órgãos pélvicos aumenta com a idade e com condições que alteram a anatomia da pelve ou que aumentam a força intra-abdominal, segundo Albuquerque. Essas condições incluem:
- Constipação ou tosses crônicas
- Múltiplas gestações
- Obesidade
- Levantamento excessivo de peso ao longo da vida.
“Quanto maior a idade, maior a probabilidade da falha de sustentação dos tecidos e maiores as chances da ocorrência de prolapsos. Estima-se que mais da metade das mulheres acima dos 80 anos tenha alguma desordem na sustentação da pelve”, explica Isabella Albuquerque, ginecologista e obstetra da Pineapple Medicina Integrativa
Pessoas que apresentam problemas na formação do colágeno, substância que ajuda na sustentação dos tecidos, também podem apresentar prolapso uterino.
Incidência do prolapso uterino
Segundo Isabella Albuquerque, a incidência nas mulheres brasileiras não é exatamente definida.
“Nem sempre as mulheres se sentem à vontade para procurarem um médico na presença de sintomas ou mesmo porque graus leves dos prolapsos podem não ser suficientes para causar grandes incômodos”, esclarece a ginecologista.
Todavia, os prolapsos podem aumentar com a idade e estima-se que a condição afete de 15% a 30% das mulheres com mais de 50 anos.
Tratamento
O tratamento cirúrgico é indicado conforme o caso. Raros medicamentos podem ajudar o prolapso. O uso de hormônios pode aliviar alguns sintomas.
Existem inúmeras cirurgias, que variam conforme a severidade do quadro e a necessidade da paciente. Podem ser por via abdominal, laparoscópica, vaginal, com colocação de telas, entre outros. As pacientes devem ser orientadas que existe uma possibilidade acima de 30% de recorrência.
Fisioterapia específica, orientações, hormonioterapia e pessários (dispositivos de silicone são colocados na vagina e servem de apoio para os órgãos prolapsados) são alternativas e coadjuvantes ao tratamento cirúrgico.
“Mulheres mais jovens tendem a preferir o tratamento cirúrgico em oposição às mais idosas, que preferem o tratamento com o pessário. Entretanto, os resultados entre os tratamentos são semelhantes”, explica Isabella.
Leia mais: Pessário vaginal: o que é, para que serve e quando usar
Tem cura?
A chance de cura para prolapso uterino é de pouco menos de 70% dependendo do quadro, mesmo com cirurgia adequada. Nos casos de recorrência, a paciente pode ser operada novamente.
Prevenção
É possível prevenir a ocorrência de prolapsos de diversas formas. Segundo Albuquerque, reduzir as condições que aumentam a força intra-abdominal, como constipação e obesidade, ajuda a prevenir o problema, bem como realizar atividades físicas e exercícios específicos para fortalecer a musculatura da pelve.
Complicações possíveis
Mulheres com graus importantes de prolapso podem apresentar sintomas compressivos a depender da parede vaginal acometida, esclarece Isabella Albuquerque. Prolapsos severos de parede vaginal anterior podem levar a sintomas urinários, como:
- Hesitação urinária
- Intermitência
- Sensação de esvaziamento vesical incompleto
- Retenção urinária (raramente).
Já o prolapso que afeta os órgãos da parede posterior podem causar sintomas intestinais, como:
- Sensação de esvaziamento incompleto
- Obstipação intestinal
- Incontinência de urgência
- Necessidade de pressão digital para auxiliar na defecação.
O maior risco em casos muito graves é a obstrução com dilatação dos ureteres levando a insuficiência renal.
Referências
Fabio Laginha, ginecologista e mastologista, coordenador da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho e especialista Minha Vida (CRM 42141-SP)
Isabella Albuquerque, ginecologista e obstetra da Pineapple Medicina Integrativa.
Fabio Laginha, ginecologista e mastologista, coordenador da Clínica da Mulher do Hospital 9 de Julho e especialista Minha Vida (CRM 42141-SP)