Supervisora do Programa de Residência Médica Oncologia, Universidade Federal de São Paulo.Pós Doutorado em Oncologia Gin...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iImagine estar diante de um diagnóstico difícil de câncer, em um momento em que tudo o que mais importa é ter acesso a um tratamento de qualidade. Agora, imagine que, em vez disso, você é levado por um caminho alternativo, no qual conselhos duvidosos e “terapias” sem comprovação científica falam mais alto do que a medicina.
Foi o que aconteceu com Paloma Shemirani, uma jovem britânica de 23 anos, diagnosticada com um câncer tratável, mas que recusou a quimioterapia influenciada por crenças conspiratórias da própria mãe.
Quem assistiu à minissérie “Vinagre de Maçã”, da Netflix, vai reconhecer os reflexos dessa tragédia na vida real. Assim como Belle Gibson, influenciadora australiana que enganou o mundo ao dizer que curou um câncer terminal com sucos e dietas naturais, Paloma foi influenciada desde cedo por discursos anticientíficos dentro da própria casa.
Entenda mais sobre esse caso, que se tornou um alerta dos perigos da pseudociência, e o que ele revela sobre o impacto das crenças na saúde.
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Os perigos dos tratamentos para o câncer sem comprovação científica
O caso de Paloma Shemirani, jovem britânica de 23 anos que morreu em 2024 após recusar um tratamento eficaz contra o câncer, expõe uma ferida dolorosa da era digital: os riscos reais da desinformação médica.
Apesar dos médicos lhe darem boas chances de cura com a quimioterapia, Paloma escolheu seguir terapias alternativas — decisão influenciada pelas crenças conspiratórias da própria mãe, Kate Shemirani, ex-enfermeira que ficou conhecida por disseminar desinformação durante a pandemia de Covid-19.
A história ganhou destaque na imprensa internacional e a série da Netflix “Vinagre de Maçã”, aprofundou como ideias sem base científica podem se espalhar como verdade nas redes sociais — e como isso pode custar vidas.
Mesmo formada em Cambridge, Paloma foi criada em um ambiente familiar em que vacinas eram tratadas com desconfiança e tratamentos médicos eram vistos como parte de uma suposta conspiração. Sua mãe atribui a própria “cura” de um câncer a dietas rígidas, sucos e enemas de café.
Já o pai, igualmente adepto de teorias da conspiração, reforçava essa visão. Paloma cresceu ouvindo que os tratamentos tradicionais faziam mal e, mesmo após parte da família se afastar da mãe, ela manteve contato com Kate — tentando agradá-la, mesmo em meio a um relacionamento marcado por controle e abuso emocional.
Para os irmãos Gabriel e Sebastian, que hoje lutam para alertar o público sobre os riscos dessa escolha, Paloma foi vítima direta da desinformação. “A ciência estava ao lado dela. Mas ela foi levada a acreditar que confiar nos médicos era um erro”, disseram em entrevista à BBC.
O caso levanta um alerta importante: tratamentos naturais e alternativas de saúde podem, sim, ter um papel complementar — mas jamais devem substituir terapias comprovadas pela medicina baseada em evidências. Ao trocar tratamentos eficazes por promessas sem respaldo científico, pacientes colocam a própria vida em risco.
Além disso, o alcance das redes sociais amplifica a disseminação de conteúdo enganoso. Muitas vezes, vídeos com falsas curas ou supostos “remédios milagrosos” recebem mais engajamento do que postagens feitas por médicos ou instituições sérias
Opções de tratamento para o câncer com comprovação científica
Receber um diagnóstico de câncer não é nada fácil e é natural que as pessoas busquem todas as possibilidades de cura. No entanto, confiar exclusivamente em terapias naturais e rejeitar a medicina pode trazer consequências graves. Por isso, entender quais são os tratamentos cientificamente comprovados é essencial para tomar decisões seguras.
Segundo a oncologista Michelle Samora, em um artigo para o MinhaVida, duas das principais abordagens no tratamento do câncer são a quimioterapia e a radioterapia — métodos validados por décadas de estudos e prática clínica. “A quimioterapia refere-se ao uso de drogas citotóxicas, ou seja, medicamentos capazes de destruir as células tumorais”, explica Michelle. “O primeiro relato do uso dessa técnica data de 1941, quando Goodman e Gilman utilizaram mostarda nitrogenada em pacientes com linfoma.”
Desde então, o método evoluiu muito e se tornou uma das ferramentas mais eficazes no combate a tumores, especialmente os metastáticos ou localmente avançados, já que atinge todo o organismo. “Ela tem a capacidade de atuar de forma sistêmica, controlando o avanço da doença e até impedindo que o tumor se espalhe pelo corpo”, completa.
Já a radioterapia é uma abordagem localizada, indicada para tratar o câncer em áreas específicas. “Ela utiliza radiação ionizante, como se fosse um raio X, para inibir o crescimento ou provocar a morte das células tumorais. Durante o procedimento, o paciente não sente absolutamente nada”, afirma a oncologista. Entre as modalidades disponíveis, estão:
- Teleterapia (ou radioterapia externa): em que a radiação é aplicada à distância — normalmente entre 80 e 100 centímetros da área a ser tratada.
- Braquiterapia: em que a fonte de radiação entra em contato direto com os tecidos doentes.
Esses tratamentos são prescritos de forma individualizada, levando em conta o tipo, o estágio e a localização do câncer, além das condições gerais do paciente. E, ao contrário das soluções milagrosas, eles têm respaldo científico, eficácia comprovada e podem salvar vidas.
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