
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

Rejeitados por universidades, ignorados em processos seletivos, levando “ghosting” em aplicativos de namoro. Enquanto nas redes sociais circulam histórias de jovens na casa dos 20 que alcançam fama, fortuna e tentam transformar esse modelo de sucesso em um padrão para os demais, a geração Z se depara com uma realidade bem diferente: a rejeição como identidade coletiva.
A escritora Delia Cai contou ao Business Insider a história de uma jovem chamada Em, que compartilhou como tem lidado com centenas de recusas em processos seletivos enquanto tenta sobreviver com alguns poucos dólares por mês, graças a um contrato temporário. Segundo Cai, o alto número de jovens nessa situação fez com que essa fosse considerada a “geração mais infeliz”.
“Da educação à carreira profissional e aos relacionamentos, nunca os jovens adultos tiveram tanto acesso a possíveis ‘sins’. E, ao mesmo tempo, nunca ouviram tantos ‘nãos’ com tanta frequência”.
Mas como ela explicou, o caso de Em não é isolado. Ao reunir depoimentos para sua reportagem, destacou a fala de um estudante de 22 anos que, apesar de ter boas notas no ensino médio e fazer parte de um time esportivo, recebeu poucas aprovações entre quase 20 universidades para as quais se candidatou.
“Só me lembro de sentir que não eram exatamente as nossas notas que importavam, mas sim que, com sorte, a pessoa certa lesse no dia certo”.
Nesse sentido, Christian Hodges, ativista e influenciador norte-americano, apontou que um dos grandes problemas de sua geração é o fato de terem sido levados a acreditar, desde cedo, no discurso social de que “todos são vencedores”. Ele também afirmou, em declaração à Fox News, que a geração Z foi enganada ao acreditar que um diploma universitário é a chave para o sucesso profissional.
“Quando foi que ensinaram networking no ensino médio — e muito menos na universidade? E as habilidades reais e aplicáveis, onde estavam? Quando nos mostraram que as carreiras estavam saturadas e que, na prática, não eram uma opção viável?”
Rejeição em empregos e universidades entre a geração Z
Como explicou Christian Hodges, tanto o mercado de trabalho quanto as universidades têm um ponto em comum: o constante “não” direcionado aos jovens. E esse problema não se limita aos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa realizada pela UVM em parceria com a Expansión, 76,4% dos universitários mexicanos se preocupam com a falta de oportunidades de emprego.
Enquanto isso, ao final de 2023, 5,26% dos jovens estavam em situação de desemprego no país. Já no acesso à educação superior, os números também são desanimadores: mais de 90% dos candidatos à UNAM são rejeitados, em média, todos os anos. Para se ter uma ideia, no exame de admissão de 2024, dos 143.427 inscritos, apenas 14.151 foram aceitos.
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