
Possui graduação em Medicina (UFPR), especialização em Medicina do Esporte (UNIFESP), mestrado em Medicina Interna (UFPR...
i

A luta contra a balança é cheia de idas e vindas, como bem sabe quem já se aventurou a perder uns quilos. E um medicamento em especial está chamando a atenção para este objetivo: o victoza. Comumente indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, a droga também está sendo utilizada para o controle do sobrepeso.
O segredo da fórmula estaria na regulação das taxas de glicose presentes no sangue, tornando a digestão mais lenta e, dessa maneira, prolongando a saciedade. Entretanto, muitas dúvidas podem surgir sobre os riscos e benefícios do victoza. Por isso, separamos 13 fatos para que você compreenda melhor como a droga age em nosso organismo. Veja a seguir:
1. Quem toma sente fraqueza?
É possível que isso aconteça, porque o medicamento reduz a ingestão alimentar. "A dieta com menos carboidratos reduz o consumo de glicose, fonte energética muito importante para a função muscular e cerebral", explica Rosana.
O uso deste medicamento em pessoas com diabetes e que já consumam outras drogas ainda pode acarretar hipoglicemia, pois o Victoza melhora a função pancreática. "Os sintomas de hipoglicemia incluem sudorese, palpitação, redução da consciência e fraqueza", diz a especialista. Nestes casos, há a necessidade da redução da dosagem dos outros medicamentos.
2. Qual a diferença entre ele e a sibutramina?
Sibutramina é um medicamento utilizado para o emagrecimento e age inibindo a reabsorção de neurotransmissores como serotonina, norepinefrina e dopamina. Estas ações promovem o aumento da saciedade e reduzem o gasto energético que acompanha a perda de peso.
A sibutramina é uma alternativa dos médicos para pacientes obesos que não conseguirão atingir a meta de perda de peso somente com dieta e exercícios. O Victoza, por enquanto, é indicado apenas para portadores de diabetes tipo 2, com o objetivo de proporcionar o aumento da saciedade e ajudar no metabolismo da glicose.
3. Pessoas com diabetes emagrecem se tomarem?
Sim. Os estudos mostram que pessoas com diabetes que começaram a tomar o Victoza perderam uma média de 7kg em cinco meses.
4. Ele reverte (cura) casos de pré-diabetes?
Essa finalidade ainda não foi comprovada em pesquisas. "Os estudos estão em andamento. Vão durar ainda 3 anos para termos esta resposta", diz Rosana.
5. Tem algum efeito relacionado à menopausa?
Não existe nenhuma descrição de efeito ou contraindicação relacionada à menopausa. Porém, o medicamento não deve ser usado por gestantes porque pode trazer riscos so desenvolvimento do bebê.
Saiba mais: Tabelinha menstrual: para que serve e como fazer
6. Quem faz reposição hormonal pode tomar?
Sim, não existe nenhuma contraindicação para esses casos.
7. Ele pode substituir a cirurgia de redução?
"A cirurgia traz mudanças que vão além daquelas provocadas pelo uso do medicamento. Não dá para comparar os dois métodos", afirma o endocrinologista Gregório. A perda de peso com a medicação varia entre 5 a 12 kg, e a cirurgia bariátrica é indicada quando a necessidade de perda de peso é muito maior - no caso, mais de 20% do peso da pessoa.
8. Em quanto tempo o efeito aparece?
É variável. Porém, de acordo com os especialistas, os efeitos surgem logo após a primeira aplicação. "Mas há um limite. As melhores respostas ocorrem nos primeiros seis meses. Após esta fase, o remédio contribui para a manutenção do peso", explica Rosana.
9. Ele educa o apetite? Ou regula só enquanto é tomado?
Não. O que educa apetite é a reeducação alimentar, independente do medicamento em uso.
10. É mais fácil fazer reeducação com o Victoza?
Como o Victoza prolonga a saciedade, ele pode ajudar na reeducação alimentar, mas é necessário rever os hábitos alimentares também e uma nutricionista pode ajudar.
11. Outros remédios para diabetes têm efeito parecido?
Existe o exenatide, ou Byetta, com finalidade e uso similares. Ele é uma versão sintética do hormônio exendina-4, com propriedades parecidas com a do GLP-1 humano. Sendo, portanto, um regulador da glicose e dos níveis de insulina.
Saiba mais: Diabetes: controle a vontade de comer doces
12. O Victoza substitui a polêmica cirurgia para diabetes?
Os especialistas afirmam que os dois métodos são ferramentas diferentes de tratamento e podem inclusive serem usadas juntas. A prescrição de ambas, entretanto, ainda precisa de mais estudos capazes de avaliar os efeitos a longo prazo.
13. Pacientes obesos com diabetes tipo 1 podem tomar Victoza?
O medicamento não está aprovado para o tratamento do diabetes tipo 1, pois não existem efeitos associados à produção de insulina, carência dos portadores desse tipo de diabetes. Portanto, o medicamento é indicado apenas para portadores de diabetes tipo 2.
Bula de victoza
Os médicos que receitam o Victoza para o tratamento da obesidade estão assumindo riscos desconhecidos até pelo fabricante. Isso porque ainda não existem estudos mostrando a ação da droga em pacientes que não sofrem com taxas elevadas de glicose no sangue, como acontece com pacientes de diabetes.
Outra questão em xeque é a dosagem: a ingestão de liraglutide (princípio ativo do medicamento) indicada para o emagrecimento é quase o dobro da sugerida para o controle do diabetes. "Ninguém analisou os riscos do medicamento nesta dosagem e, menos ainda, em obesos não diabéticos", afirma a endocrinologista Rosana Radominski, presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (ABESO).
Confira a bula do victoza.
Victoza: preço
O valor da victoza é variável, custando normalmente entre R$ 300 e R$ 500.
Efeitos colaterais
De acordo com estudos clínicos realizados pela Anvisa, os seguintes efeitos colaterais podem surgir pelo uso do victoza:
- Hipoglicemia
- dor de cabeça
- náusea
- diarreia
Em casos mais raros, podem acontecer:
- Pancreatite
- Desidratação
- Alteração da função renal
- Alteração na tireoide, incluindo a formação de papa no pescoço causada pelo aumento da glândula
Quanto maior a dose de remédio consumida, maiores a intensidade e a combinação de efeitos colaterais possíveis. Não são conhecidas as conseqüências do uso de longo prazo.