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iO que é Raiva?
A raiva, também chamada de hidrofobia, é uma doença infecciosa cerebral muito comum em animais, mas que também acomete seres humanos.
Trata-se de uma encefalite viral transmitida a partir da saliva de animais infectados (morcegos e alguns mamíferos, como cães e gatos) com o vírus Lyssavirus.
A doença pede atenção, uma vez que pode levar à morte. Para evitar complicações após o contágio, uma medida é a vacina contra a raiva.
Causas
A raiva é transmitida pela saliva infectada de morcego e alguns mamíferos, como animais domésticos. O vírus, do gênero Lyssavirus, entra no corpo por meio de uma mordida ou pele lesionada e percorre até o cérebro, onde causa inchaço ou inflamação e gera os sintomas da doença.
Qualquer mamífero é capaz de transmitir raiva. Os que mais costumam causar a doença são:
Animais domésticos e de fazenda
- Gatos
- Cachorros
- Vacas
- Furões
- Cabras
- Cavalos.
Animais selvagens
- Morcegos (principal transmissor)
- Castores
- Coiotes
- Raposas
- Macacos
- Guaxinins
- Gambás
- Marmotas.
Transmissão entre humanos
A raiva pode ser transmitida entre humanos, porém, é mais difícil. De acordo com a infectologista Karen Mirna Loro Morejón, diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) e médica no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, a única forma de transmissão da raiva entre humanos devidamente documentada é através do transplante de órgãos, com doador infectado.
Sintomas
Os sintomas da raiva podem demorar, em média, de três a 12 semanas. Entretanto, o vírus pode ficar incubado dentro do organismo, possibilitando que a doença apareça após anos.
Os sintomas de raiva podem incluir:
- Babar em excesso
- Convulsão
- Sensibilidade exagerada no local da mordida
- Excitabilidade
- Perda de sensibilidade em uma área do corpo
- Perda de função muscular
- Febre baixa
- Espasmos musculares
- Entorpecimento e formigamento
- Dor no local da mordida
- Agitação e ansiedade
- Dificuldade de engolir (beber algo provoca espasmos da laringe)
- Mudança de humor
- Irritabilidade
- Inquietude
- Náuseas
- Dor de cabeça.
Diagnóstico
Se um animal morder você, tente obter o máximo de informações sobre ele. Entre em contato com as autoridades de controle de animais para que o animal seja capturado de forma segura. Se houver suspeita de raiva, o animal ficará em observação.
Um teste especial chamado imunofluorescência é usado para observar o tecido cerebral depois que o animal morre. Esse teste pode revelar se o animal tinha raiva ou não.
O médico ou enfermeiro irá examiná-lo e observará a mordida. A ferida será limpa e tratada, conforme apropriado.
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O mesmo teste utilizado em animais pode ser feito para verificar a raiva em seres humanos, usando um pedaço de pele retirada do pescoço. Os médicos podem procurar pelo vírus da raiva na sua saliva ou fluido espinhal, embora esses testes não sejam tão sensíveis e podem precisar ser repetidos.
Uma punção lombar pode ser feita em busca de sinais da infecção no seu fluido espinhal.
Porém, via de regra, pacientes que apresentam sinais e sintomas característicos da doença e que foram mordidos por algum animal (ou com alguma lesão no corpo) são facilmente diagnosticados com raiva logo na anamnese.
Fatores de risco
Fatores que podem aumentar o risco de uma pessoa contrair raiva são:
- Viajar ou viver em países em desenvolvimento onde a raiva é mais comum, incluindo países da África e Sudeste Asiático
- Atividades que possam colocar uma pessoa em contato com animais selvagens que possam ter raiva, como a exploração de cavernas onde morcegos vivem ou acampar sem tomar precauções para manter os animais selvagens longe de seu acampamento
- Trabalhar em um laboratório que contenha amostras do vírus da raiva ou com animais contaminados
- Ferimentos na cabeça, pescoço ou mãos, que possam ajudar a levar o vírus da raiva para o cérebro mais rapidamente.
Na consulta médica
Procure imediatamente um pronto-socorro se você foi mordido por um animal. O médico que estiver acompanhando seu atendimento pode lhe fazer algumas perguntas para saber exatamente se você deve ou não receber tratamento antirrábico. Veja exemplos:
- Qual animal te mordeu?
- Você poderia descrever o comportamento do animal antes de ele lhe morder?
- Você tomou alguma medida de primeiros socorros? Qual?
- Quais são seus sintomas?
- Em que momentos seus sintomas começaram?
- Qual a intensidade de seus sintomas?
Buscando ajuda médica
Procure atendimento médico imediatamente se você for mordido por algum animal. Com base em suas lesões e na situação em que a mordida ocorreu, você e o médico decidirão se você deve receber tratamento para prevenir a raiva. Mesmo se você não tiver certeza se foi mordido, procure atendimento médico.
Mesmo se você não tiver certeza se foi mordido, procure atendimento médico do mesmo jeito.
Saiba mais: 11 atitudes que facilitam a consulta médica
Tratamento
Caso a pessoa seja contaminada pelo vírus da raiva (ou suspeite do contágio), algumas medidas devem ser tomadas para evitar a piora do quadro.
Em primeiro lugar, a ferida deve ser limpa com sabão e água. Procure auxílio médico profissional logo em seguida para fazer os exames necessários. O médico deverá limpar bem a ferida novamente e remover quaisquer objetos estranhos. Na maioria das vezes, não são dados pontos nas feridas causadas pela mordida.
Se houver risco de raiva, você receberá vacinas preventivas. Elas são dadas, geralmente, em cinco doses durante 28 dias.
A maioria dos pacientes também recebe um tratamento chamado imunoglobulina humana para raiva (HRIG). Ele é administrado no dia da mordida.
A imunização e o tratamento para raiva são recomendados por, pelo menos, 14 dias após a exposição ou mordida.
Não há tratamento efetivo conhecido para pessoas com sintomas de infecção por raiva.
Tem cura?
A raiva tem cura, embora seja uma doença fatal quando não cuidada corretamente. É possível prevenir o desenvolvimento da raiva se a vacinação for feita logo após a mordida.
Quando os sintomas aparecem, a pessoa raramente sobrevive à doença, mesmo com tratamento. A morte por insuficiência respiratória geralmente ocorre até sete dias após o aparecimento dos sintomas.
Prevenção
Profilaxia Pré-Exposição
A chamada profilaxia de pré-exposição para a raiva é uma vacina indicada, principalmente, para pessoas que estão mais sujeitas a serem contaminadas pelo vírus. São eles:
- Veterinários
- Biólogos
- Profissionais de laboratório de virologia e anatomopatologia para raiva
- Estudantes de Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica e áreas afins
- Pessoas que atuam na captura, contenção, manejo, coleta de amostras, vacinação, pesquisas, investigações epidemiológicas, identificação e classificação de mamíferos
- Espeleólogos, guias de ecoturismo, pescadores e outros profissionais que trabalham em áreas de risco
- Turistas em viagem para áreas de risco, dependendo da orientação das instâncias de saúde locais.
Essa vacina não dispensa a vacina de pós-exposição. Trata-se de uma medida complementar para melhorar a proteção desse grupo mais suscetível ao contágio da raiva.
Vacinação de animais
Quem mantém a criação de animais deve ficar de olho na carteirinha de vacinação. Gatos e cachorros, por exemplo, tomam a vacina contra a raiva todos os anos.
Convivendo (Prognóstico)
Em casa, continue seguindo à risca o tratamento preventivo recomendado pelo médico e limpe a ferida constantemente.
Complicações possíveis
Quadros de raiva podem levar a alucinações, espasmos e dificuldade para ingerir líquidos, além de paralisia, alterações cardiorrespiratórias, retenção urinária e obstipação intestinal.
Existe, ainda, a evolução do quadro para o coma, seguido da morte do paciente. O período de evolução da raiva, depois de instalados os sinais e sintomas até o óbito, é, em geral, de 2 a 7 dias.
Existem ainda casos de complicações com a vacina da raiva. Em casos raros, algumas pessoas podem ter reação alérgica à vacina.
Referências
World Health Organization
Centers for Disease Control and Prevention
Ministério da Saúde
Global Alliance for Rabies Control
Mayo Clinic
Sociedade Brasileira de Infectologia
Secretaria de Saúde do Estado do Paraná
Karen Mirna Loro Morejón, diretora da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) e infectologista no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto - CRM 102251 SP