Psicólogo do Grupo Mantevida, graduado pelo Centro Universitário de Brasília - CEUB, pós-graduando em Fundamentos da Psi...
iRedatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Gostar de estar sozinho pode ser mais comum — e até saudável — do que muita gente imagina. Em meio a rotinas agitadas, buscar momentos de silêncio e aproveitar a própria companhia é uma forma legítima de recarregar as energias e manter o equilíbrio emocional.
No entanto, quando esse costume passa a ser uma constante fuga do convívio social, é importante ficar alerta. Entenda o que a psicologia observa sobre as pessoas que gostam muito de ficar sozinhas.
Saiba mais: Se você sente esses 7 sintomas, pode estar mais solitário do que imagina
O que significa quando uma pessoa gosta muito de ficar sozinha, de acordo com a psicologia?
De acordo com Luis Fernando Olivalves, psicólogo do Grupo Mantevida, o apreço por estar sozinho pode ter diferentes significados do ponto de vista psicológico. Esse hábito, quando saudável, está associado ao desenvolvimento da autonomia, da independência e do autoconhecimento, além de funcionar como uma forma de aliviar as pressões do dia a dia.
“Estar em contato consigo mesmo pode estimular o reconhecimento das próprias potencialidades e limites, favorecendo a evolução pessoal”, explica o psicólogo.
Fatores e contextos individuais levam ao desenvolvimento do hábito, que podem ter origens emocionais, psicológicos, sociais, afetivos ou neurológicos, tendo a introspecção como base. Algumas das motivações, segundo o especialista, são:
- Desejo de um tempo apaziguador para si
- Recarregar energias
- Refletir sobre os próprios contextos
- Aprofundar a criatividade por meio de atividades pessoais
- Aumentar a produtividade e a autonomia
“Para algumas pessoas, estar sozinhas pode funcionar como um mecanismo de defesa. Isso pode ocorrer como forma de evitar situações que rompam com sua zona de conforto, como o receio de interações sociais, traumas, feridas emocionais ou ainda por condições neurológicas, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA), por exemplo. Nesses casos, há uma tendência a preferir ambientes controlados e previsíveis”, informa.
Quando o habito deixa de ser saudável?
Embora apreciar a própria companhia seja um sinal de independência e equilíbrio emocional, esse hábito também pode se transformar em uma forma de evitar o convívio social — especialmente quando associado a outros sintomas. Nesses casos, o isolamento pode ser reflexo de questões emocionais mais profundas.
Segundo Luis Fernando, isso se torna preocupante quando o paciente passa a se isolar por desinteresse nas relações, apresenta apatia, tristeza frequente, cansaço excessivo ou anedonia — que é a dificuldade ou incapacidade de sentir prazer, sintomas comuns em quadros de depressão.
Além disso, o isolamento também pode estar relacionado à fobia social. “Nesse caso, a pessoa evita o contato por medo intenso de julgamentos, críticas ou humilhações. A ansiedade diante de interações e relacionamentos interpessoais é uma das principais características desse transtorno”, esclarece o psicólogo.
Manter um equilíbrio é essencial para uma vida emocionalmente saudável. “Excessos não são saudáveis: mesmo que o ato de estar sozinho traga benefícios, pode se tornar disfuncional e limitante quando vivido de forma extrema”, afirma.