Enfermeira desde 2008, parteira, especialista em obstetrícia pela Universidade Anhembi Morumbi, consultora de aleitament...
iO mês de fevereiro é acompanhado pela Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência. Como enfermeira que atua no puerpério, trago hoje para nossa reflexão os cuidados com a adolescente durante a amamentação, pois precisamos acolher quando a gravidez acontece e nasce um bebê - e consequentemente uma nova mãe.
Segundo Lira 2018, “o nascimento do bebê leva a jovem a experimentar a maternidade em fase prematura de sua vida. As fases de transformações biológicas e psíquicas ainda se encontram em processo de amadurecimento. Essa nova realidade (de uma maternidade antecipada) representa para algumas um grande evento planejado e desejado e, para muitas outras, uma experiência dolorosa e extremamente difícil.”
Os riscos de uma gestação na adolescência vão desde o parto prematuro com bebê de baixo peso, passando pelo abandono escolar por parte da mãe, medo da dor, vergonha de se expor amamentando publicamente, dentre tantos outros problemas envolvidos.
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A amamentação reduz a morbidade e mortalidade infantil, oferece proteção ao bebê através da imunidade passiva, evitando casos graves de doenças respiratórias e enfermidades diarreicas. Além disso, contribui com a economia, pois não gerará gastos adicionais a essa paciente e/ou família.
Pesquisas apontam que a taxa de adesão à amamentação nessa faixa etária tende a ser inferior a das mulheres adultas, e um dos principais motivos é a falta de informação e incentivo dos profissionais e núcleo de apoio. Essa menina-mulher, ainda adolescente, se sente sozinha e completamente desamparada diante da família que a julga e da sociedade que a exclui. Curiosamente, o que mais percebo é que os julgamentos mais arrogantes vêm, na grande maioria, por parte das mulheres.
A experiência com grupos de gestantes e puérperas adolescentes proporciona laços fortes entre as participantes. A adolescente não se sente sozinha ou julgada, então compartilha sua experiência e aprende com a experiência das outras integrantes.
Essa sensação de pertencimento acalenta os sentimentos de medo, culpa e tristeza, e abre espaço para a coragem de enfrentar os desafios puerperais, entre eles a amamentação.
Se você tem em sua família ou entre seus amigos alguém que esteja passando por esse desafio, deixo aqui meu sincero pedido: acolha a pessoa sem julgamentos. Sendo assim, a escuta ativa e pró-atividade são excelentes remédios para que essa mãe que acabou de nascer consiga com o passar do tempo ter sua independência e autonomia restauradas paralelamente com sua identidade de mulher.
Se você é uma adolescente nesse cenário, procure ajuda em centros de atenção à saúde. Nesses locais a equipe é preparada para lhe acolher e direcionar no que for necessário, incluindo o auxílio na amamentação, que sabemos o quão desafiador é.
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Referências
Lira BNR, Cabral IE. A maternidade na adolescência e a problemática do cuidado à criança prematura. Rev Soc Bras Enferm Ped. 2018;7(1);12.