O Dr. Munir Akar Ayub, renomado especialista em infectologia sediado em São Bernardo do Campo, é um profissional altamen...
iJornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
iA vacina contra o rotavírus é imprescindível no calendário de vacinação. Todas as crianças menores de 6 meses precisam ser vacinadas para prevenir a infecção por rotavirose que, de acordo com o Ministério da Saúde, é um dos principais agentes virais causadores das doenças diarreicas agudas (DDA), além de ser um dos principais fatores da diarreia grave em crianças menores de cinco anos.
Mesmo sabendo da importância da imunização, muitos pais e responsáveis ainda têm medo das reações adversas que essa vacina pode causar nas crianças, principalmente nos bebês recém-nascidos. Em 2016, uma publicação feita na página do Facebook "Mamães Tatuadas" gerou repercussão sobre esse tema:
O post dizia que uma bebê chamada Laura de apenas dois meses e dez dias havia falecido em decorrência de uma reação à vacina. "Uma fortíssima reação à vacina do rotavírus fez meu mundo desmoronar, perdi minha princesinha, o meu mundo não tem mais cor, uma dor que não tem explicação", informou a mãe. Depois disso, não foram divulgados maiores detalhes sobre o caso.
Para ajudar a esclarecer dúvidas sobre a vacina contra o Rotavírus, o Portal Minha Vida conversou com diferentes especialistas no assunto para entender se o imunizante pode causar sérias reações ou até mesmo risco de morte em crianças.
O que são rotavírus?
São vírus que produzem diarreia em recém-nascidos e podem levar à desidratação, vômitos e febre. De acordo com o infectologista Marco Aurélio Sáfadi, presidente do departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, a contaminação por rotavírus é mais perigosa em bebês e recém nascidos, devido ao sistema imunológico frágil.
"Praticamente 100% das crianças terão infecção por rotavírus. No entanto, é possível amenizar a intensidade dos sintomas por meio da vacinação", alerta Sáfadi, De acordo com ele, caso o bebê não tome a vacina pode ter contato com o que os médicos chamam de vírus selvagem, em outras palavras, com o vírus sem proteção do organismo. O que pode causar danos mais graves ao bebê, podendo resultar em uma hospitalização e óbito.
Como o rotavírus é transmitido?
A principal forma de transmissão do rotavírus é através do contato. A criança excreta fissuras nas fezes e contamina o ambiente. O adulto entra em contato com o vírus pela fralda e pela respiração e dá sequência à proliferação do vírus. Por isso é importante, além de cuidar da proteção do bebê, os adultos higienizarem as mãos antes e depois da troca de fralda.
Como funciona a vacina contra o rotavírus?
A vacina contra o rotavírus é feita com o vírus vivo atenuado - ou seja, ele está vivo, mas enfraquecido. Existem dois tipos de vacina contra a doença: a monovalente e a pentavalente:
- A vacina monovalente protege contra um sorotipo de rotavírus, mas oferece proteção cruzada contra outros sorotipos de rotavírus, e é dada em duas doses. A primeira aos 2 meses e a segunda aos 4 meses de idade.
- Já a vacina pentavalente protege contra cinco tipos diferentes de rotavírus e é feita em três doses. A primeira dose é aplicada aos 2 meses, a segunda aos 4 meses e a terceira aos 6 meses de idade. Ela pode ser encontrada exclusivamente na rede privada.
Por que é importante tomar a vacina contra o rotavírus?
A vacina possibilita que o organismo produza defesas contra o rotavírus. Segundo Marco Aurélio Sáfadi, quando a vacina não era aplicada, contabilizava-se um número significativo de mortes e hospitalizações de bebês e recém nascidos. “Felizmente depois da introdução da vacina no calendário de imunização, foi possível reduzir algumas centenas de milhares de hospitalizações entre o público infantil”, conta.
O infectologista Munir Akar Ayub completa dizendo que a vacina contra o rotavírus praticamente acabou com a doença no nosso meio. "Era muito comum vermos crianças hospitalizadas nessa época do ano em que a temperatura dos termômetros está mais baixa por causa do rotavírus. Atualmente é bem mais raro", alerta Ayub
Quais são os efeitos colaterais da vacina contra o rotavírus?
A maioria das crianças não costuma manifestar efeitos colaterais. Mas durante as primeiras 48 horas após a aplicação pode acontecer de apresentar um pouco de febre baixa, diarreia e, em alguns casos, fezes com sangue. "A diarreia causada pela vacina apresenta intensidade menor do que se a criança não tivesse tomado a vacina", explica Ayub.
No entanto, se o bebê apresentar sangue nas fezes é importante entrar em contato com o pediatra. Segundo Ayub, quando a criança apresenta sangue nas fezes é importante suspender a próxima dose da vacina. Sendo assim, se a criança tomou uma dose não é indicado que ela tome a próxima. "Mas é imprescindível que essa orientação seja dada pelo pediatra. Os pais não devem tomar essa decisão sem antes conversar com um especialista", ressalta.
Mesmo porque, quando esse episódio acontece, é obrigatório notificar o caso à Vigilância Epidemiológica, justificando que essa criança tem uma reação à vacina.
A vacina contra o Rotavírus pode causar risco de morte?
O infectologista Munir Akar Ayub e professor de infectologia da Faculdade de Medicina do ABC garantiu: "Não tenho conhecimento sobre casos de óbito relacionados à vacina, pois ela não é letal. Não há como afirmarmos a causa. Mas é importante que as mães fiquem calmas e caso tenham dúvidas sobre o assunto, devem conversar com o pediatra", completa.
Existe contraindicação para a vacina contra o rotavírus?
Crianças que apresentem histórico de doenças gastrointestinais, malformação congênita no trato digestivo e história prévia de invaginação intestinal, patologia que consiste na penetração do intestino delgado no cólon, o que pode levar a uma obstrução intestinal, não podem tomar a vacina contra o rotavírus. No entanto, somente o pediatra poderá dizer se a vacina é indicada ou não.
Recentemente uma pesquisa divulgada pela revista científica Pediatrics mostrou que houve um pequeno aumento no número de internações por causa da vacina do rotavírus, especialmente após a primeira dose. De acordo com o estudo, a taxa de internações entre bebês de 8 a 11 semanas obteve um crescimento entre 46% a 101%. O equivalente entre 16 a 22 internações para cada 100 mil bebês.
Os pesquisadores afirmam que mesmo com o aumento no número de internações causadas pela reação à vacina, os benefícios proporcionados pela imunização são consideravelmente maiores.
Quando se preocupar com as reações da vacina contra o rotavírus?
Se os pais perceberem que o bebê está muito quietinho, não come e apresenta sintomas intensos, como febre, diarreia e vômitos, é importante entrar em contato com o pediatra e encaminhá-la ao atendimento médico. De acordo com Marco Aurélio Sáfadi, é preciso analisar o quadro com cautela. "Não sabemos se foi uma coincidência de eventos. Os pediatras brasileiros têm bastante experiência com essa vacina", finalizou.