
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

Segundo Isabel Pérez-Otaño, pesquisadora do Instituto de Neurociências UMH-CSIC, em Alicante, as experiências da infância marcam o resto de nossas vidas, embora algumas possam mudar com o tempo. E isso acontece para o bem e para o mal, como se o cérebro estivesse desenhando uma espécie de mapa que será seguido na vida adulta.
Se essas experiências nos moldarem e nossos pais tiverem investido tempo e esforço para criar um ambiente seguro e amoroso, elas influenciarão positivamente quem somos. Mesmo que não nos lembremos de toda a nossa infância, algumas memórias permanecem intactas e sempre serão lembradas com um sorriso no rosto.
1. As tradições familiares
O almoço de domingo, os churrascos na casa dos avós, as viagens de carro para a praia, o filme de sexta-feira à noite com a família. As pequenas tradições, particulares e pessoais de cada família são uma memória sólida capaz de gerar estabilidade mesmo quando as coisas dão errado.
Essa cultura familiar, como explicam os psicólogos da Open Minds, “influencia seu desenvolvimento cognitivo, social, emocional e moral. Por meio da interação com seus pais, irmãos e outros parentes, as crianças aprendem como se comportar, como expressar emoções, como resolver problemas e como estabelecer relacionamentos saudáveis".
2. Os momentos em que o permitiu aprender por conta própria
O psicólogo Jean Piaget, em seu trabalho sobre o desenvolvimento infantil, afirmou que as crianças aprendem melhor por meio da descoberta ativa. “Toda vez que ensinamos algo a uma criança, nós a impedimos de inventar por si mesma”, declarou.
Quando uma mãe nos deixa tentar, ela está trabalhando em nossa resiliência e, com isso, somos mais capazes de regular as emoções, nos recuperar de fracassos e nos perdoar por estarmos errados. Trata-se de ser um farol para os filhos em vez de salvá-los do sofrimento.
3. A sensação de segurança e amor
Poucas coisas ficam na pele tanto quanto o abraço de uma mãe ou de um pai. E esse sentimento de ser amado e seguro é algo que influencia nossa vida adulta. A confiança de estar em um ambiente seguro é fundamental.
“Se não conseguirmos construir uma confiança básica, o mundo parecerá indigno de confiança”, escreveu o psicólogo Erik Erikson em sua teoria do desenvolvimento psicossocial, e os gestos de amor ajudam a construir essa confiança. Um abraço quando temos um pesadelo. Um beijo quando nos machucamos. Esses gestos ajudam a gerar um ambiente de segurança em nossos filhos.
4. Quando pediu desculpas
Os pais são o exemplo de seus filhos e a maneira de ensinar valores a eles é que eles os vejam, daí a importância de saber se desculpar. Pedir desculpas como pais não é demonstrar fraqueza, pelo contrário, é ensinar empatia a eles. Uma mãe ou um pai que sabe admitir seus erros ensina a seus filhos que os erros não nos definem e que há uma maneira de lidar com eles.
5. A maneira como o incentivou a seguir em frente mesmo nos momentos difíceis
Cometer erros ou fracassar não é algo que nos define, e é quando temos alguém ao nosso lado que nos incentiva a continuar que desenvolvemos a verdadeira confiança e autoestima. “As pessoas que acreditam que têm o poder de exercer algum grau de controle sobre suas vidas são mais saudáveis, mais eficazes e mais bem-sucedidas”, escreveu Albert Bandura, o psicólogo que desenvolveu a teoria da aprendizagem social.
Nossa confiança vem da experiência de pequenos sucessos e de pessoas que nos incentivam a continuar e melhorar. Se seus pais fizeram isso com você, certamente essa é uma lembrança que permanece com você.