
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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É verdade que, se quisermos incentivar um hábito em uma criança, é melhor que ela nos veja praticando-o. Por exemplo, se queremos que ela seja ativa, será mais fácil para ela incorporar esse comportamento se perceber que nossa vida é ativa. Se desejamos que aprenda a controlar as emoções, ela precisará nos ver fazendo isso. E, se queremos que ela leia, terá que nos ver lendo. Neste último caso, por exemplo, podemos aproveitar a hora de dormir para ler uma história para nosso filho e começar a despertar esse interesse pela leitura.
Para Maya Payne Smart, pesquisadora em alfabetização e desenvolvimento infantil há mais de uma década e formada pela Universidade de Harvard, é preciso ir além. Ler para seu filho antes de dormir é positivo, mas não suficiente. Em entrevista à CNBC, a especialista explica: “Quanto mais as crianças ouvem, veem e falam sobre palavras, mais preparadas estarão para lê-las”. Por isso, ela reuniu cinco hábitos que pais adotaram com seus filhos para incentivar a leitura em casa — e a maioria deles nem envolve segurar um livro.
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1. Eles tratavam o balbucio dos bebês como uma conversa
Payne afirma que, embora os bebês ainda não consigam falar, os pais que interagem com seus sons e balbucios — respondendo com palavras reais, em vez de imitá-los — contribuem significativamente para o desenvolvimento da linguagem. “Eles fazem contato visual, sorriem e se adaptam ao momento. Têm ‘conversas’, sintonizando-se com os sons e o olhar do bebê e, em seguida, respondem com palavras, fazendo pausas para aguardar a resposta.” Essa prática é conhecida como “serve and return” (servir e devolver) e faz parte do aprendizado inicial da linguagem.
De acordo com o Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard, esse tipo de interação desempenha um papel essencial na formação da estrutura cerebral da criança. Também promove o desenvolvimento da linguagem, das habilidades sociais e serve como base para capacidades cognitivas mais complexas. Além disso, favorece a futura alfabetização pré-escolar, como o vocabulário expressivo e o reconhecimento de letras e sons. Em outras palavras, é fundamental para que a criança aprenda a falar, compreender o que ouve e, mais tarde, o que lê.
2. Eles falam sobre os sons das letras
Existe uma correlação positiva entre um ambiente familiar que estimula a leitura, a escrita e o desenvolvimento da linguagem precoce e a compreensão da leitura pelas crianças. Nesse contexto, muitos pais utilizam ferramentas para ensinar letras aos filhos, mas poucos associam as letras aos seus sons no dia a dia. Aprender a pronunciar as palavras, além de reconhecer suas formas, é essencial para o processo de leitura. Payne explica: “Pais que falam sobre os sons das letras ajudam seus filhos a entender que as letras são, basicamente, palavras na página”.
3. Eles fazem muitas perguntas e esperam pelas respostas
Pais que fazem perguntas aos filhos pequenos e, mais importante, lhes dão tempo para responder, ajudam no desenvolvimento do vocabulário e do conhecimento à medida que a criança cresce. Quanto mais elas falam, mais palavras entendem e usam — o que favorece a compreensão de leitura no futuro. Payne destaca que o mais importante não é apenas fazer perguntas, mas oferecer à criança a oportunidade de pensar e responder, pois “é isso que estimula o raciocínio e o aprendizado”.
4. Eles leem ao longo do dia, não só antes de dormir
Pais que leem para seus filhos desde cedo contribuem para o desenvolvimento do vocabulário e da compreensão deles. Quanto mais frequente for esse contato, maior será o progresso. Por isso, não é necessário reservar a leitura apenas para o momento de dormir. Ler pode (e deve) fazer parte de outros momentos do dia, como logo pela manhã, quando a criança está mais disposta. Segundo Payne, isso “gera mais conversas, mais perguntas e mais aprendizado”.
5. Eles brincam com as palavras
As palavras não estão apenas nos livros. Elas também aparecem em músicas, rimas, jogos de palavras, trava-línguas e adivinhas. Essas atividades divertem as crianças e as ajudam a perceber e explorar os sons dentro das palavras. “Antes de as crianças conseguirem relacionar sons às letras, elas precisam ouvi-los”, explica Payne. E essa escuta se desenvolve quando as crianças têm muitas oportunidades simples e frequentes de observar, comparar, segmentar, combinar e trocar sons.
Pesquisas das universidades de Cambridge e Fudan mostram que o bom desempenho em leitura na infância é um forte indicativo de sucesso a longo prazo. A leitura por prazer desde os primeiros anos está relacionada a melhor cognição, saúde mental e desempenho escolar na adolescência. Crianças que aprendem a ler bem desde cedo e desenvolvem o hábito da leitura têm mais chances de permanecer na escola por mais tempo, conquistar melhores empregos e salários, desenvolver maior inteligência emocional e funções executivas, como memória, planejamento e autocontrole — além de serem mais empáticas.
Se nada disso for suficiente para convencer você, aqui vai um bom motivo: crianças que leem são mais felizes — e todos nós queremos isso para nossos filhos.
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