
Psicóloga Clínica. Pós graduada em Neuropsicologia e Reabilitação Clínica e Saúde Pública. Pós graduanda em Psicologia H...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Você já se pegou conversando com seu bichinho de estimação como se ele fosse uma criança? Já comprou brinquedos, roupinhas e até comemorou o aniversário dele com bolo e tudo? Tratar os pets como filhos é um comportamento cada vez mais comum — e pode significar muito mais do que um simples gesto de carinho.
Cada vez mais, os animais de estimação ocupam o lugar de verdadeiros membros da família. Mas o que será que a psicologia tem a dizer sobre esse comportamento? A ciência já tem algumas respostas — e elas podem surpreender você. Confira!
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Tratar o animal de estimação como se fosse um filho é considerado saudável?
Do ponto de vista psicológico, a relação afetiva entre tutores e animais de estimação é vista como saudável — e, em muitos casos, até benéfica para a saúde mental.
Segundo a psicóloga Thaís Teixeira, conviver com um pet pode estimular o afeto, o cuidado e o senso de responsabilidade, especialmente para quem vive sozinho ou enfrenta dificuldades de socialização. “A presença de um animal pode ser extremamente positiva para pessoas com depressão, ansiedade ou mesmo para indivíduos no espectro autista, já que promove uma forma de conexão e companhia constante”, explica.
Em momentos difíceis, como o luto, essa convivência também pode ser uma fonte importante de regulação emocional. “Hoje já existem os chamados ‘cães de suporte emocional’, que são treinados para oferecer conforto e segurança a pessoas que enfrentam transtornos emocionais”, destaca Thaís.
Mas, como em qualquer relação, o equilíbrio é essencial. A psicóloga alerta que o excesso de afeto pode esconder sinais de alerta importantes. “Quando o pet se torna a única fonte de interação social, ou quando o tutor passa a negligenciar a própria saúde — ou até a do animal — em nome desse vínculo, é hora de ligar o sinal amarelo”, afirma.
Outro ponto de atenção é a chamada “infantilização do pet”, quando o animal passa a ocupar o papel de filho. “Esse comportamento pode indicar uma dependência emocional ou necessidades não tratadas, como traumas e carências profundas”, explica a especialista.
Conviver com animais é bom, mas é preciso ter cuidado com a “humanização”
Animais de estimação alegram o ambiente, oferecem companhia e ainda contribuem para o bem-estar emocional. Mas, apesar de todos esses benefícios, é importante entender os limites dessa relação — especialmente quando o animal começa a substituir outras conexões humanas.
Segundo a psicóloga Thaís Teixeira, conviver com pets faz bem, sim, mas não deve substituir os vínculos sociais. “O animal não pode ser nossa única fonte de interação ou prazer. Por mais que viver em sociedade seja desafiador, ainda precisamos de outras pessoas para suprir nossas necessidades emocionais de forma completa e saudável”, explica.
A especialista alerta que, quando o pet se torna a única companhia e principal fonte de satisfação, pode haver um desequilíbrio emocional por trás. “Se eu evito pessoas e passo a conviver apenas com animais, como forma de substituí-las, é um sinal de que preciso buscar ajuda terapêutica. Essa atitude pode estar relacionada a carências afetivas, traumas, lutos ou dificuldades nas relações interpessoais”, afirma Thaís.
Outro ponto de atenção é o comportamento de “humanizar” demais o animal — tratá-lo como filho, projetar sentimentos humanos ou esperar dele uma resposta emocional semelhante à de um ser humano. Isso pode ser reflexo de algo mais profundo. “Existe uma frase conhecida na psicologia que diz: ‘todo excesso esconde uma falta’. Comer demais, comprar demais, trabalhar demais… ou até se apegar demais a um pet pode indicar uma necessidade emocional não tratada”, completa a psicóloga.
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