
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

São muitas as queixas recorrentes sobre a Geração Z no ambiente de trabalho. Há uma série de estigmas associados aos profissionais mais jovens, e especialistas apontam que a desconfiança em relação às novas gerações não é novidade — trata-se de um fenômeno que se repete há séculos.
Por outro lado, há quem defenda a Geração Z e argumente que empresas e gestores mais velhos deveriam respeitar mais os jovens profissionais, que hoje exigem melhores condições. E os números mostram que há razões legítimas para essas reivindicações.
Líderes alertam que, para atrair e reter talentos, as empresas precisam se adaptar às novas demandas — não apenas da Geração Z, mas também da Geração Alfa, que em breve ingressará no mercado de trabalho.
Jessica Brannigan, diretora de Enterprise People Science na Culture Amp, faz um apelo para que empregadores deixem de lado a disputa entre gerações e passem a considerar, com mais atenção, as diferentes fases da vida e da trajetória profissional dos colaboradores. A declaração vem após a empresa analisar cerca de 2 milhões de trabalhadores ao longo de 10 anos.
No artigo intitulado “Os mitos sobre a Geração Z revelados: é hora de acabar com o jogo de culpas entre gerações”, Jessica Brannigan apresenta dados relevantes. Ela lembra que, pela primeira vez na história, cinco gerações convivem simultaneamente nas empresas.
Mitos sem fundamento
Embora muitos comentem que a Geração Z não atende às expectativas do mercado de trabalho, Brannigan questiona: “Esses mitos sobre a Geração Z realmente têm fundamento?”. A Culture Amp analisou dados globais de 1,7 milhão de funcionários pertencentes às gerações Boomers, X, Millennials e Z.
Segundo ela, os resultados indicam que as empresas precisam parar de atribuir falhas a grupos geracionais e passar a considerar, de forma mais estratégica, as necessidades dos colaboradores em diferentes fases da carreira.
Os dados, coletados ao longo de uma década, sugerem que as supostas diferenças entre gerações no ambiente de trabalho dizem mais sobre os estágios de vida e as mudanças de prioridade ao longo do tempo do que sobre características fixas de cada grupo etário.
Mitos desmentidos
A especialista afirma que a ideia de que a Geração Z é menos comprometida com o trabalho do que os millennials não passa de um mito. “A Geração Z costuma ser estereotipada nos ambientes corporativos como volúvel. Nossos dados de referência para 2024 mostram que esse grupo é o menos comprometido com a permanência no cargo atual, em comparação com outras gerações.”
No entanto, ao analisar dados de 2015 — quando os millennials tinham idade semelhante à da Geração Z atual —, foi identificado o mesmo padrão: na juventude, aqueles que hoje têm entre 30 e 40 anos demonstravam um nível de compromisso ainda menor com seus empregos do que a Geração Z demonstra hoje.
Comparações que caem por terra
Outro estereótipo comum sobre a Geração Z é o de que seria excessivamente crítica com chefes e superiores. No entanto, o estudo de dez anos revela que, apesar da fama de serem difíceis de gerenciar, os profissionais da Geração Z têm a percepção mais positiva de seus gestores quando comparados às demais gerações. “Quanto mais velho é o trabalhador, menos favorável tende a ser sua opinião sobre seu superior hierárquico”, aponta o levantamento.
A ideia de que os jovens da Geração Z estariam mais focados em interesses pessoais do que no crescimento profissional também não se sustenta. De acordo com a pesquisa, esse grupo demonstra o maior otimismo em relação à carreira — comportamento semelhante ao que foi observado entre os millennials há uma década.
Ao mesmo tempo, a aparente falta de compromisso da Geração Z está diretamente ligada às condições de trabalho que encontram e à ampla gama de opções disponíveis atualmente.
“É provável que os profissionais da Geração Z enxerguem o mercado como um espaço repleto de oportunidades para explorar, adquirir novas habilidades e mudar de trajetória profissional. Em vez de se prenderem a um único empregador, valorizam experiências que contribuam para seu desenvolvimento pessoal e profissional”, destaca o estudo.
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