
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

Desde muito cedo, os pais costumam incentivar os filhos a alcançar um bom desempenho acadêmico. E, segundo Theo Wolf — mentor do programa Spike Lab e colaborador do Lemann Program em Harvard —, há comportamentos comuns entre os pais de estudantes bem-sucedidos. Em entrevista à CNBC, ele revelou quais hábitos fazem diferença.
A forma como criamos os filhos, os valores transmitidos e as emoções que despertadas podem impactar diretamente o desempenho escolar. Certos hábitos, inclusive, podem ser decisivos para que alcancem a excelência acadêmica.
Wolf afirma já ter acompanhado diversos jovens que se tornaram adultos autoconfiantes, apaixonados por suas áreas de interesse, empreendedores, criadores de projetos complexos — e até alunos aceitos em instituições renomadas como Harvard, Princeton ou Stanford. Segundo ele, os hábitos dos pais têm papel fundamental nesse caminho.
1. Permitem o fracasso e a frustração
O estilo de criação adotado pelos pais pode influenciar diretamente o desempenho acadêmico dos filhos. Um erro comum entre muitos adultos hoje em dia é a superproteção, motivada pelo medo de que as crianças fracassem. No entanto, permitir que elas enfrentem situações difíceis e momentos de frustração é essencial para o desenvolvimento do caráter.
Essas experiências contribuem para o fortalecimento da resiliência e ensinam que erros e obstáculos fazem parte do caminho. Segundo Theo Wolf, as crianças precisam aprender a falhar — e, mais importante, a se reerguerem sozinhas. Só assim descobrem do que realmente são capazes.
2. Incentivam a autonomia e a capacidade de resolver problemas
Pais que estimulam a autonomia permitem que os filhos desenvolvam habilidades essenciais para lidar com desafios. Quando adultos intervêm constantemente nas dificuldades das crianças e adolescentes, limitam a chance de que eles aprendam a enfrentar situações por conta própria.
Esse tipo de comportamento é associado à chamada “criação removedora de obstáculos”, em que os responsáveis evitam que os filhos enfrentem frustrações. A longo prazo, isso compromete o desenvolvimento da independência. Promover a resolução de problemas, incentivar a tomada de decisões, a negociação e o reconhecimento de erros são atitudes que contribuem para o sucesso acadêmico e pessoal.
3. Valorizam os interesses individuais dos filhos
Inserir crianças em diversas atividades extracurriculares sem considerar seus interesses pode resultar em desmotivação e afastamento dos estudos. Em contextos altamente competitivos, é comum priorizar currículos padronizados, mas esse modelo tende a desconsiderar as verdadeiras habilidades e vocações de cada estudante.
Pais de estudantes bem-sucedidos costumam identificar essas inclinações desde cedo e criar condições para serem desenvolvidas. Estimular interesses genuínos favorece o engajamento, a criatividade e o crescimento pessoal, aspectos diretamente ligados ao bom desempenho acadêmico.
4. Servem como modelo de comportamento
Crianças e adolescentes tendem a aprender mais pelo exemplo do que por instruções diretas. A observação da conduta dos adultos, especialmente dos pais, exerce forte influência na formação de valores, atitudes e hábitos.
Por isso, responsáveis que desejam incentivar a responsabilidade, a organização ou o cuidado com a saúde precisam demonstrar esses comportamentos no dia a dia. Pais de estudantes com alto desempenho acadêmico costumam adotar posturas coerentes com o que esperam dos filhos, tornando-se referências concretas de disciplina, compromisso e equilíbrio.
5. Incentivam a participação nas tarefas domésticas
A inclusão das crianças nas tarefas de casa desde cedo pode ter efeitos positivos no desenvolvimento acadêmico. Estimular a colaboração nas atividades domésticas favorece o senso de responsabilidade, disciplina, autonomia e autoconfiança.
Pesquisas indicam que o envolvimento em rotinas do lar está associado à construção de habilidades importantes para o desempenho escolar. Participar dessas atividades também fortalece a percepção de pertencimento e o comprometimento com objetivos coletivos — fatores que contribuem para a formação de estudantes mais engajados e resilientes.
Referências
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