Médica dermatologista formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integra o corpo clínico d...
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O que é Dermatite atópica?
A dermatite atópica é uma doença crônica da pele que provoca crostas e erupções que coçam, sendo mais comum nas dobras dos braços e na parte de trás dos joelhos. Ela também é conhecida como eczema atópico.
De acordo com a dermatologista Kaliandra Cainelli, a doença é não-contagiosa e pode vir associada à asma brônquica e rinite alérgica. Ela surge na infância e se torna menos intensa na fase adulta, podendo desaparecer em 75% dos casos.
Causas
A causa exata da dermatite atópica ainda é desconhecida, mas especialistas acreditam que uma combinação de pele ressecada e irritável com um mau funcionamento no sistema imunológico do corpo esteja entre as probabilidades.
Além da pele seca, a dermatite atópica pode estar relacionada a outras causas, como:
Genética: as causas deste tipo de eczema podem estar atreladas às causas da asma e da rinite alérgica. Porém, com manifestação clínica variável, ou seja: nem todas as pessoas com dermatite atópica apresentam asma ou rinite alérgica; e nem todas as pessoas com essas doenças desenvolvem dermatite atópica.
Ambiente: o dermatologista Thales Pereira de Azevedo acrescenta que a dermatite atópica pode ser causada devido a fatores ambientais, como tecidos e produtos irritantes, bactérias, suor e clima seco.
Alergia alimentar: segundo a Academia Americana de Dermatologia, os alimentos não causam a dermatite atópica, porém, alguns estudos sugerem que alergias alimentares podem piorar a condição. Por isso, as crianças que sofrem com a condição tendem a ter alergias alimentares a alimentos como leite e derivados, nozes e mariscos.
Sintomas
A dermatite atópica é caracterizada especialmente por uma pele muito seca com prurido (coceira), problema que causa lesões escoriadas. Essas lesões pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas é mais comum observar seu surgimento nas regiões de dobras, como pescoço, cotovelo, atrás do joelho, mãos e tornozelos.
Desse modo, os principais sintomas da doença incluem:
- Pele seca
- Secreção ou sangramento da orelha
- Áreas esfoladas da pele causadas por coceira
- Alterações na cor da pele
- Pele mais clara ou escura que o seu tom normal
- Vermelhidão ou inflamação da pele ao redor das bolhas
- Áreas espessas ou parecidas com couro, que podem ocorrer após irritação e coceira prolongadas
Dermatite atópica em bebês
A dermatite atópica pode surgir ainda na infância, normalmente, entre os 3 meses e 2 anos de vida. A criança apresenta lesões vermelhas, crostosas e bastante pruriginosas, envolvendo cotovelos e joelhos, rosto e couro cabeludo. Em alguns casos mais graves, pode acometer todo o corpo.
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Diagnóstico
Não há nenhum exame específico para diagnosticar definitivamente a dermatite atópica. O diagnóstico é clínico e feito pelo médico através da análise da pele ou durante uma consulta de rotina, em que se consideram o histórico médico e familiar do paciente. Em casos duvidosos, pode ser realizado uma biópsia de pele.
Tratamento
O tratamento da dermatite atópica envolve diferentes fatores. Confira:
Hidratação da pele
Uma das principais partes do tratamento está no cuidado da pele com hidratação constante, usando cremes focados em peles sensíveis e secas. O dermatologista Samuel Henrique Mandelbaum indica que ela seja feita logo após o banho, o que ajuda na manutenção da umidade da pele. "Uma pele desidratada e seca coça mais e a coceira irrita a pele, criando assim um círculo vicioso que agrava o quadro da doença", explica o especialista.
Pessoas com dermatite atópica, independente do grau do quadro, devem passar hidratante todos os dias, às vezes até mais de uma vez por dia.
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Pomada para dermatite atópica
Embora o uso de hidratantes seja uma medida muito comum para tratamento da dermatite atópica, escolher o produto certo pode ser difícil. “A presença de substâncias nos cremes que podem causar alergias, sensibilidade natural da pele dos alérgicos, fórmulas mais ou menos hidratantes e resposta natural de cada indivíduo a determinados hidratantes”, explica o médico dermatologista Caio Castro.
A princípio, é provável que um creme ou uma pomada suave de cortisona (ou esteroide) sejam receitados. Se esses não surtirem efeito, pode ser necessário o uso de medicações orais. Talvez sejam necessários cremes com diferentes concentrações de esteroide para diferentes áreas da pele.
Remédio para dermatite atópica
Os anti-histamínicos tomados por via oral podem ajudar com a coceira que acompanha essa doença. A maioria das causas do eczema atópico, moderado a grave, são tratadas com medicamentos tópicos, que são colocados diretamente sobre a pele ou no couro cabeludo do paciente.
Tratamentos caseiros para dermatite atópica
Um tratamento caseiro possível é fortalecer a barreira da pele, evitando o contato com alérgenos ambientais, como poeira, pólen, sabonetes com perfume, produtos de limpeza doméstica e tabaco. Banhos quentes devem ser totalmente evitados - o ideal é tomar duchas frias ou mornas, pois a água quente resseca ainda mais a pele, que já é seca na dermatite atópica.
Além disso, o óleo natural da pele é removido nesses banhos, o que prejudica mais ainda a barreira protetora da pele, que já é deficiente neste quadro.
Segundo a dermatologista Kaliandra Cainelli, uma dica que é descrita e indicada no consenso de dermatite atópica da Sociedade Brasileira de Pediatria e também pela comunidade científica internacional são os "Wet wraps" ou "Wet dressing".
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Eles podem ser feitos em casa e consistem em aplicar um hidratante na pele, depois vestir uma roupa úmida por baixo e uma roupa seca por cima e permanecer por alguma horas do dia com essa roupa. Essa atitude simples hidrata a pele, reduz prurido e acalma as lesões.
Tem cura?
A dermatite atópica é uma doença crônica, logo, não possui cura completa. Ainda assim, é possível controlar com tratamento, evitando os irritantes e mantendo a pele bem hidratada.
Mais Sobre
Fotos de dermatite atópica
Atenção! As fotos a seguir podem ser fortes para você.
Referências
Tatiana Gabbi, médica dermatologista e assistente do Departamento de Dermatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (CRM-SP 104.415)
Clarissa Prati, Presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Secção RS (SBD-RS)
Thales Pereira de Azevedo, médico dermatologista formado na UFRJ - Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e do Grupo Brasileiro de Melanoma, Fellow de Dermatologia Oncológica no INCA e Fellow de Cirurgia Dermatológica no Hospital Geral de Bonsucesso
Kaliandra Cainelli, médica dermatologista graduada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) com Residência Médica em Dermatologia pelo Hospital Federal dos Servidores do Estado e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
Samuel Henrique Mandelbaum, médico dermatologista e professor da Universidade de Taubaté (SP)
Angélica Pimenta, médica dermatologista e tricologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
Suely Goldflus, médica reumatologista e responsável pela área terapêutica da farmacêutica Sanofi
Caio Castro, médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Professor Doutor de Dermatologia da PUCPR
Sociedade Brasileira de Dermatologia
American Academy of Dermatology
Simpson EL et al. Patient burden of moderate to severe atopic dermatitis (AD): Insights from a phase 2b clinical trial of dupilumab in adults. J Am Acad Dermatol. 2016 Mar; 74(3): 491-8