
Estudante de Jornalismo no Centro Universitário FMU FIAM-FAAM, apaixonada por escrita e leitura.
O que é Ginecomastia?
Ginecomastia é o crescimento de mamas de tamanho fora do normal em homens. Ao contrário do que muitos podem pensar, este problema deve-se ao excesso de tecido mamário e não ao excesso de gordura.
A ginecomastia possui três picos fisiológicos, que regridem posteriormente sem ajuda de tratamento:
- Durante a lactação, quando a criança pode ter influência dos hormônios maternos no leite, que pode ocasionar o aumento da glândula mamária, regredindo após o término da amamentação
- Durante a puberdade, quando o menino começa a ter alguns hormônios e passa também por um desbalanço hormonal, que pode gerar o aumento da glândula (geralmente, essa mama cresce e regride)
- Andropausa, que é quando o homem tem queda dos hormônios e também passa por um desbalanço hormonal.
Ginecomastia ou gordura torácica?
É bastante comum os homens se confundirem entre um quadro de ginecomastia real ou de gordura acumulada na região torácica. Porém, diferente da ginecomastia, que é definida como o desenvolvimento excessivo do tecido glandular da mama, a gordura torácica é uma consequência específica do ganho de peso excessivo e pode ser chamada de pseudoginecomastia.
Além disso, uma das principais diferenças entre ambas as condições é que, diferente da gordura torácica, na ginecomastia, é possível sentir um nódulo duro e firme sob a região do mamilo. Esse caroço pode ser doloroso ou sensível ao toque.
Causas
Além da ginecomastia causada pelos picos fisiológicos, a condição pode ocorrer também por outros motivos e em pessoas de várias idades. Em recém-nascidos, a causa mais comum costuma ser uma reação ao contato com o estrogênio da mãe durante a gestação. Nesses casos, a ginecomastia costuma se resolver rapidamente.
Em adolescentes, o problema costuma acontecer por volta dos 14 anos de idade e pode afetar uma ou as duas mamas. Nesses casos, a ginecomastia se deve a um aumento tardio na quantidade de testosterona nos meninos, em relação à quantidade de estrogênio que é bastante comum durante a puberdade.
Quando o problema afeta adultos mais velhos, ele pode estar diretamente relacionado à queda nos níveis de testosterona no organismo devido à idade. Entretanto, o índice desse hormônio no organismo pode decair como resultado de outras condições de saúde e situações, como:
- Efeitos colaterais de alguns medicamentos
- Câncer de testículo
- Disfunções da tireóide
- Alterações alimentares
- Defeitos congênitos
- Doença hepática crônica
- Quimioterapia
- Câncer de mama (ainda que seja uma doença extremamente rara em homens)
Pessoas que usam esteroides anabolizantes também podem desenvolver ginecomastia, visto que o aumento da oferta de hormônios no organismo pode causar um desbalanço hormonal.
Além disso, a condição pode surgir em pessoas com obesidade, porque elas têm um aumento da enzima chamada aromatase, que converte o hormônio masculino (testosterona) em estrogênio, o hormônio feminino.
Contudo, conforme explica Fernando Amato, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), mesmo tendo várias causas, a maioria dos casos de ginecomastia acabam sendo classificados como idiopáticos, ou seja, sem uma causa definida.
Medicamentos que causam ginecomastia
Alguns medicamentos podem ser responsáveis pelo surgimento de ginecomastia em homens, especialmente as fórmulas com efeito antiandrogênico (bloqueadores de testosterona), com propriedades estrogênicas (hormônio feminino) e que aumentam a concentração de proteínas ligadoras de hormônios sexuais.
Dentre esses medicamentos estão: omeprazol, cetoconazol, ranitidina, estrogênios e diazepam.
Buscando ajuda médica
Consulte um médico se você ou seu filho estiver com as mamas maiores do que o normal, principalmente se este aumento vier acompanhado de dor ou inchaço ou qualquer outro sintoma.
Os especialistas que podem diagnosticar a ginecomastia são:
- Clínico geral
- Mastologista
- Pediatra
- Urologista
- Endocrinologista
Tratamento
O aumento das mamas em homens pode ser extremamente constrangedor, especialmente para adolescentes. A boa notícia é que existe solução para o problema.
Em geral, o tratamento mais adequado para a ginecomastia vai depender da causa, da duração e da gravidade do quadro, e se o aumento das mamas causa alguma dor ou desconforto. Ele pode ser feito, principalmente, de duas maneiras:
- Terapia hormonal, que bloqueia o efeito do estrogênio
- Cirurgia, que reduz o tamanho da mama por meio de remoção de tecido
No caso da ginecomastia transitória, que ocorre durante a puberdade, ela costuma desaparecer sozinha em até 3 anos, sem a necessidade de qualquer tratamento.
Por outro lado, se a ginecomastia for causada por uma condição subjacente, esta também deverá ser tratada adequadamente com acompanhamento médico.
Cirurgias
O tipo de cirurgia a ser feito vai depender do quadro de ginecomastia do paciente e deverá ser avaliado junto a um cirurgião plástico. A lipomastia, por exemplo, é o procedimento mais indicado para o caso de acúmulo de gordura na região das mamas. Trata-se de uma lipoaspiração comum realizada nessa área específica.
Já no caso do aumento do tecido glandular, é necessário fazer a remoção de toda a glândula mamária. "Caso o cirurgião deixe algum resquício desse tecido, a glândula voltará a crescer", esclarece o médico Patrick Kovac, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A incisão dependerá da quantidade de tecido a ser removido: mamas maiores precisarão também de uma remoção maior de pele, o que pode deixar cicatrizes maiores. Em geral, é feito um corte em formato de meia lua ao redor do mamilo, com a abertura virada para cima.
"Essas cirurgias são feitas com anestesia local e sedação, com alta no mesmo dia e retorno ao trabalho em três dias", explica o cirurgião plástico André Colaneri, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Em casos mais raros, é usada a anestesia geral, neste caso, o tempo de internação deve ser maior (ao menos 24 horas).
É importante notar que as cirurgias são indicadas para homens acima dos 18 anos que não obtiveram a resposta esperada com o tratamento clínico e/ou apresentam desconforto psíquico em função da ginecomastia.
Exames necessários antes da cirurgia
Exames gerais
De maneira geral, são solicitados exames laboratoriais, como o hemograma completo. Será avaliada, principalmente, a presença de anemia, infecções e alterações da contagem de plaquetas. Considera-se prudente ainda solicitar as dosagens de sódio, potássio, ureia e creatinina com o intuito de avaliar a função renal.
Outro teste que também pode ser solicitado pelo médico é o coagulograma completo para verificar se existe algum distúrbio de coagulação do sangue. E após certa idade, aconselha-se realizar glicemia de jejum para avaliar se o paciente é portador de diabetes.
Em alguns casos, pode ser necessária a solicitação de exame de urina com urocultura, com o qual é possível diagnosticar uma infecção urinária. Para pacientes mais velhos, outros exame se tornam necessários, como o eletrocardiograma e radiografia de tórax para avaliar a função cardíaca e pulmonar.
Exames específicos
O médico deve solicitar ainda uma ultrassonografia de mamas, até mesmo para avaliar qual é a composição do aumento mamário do paciente.
Tempo de cirurgia
Tanto a lipomastia quanto a cirurgia de redução da glândula mamária duram em torno de uma hora. Se a condição estiver presente nas duas mamas, a cirurgia pode durar em torno de uma hora e meia.
Cuidados pré-operatórios
O paciente deve fazer jejum por oito horas antes da cirurgia e não tomar medicamentos que interfiram na coagulação, como o ácido acetilsalicílico, por exemplo. Será necessária a tricotomia - retirada dos pelos entre o pescoço e o umbigo e os pelos das axilas. Se o homem preferir, pode realizar esse procedimento em casa, antes da cirurgia.
Recuperação após a cirurgia
O paciente pode receber alta no mesmo dia, seis horas após o final da cirurgia. Entretanto, é necessário o uso de drenos com incisão no local da cirurgia por três dias, em média. Após a cirurgia de ginecomastia, são necessárias, em média, duas semanas para retomar a movimentação normal.
O paciente também deverá usar um colete elástico no período pós-operatório, por cerca de 30 a 45 dias, com o objetivo de melhorar a aderência da pele ao tórax. O colete deve ser retirado apenas para o banho, que deve ser feito um dia após a cirurgia.
Já os exercícios físicos devem ser retomados em 30 dias após a retirada do colete cirúrgico. E o tabagismo deve ser evitado por, pelo menos, 15 dias após a cirurgia. Isso porque o cigarro prejudica a cicatrização dos tecidos operados.
O cirurgião plástico também deve prescrever um antibiótico com o objetivo de evitar infecções e medicação analgésica e anti-inflamatória, principalmente se for realizada a lipoaspiração, que costuma ter um pós-operatório mais doloroso.
Riscos da cirurgia de ginecomastia
Os riscos da cirurgia de ginecomastia são a formação de hematomas (que o uso de colete elástico ajuda a evitar), equimoses (manchas arroxeadas), abertura da incisão (a ferida operatória, antes de se tornar cicatriz), infecção, necrose da pele e cicatrizes inestéticas. Queloides podem acontecer, mas são raros.
Resultados da cirurgia
Segundo o cirurgião André Colaneri, os resultados da cirurgia de ginecomastia dependem de muitos fatores individuais, no entanto, é comum que as mamas fiquem com aspecto satisfatório e com cicatrizes discretas. O resultado final ocorre entre seis meses e um ano após a cirurgia.
Referências
André Colaneri (CRM 87886), cirurgião plástico e especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Fernando Amato (CRM SP 133826), cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Patrick Kovac (CRM 100761), Cirurgiã plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).