Mestre em educação médica com residência médica em Pediatria. Pós-graduada em Neurologia e Psiquiatria com formação em H...
iFormado pela Universidade Luterana do Brasil, no Rio Grande do Sul, é especializado em conteúdos de saúde
O que é Síndrome das pernas inquietas?
Síndrome das pernas inquietas, ou doença de Willis-Ekbom, é uma condição caracterizada pela agitação incontrolável de mover os membros inferiores, podendo acometer tanto as pernas, quanto, em casos menos comuns, os braços e outros membros do corpo. Em geral, esse distúrbio ocorre em momentos de repouso, especialmente à noite, e faz com que as pessoas sintam formigamentos, arrepios e queimações nos membros afetados, além da necessidade de movimentar as pernas para aliviar os sintomas.
Causas
A causa da síndrome das pernas inquietas não é clara, mas, sabe-se que a ocorrência pode estar associada à deficiência de dopamina (também responsável por enviar mensagens que controlam os movimentos musculares do corpo) e de ferro em áreas motoras do cérebro, causando movimentos involuntários e repetitivos.
Existem medicamentos que causam a síndrome das pernas inquietas?
A síndrome das pernas inquietas pode ser agravada por medicamentos antidepressivos, como a bupropiona.
Sintomas
Entre os sintomas da síndrome das pernas inquietas, a principal é a vontade de manter as pernas em constante movimento. Porém, há alguns sinais que alertam para o desenvolvimento dela, como:
- Urgência em se movimentar quando se está deitado ou sentado com as pernas dobradas
- Sentir piora dos sintomas durante a noite
- Ter crises de movimentos periódicos das pernas durante o sono
Pessoas com a síndrome das pernas inquietas também costumam relatar sensações estranhas, aparecendo em forma de:
- Formigamento
- Arrepios
- Fisgadas
- Latejamento
- Dores
- Queimações
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo médico através de um exame clínico e relato da pessoa que está se queixando dos sintomas.
Caso o paciente também apresente sintomas de movimentos periódicos das pernas ao dormir, ele poderá ser encaminhado a um especialista em medicina do sono, que poderá conduzir um exame de polissonografia, pois há uma outra condição, denominada distúrbio do movimento periódico dos membros (DMPM) que pode provocar espasmos durante o sono.
Desse modo, o paciente é monitorado durante a noite por um aparelho que mede atividade cerebral, batimentos cardíacos, respiração, atividade muscular e movimentos dos olhos.
Segundo o Grupo Internacional de Estudos da Síndrome das Pernas Inquietas, os seguintes critérios devem ser seguidos para o diagnóstico da condição:
- Ter desejo forte e irresistível de mover as pernas, normalmente acompanhado de sensação desconfortável nesses membros
- Apresentar sintomas que começam ou pioram quando se está em descanso, como nas posições sentada ou deitada
- Ter sintomas que são aliviados parcialmente ou temporariamente por atividades como alongamento ou caminhadas
- Experimentar sintomas que pioram à noite
- Manifestar sintomas que não podem ser explicados por nenhuma outra condição física ou mental
Fatores de risco
Normalmente, a síndrome é identificada em pacientes com um certo perfil. Os fatores de riscos que podem favorecer o surgimento da condição:
- Hereditariedade: ter alguém da família que desenvolveu a síndrome das pernas inquietas, principalmente após os 40 anos de idade. Mais de um terço dos casos acontecem em quem tem alguém na família que apresentou a condição
- Gravidez: a síndrome pode surgir durante a gestação
- Doenças crônicas: o diagnóstico de doenças como diabetes, problemas renais, doença de Parkinson ou neuropatia periférica podem ser fatores de risco
Além disso, a síndrome das pernas inquietas também pode surgir ou agravar por causa das seguintes circunstâncias:
- Privação de sono
- Uso de álcool ou cafeína
- Tabagismo
- Obesidade
- Uso de algumas medicações para doenças psiquiátricas
- Anemia
- Processo de retirada de um sedativo
Na consulta médica
Qual médico procurar para o diagnóstico da síndrome?
Especialistas que podem diagnosticar uma síndrome das pernas inquietas são:
- Clínico geral
- Neurologista
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Tratamento
Normalmente, a síndrome das pernas inquietas é resolvida com o tratamento da doença subjacente que está causando o problema, como a anemia ou a neuropatia periférica (⅓ dos casos estão relacionados a esta última condição). Caso não haja nenhum problema associado ao quadro, existem tratamentos focados em mudanças de hábitos ou uso de medicamentos.
Técnicas de relaxamento para a síndrome das pernas inquietas
Algumas técnicas podem amenizar ou até mesmo solucionar os sintomas da síndrome das pernas inquietas, como:
- Banhos mornos e massagens, pois relaxam os músculos
- Uso de bolsa térmica quente e fria, para reduzir as sensações de formigamento nas pernas
- Técnicas relaxantes, como yoga ou meditação, para redução do estresse, que pode agravar os sintomas
- Higiene do sono, pois a fadiga pode piorar os desconfortos da síndrome.
Exercícios regulares e moderados que envolvam alongamentos, feitos sob orientação de um educador físico, também podem melhorar os sintomas. Além disso, pode ser aconselhada a redução no consumo de cafeína.
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Medicamentos
Não existem medicamentos específicos para a síndrome de pernas inquietas. No entanto, alguns remédios desenvolvidos para o tratamento de outras doenças podem ser eficazes para o problema e prescritos por um médico, como:
- Medicamentos que aumentam a dopamina no cérebro
- Opióides, que, no entanto, podem causar vício se usados de forma errada
- Benzodiazepínicos, categoria que engloba alguns remédios ansiolíticos e para dormir.
Cuidados
As principais indicações para quem sofre do distúrbio são:
- Fazer exercício físico regularmente, evitando esportes intensos ou a prática antes de dormir
- Seguir bons hábitos de sono
- Evitar produtos com cafeína (café, determinados chás, refrigerantes à base de cola, chocolates), nicotina e álcool
- Relaxar as pernas numa banheira quente
- Meditar, fazer ioga, ouvir música suave ou se dedicar a outras técnicas de relaxamento
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Referências
International Restless Legs Syndrome Study Group
Saúde e Bem-Estar
Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade