Doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista e...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iGraduada em Medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos e com especialização em Cardiologia pelo Hos...
iO que é Marca-passo?
Marca-passo nada mais é do que um pequeno aparelho implantado perto do coração que tem como função monitorar e regular os batimentos cardíacos. Ele sente a atividade elétrica do do órgão e mantém o ritmo cardíaco em uma frequência mínima, para não ficar mais lento que o necessário.
Tipos
Há três principais tipos de marca-passo, são eles:
- Definitivo: como o próprio nome indica, é implantado de forma definitiva sob a pele do peito do paciente através de uma cirurgia, seus fios ficam no átrio e ventrículo do coração. É também o mais conhecido popularmente;
- Transcutâneo ou transtorácico: usado para emergências, conta com duas pás de eletrodos colocados no tórax do paciente e conectadas a um desfibrilador;
- Transvenoso: também usado em caso de emergências, este marca-passo possui um cabo-eletrodo que é inserido dentro do ventrículo através de uma incisão em uma artéria.
Os aparelhos usados em emergências não são definitivos. Ou seja, são usados de maneira temporária e podem ser chamados de marca-passo externo ou marca-passo provisório.
Como funciona?
“O marca-passo funciona através de um fio (eletrodo) que posicionamos dentro da cavidade direita do coração e que emite um estímulo elétrico, quando ocorre uma falha das batidas do coração”, explica a cardiologista Dra. Alessandra Gazola.
Tal fio é conectado com o gerador, que fica preso ao peito do paciente e serve como a bateria do marca-passo.
Quando é necessário o uso de marca-passo?
A implantação do marca-passo pode ser indicada em situações de bradicardia (baixa frequência do coração) associada a outros sintomas, como a identificação de pausas ou paradas nas batidas do coração associada ou não a tontura ou desmaio e por arritmias. Sendo assim, seu uso é necessário em casos do coração ficar abaixo dos 40 batimentos por segundo, ter uma pausa maior do que 3 segundos ou anomalia séria no ritmo cardíaco.Alguns dos casos em que pode ser indicada a implantação do marca-passo são:
- Doença do nó sinusal;
- Bloqueios atrioventriculares e bloqueios intraventriculares;
- Síndrome de hipersensibilidade do seio carotídeo;
- Síncope vasovagal;
- Bloqueio bifascicular crônico;
- Síncope neurocardiogênica;
- Cardiomiopatia hipertrófica;
- Insuficiência cardíaca grave;
- Doença cardíaca congênita;
- Infecções, como Doença de Chagas;
- Envelhecimento;
- Problemas na tireoide.
O uso do aparelho ainda pode ser indicado após um infarto, transplante de coração ou para tratar alterações cardíacas causadas pelo uso de drogas.
Quem coloca o marca-passo?
Existe uma sociedade de médicos que certifica o treinamento de pessoas para o implante de marca-passo, o Departamento de Estimulação Cardíaca artificial da Sociedade de Cirurgia Cardiovascular. Hoje cirurgiões cardíacos e médicos cardiologistas são habilitados a colocar o dispositivo.
Como é feita a cirurgia?
“A cirurgia é um procedimento simples, onde se aplica anestesia local e que dura em média até uma hora”, explica a Dra. Alessandra Gazola.
O procedimento consiste em alcançar o coração através de uma artéria para implantar o eletrodo. Para isso, é feita uma incisão próxima ao ombro e embaixo da clavícula. Já o gerador é posicionado sob a pele do paciente.
Durante todo o procedimento, o médico acompanha em vídeo onde o fio está sendo posicionado. O marca-passo é testado ainda na sala de cirurgia para garantir seu funcionamento.
É muito comum que o paciente receba alta ainda no mesmo dia.
Perguntas frequentes
Há riscos em colocar o marca-passo?
Segundo a Dra. Gazola, o maior risco é não implantar o marca-passo, quando há a sua indicação. “O que temos que cuidar é da cicatriz após a implantação, para evitar infecção no local, e hematomas no local devem ser acompanhados, se houver”, completa.
O uso da tipóia e a limpeza correta tendem a evitar tais complicações.
Quanto tempo dura um marca-passo?
Em média o gerador (bateria) dura 10 anos, mas, à medida que os meses vão passando, essa bateria pode ir se deteriorando ou sendo usada devido a necessidade de cada paciente. Por isso, é recomendado fazer o acompanhamento com o seu cardiologista regularmente para fazer a verificação desse gerador.
O que uma pessoa com marca-passo não pode fazer?
“Após o procedimento deve-se ter cuidado nas primeiras duas semanas com o posicionamento e esforço do braço e próximo ao local onde foi implantado a bateria (gerador), evitando segurar sacolas ou peso”, explica Dra Alessandra Gazola. Após o primeiro mês, é possível que o paciente possa voltar a se movimentar mais, evitando as atividades muito bruscas para não causar inflamação local e acelerar a cicatrização.
“Não se esqueça de sempre andar com sua carteirinha. E mesmo após liberação total, deve-se evitar esportes que possam atingir o local do marca-passo”, completa a especialista. Além disso, há alguns cuidados para evitar possíveis falhas no funcionamento do aparelho e acidentes:
- Falar no celular sempre do lado contrário onde está posicionado o gerador e não guardar o aparelho no bolso do mesmo lado do gerador;
- Evitar contato direto com equipamentos eletrodoméstico quando estiverem funcionando, como micro-ondas e aparelhos sem fio;
- Evitar terapias com ondas magnéticas (colchão, estimuladores musculares e massageadores, por exemplo).
É importante também evitar aparelhos que criam campo magnético, como exame de ressonância magnética, geradores de alta tensão e torres de eletricidade. A ressonância pode ser feita dependendo do tipo do marca-passo, mas isso deve ser alertado ao médico durante o pedido do exame.
Além disso, as portas de bancos e aeroportos podem detectar o aparelho. Para evitar o desconforto de acionar o detector de metais, apresente sempre sua carteirinha.
Referências
Diretriz Brasileira de Dispositivos Cardíacos Eletrônicos Implantáveis – 2023 – Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) e (SOBRAC), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV). Disponível em:https://abccardiol.org/wp-content/uploads/articles_xml/0066-782X-abc-120-01-e20220892/0066-782X-abc-120-01-e20220892.x55156.pdf