Graduação em medicina pela Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. Residência médica em Clínic...
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O que é Curva glicêmica?
O exame de curva glicêmica, também chamado de Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG), é geralmente solicitado para confirmar o diagnóstico de diabetes ou pré-diabetes, além de resistência à insulina e de outras alterações nas células pancreáticas.
Ele recebe esse nome devido ao desenho gráfico que representa o nível de açúcar no sangue no resultado do exame. Essa representação demonstra a velocidade de consumo do carboidrato. Entenda com mais detalhes o que é curva glicêmica, para que serve e como é feita a seguir:
Curva glicêmica: para que serve?
O exame de curva glicêmica serve para auxiliar no diagnóstico do diabetes mellitus e de resistência à insulina. Além disso, ele também pode ser importante para analisar o risco da pessoa desenvolver diabetes, apontando para um quadro de pré-diabetes.
O exame também faz parte dos exames pré-natais, pois ajuda a acompanhar a glicemia e a avaliar o risco de diabetes gestacional, que pode ser prejudicial tanto para a mãe quanto para o bebê. O exame de curva glicêmica é indicado para todas as pessoas que estão rastreando ou investigando o diabetes mellitus, além de todas as mulheres entre 24 e 28 semanas de gestação.
Exame de curva glicêmica: como é feito?
O exame de curva glicêmica é feito a partir da coleta de diversas amostras de sangue para dosar a glicose. A primeira amostra é coletada após jejum de oito horas e as demais após a ingestão de uma dose de glicose, geralmente de 75 gramas.
“Normalmente, se coletam amostras de 30 em 30 minutos até completar duas horas após a ingestão da glicose. Uma versão simplificada é o teste oral de tolerância à glicose, em que se coleta apenas a amostra em jejum e após duas horas da ingestão de 75 gramas de glicose”, explica Pedro Saddi, endocrinologista do Fleury Medicina e Saúde.
Dessa forma, o exame de curva glicêmica pode durar, no mínimo, duas horas para ser feito. Posteriormente, as amostras são levadas a um laboratório de análises clínicas, cujo prazo para o resultado pode variar de acordo com cada empresa.
Curva glicêmica para gestante
No caso da curva glicêmica para gestante, o exame é feito de uma forma um pouco diferente. Conforme explica Saddi, são coletadas três amostras em gestantes: uma em jejum, outra após 60 minutos e a última após 120 minutos da ingestão de 75g de glicose.
Além disso, é importante que a mulher esteja em posição confortável, normalmente deitada, para evitar mal-estar durante a realização do exame. O período ideal para realizar a curva glicêmica em gestante é entre a 24ª e 28ª semana de gestação, pois isso minimiza as chances de partos prematuros ou hipoglicemia neonatal.
Vale ressaltar a importância deste exame durante o pré-natal. Na gravidez, os hormônios produzidos pela placenta podem reduzir a efetividade da insulina em diminuir a glicose no sangue. Com isso, os níveis de açúcar na corrente sanguínea podem aumentar consideravelmente.
“Essa é a melhor opção de exame para diagnosticar diabetes mellitus em gestantes, pois foi o exame adequadamente estudado, correlacionando seus resultados com desfecho materno-fetal”, explica o endocrinologista.
Curva glicêmica: preparo
O preparo da curva glicêmica requer jejum de oito horas, podendo ser ingerida água pura durante esse período sem alterar o exame. Em crianças com menos de nove anos de idade que não consigam ficar esse tempo sem se alimentar, o período de jejum deve ser orientado pelo médico que solicitou o exame.
É recomendado seguir uma dieta usual, sem restringir carboidratos (massas, açúcar e doces) nas 72 horas que antecedem o teste. O uso de laxantes é proibido na véspera do exame e não é recomendado fazer esforço físico no mesmo dia do procedimento.
Contraindicações
O exame de curva glicêmica é contraindicado para gestantes bariátricas e para todas as pessoas que foram submetidas à cirurgia bariátrica. “Não existem valores de referência para essa situação”, explica o profissional. “Além disso, o risco de hipoglicemia é maior”, completa.
Além disso, a curva glicêmica não deve ser solicitada para investigação de hipoglicemia. “O teste indicado para isso é o teste de refeição mista, que é semelhante à curva glicêmica, mas a ingestão é de uma dieta padronizada em vez dos 75 gramas de glicose”, esclarece.
Considerações
Antes de realizar o exame de curva glicêmica, é preciso entender o que pode alterar o exame de glicose, se é normal passar mal ou não e qual é a periodicidade ideal para repetir o teste. Confira a seguir:
É normal passar mal no exame de curva glicêmica?
De acordo com Pedro Saddi, não é comum, mas acontece com mais frequência durante a gravidez. “Cerca de 20% das gestantes relatam algum grau de náusea”.
Efeitos colaterais
Apesar de não ser comum passar mal durante o exame, pode ser que a curva glicêmica cause alguns efeitos colaterais. “A ingestão dos 75 gramas de glicose deve ser feita em, no máximo, cinco minutos. Isso, aliado ao fato de essa ser uma dose elevada de açúcar, pode causar náuseas e/ou vômitos. Mais raramente, pode ocorrer hipoglicemia”, afirma o endocrinologista.
O que pode alterar o exame de glicose?
Fatores que podem alterar o exame de glicose são: consumo de doces ou bebidas açucaradas antes da realização do exame (sem respeitar o jejum), jejum prolongado, uso de medicamentos, prática de atividade física no dia do exame ou estresse.
De quanto em quanto tempo o exame deve ser feito?
De acordo com Saddi, quando o assunto é gravidez, o exame de curva glicêmica deve ser feito somente uma vez. “Fora da gestação, não existe uma recomendação formal. Depende da avaliação do médico. Lembrando que existem exames mais simples, como glicemia de jejum e hemoglobina glicada que, muitas vezes, fazem o diagnóstico sem a necessidade da curva glicêmica”, diz.
Curva glicêmica: valores de referência e resultados
Os valores de referência de curva glicêmica e seus respectivos resultados são:
Em jejum | Resultado | Após duas horas da ingestão de glicose | Resultado |
Inferior a 100 mg/dL | Normal | 140 mg/dL | Normal |
Entre 100 e 125 mg/dL | Tolerância à glicose diminuída | Entre 140 e 199 mg/dL | Tolerância à glicose diminuída |
Igual ou superior a 126 mg/dL | Diabetes | Igual ou superior a 200 mg/dL | Diabetes |
O resultado da curva glicêmica que indica tolerância à glicose diminuída significa que há um risco de desenvolver diabetes, podendo representar um quadro de pré-diabetes. Neste momento, não há sintomas comuns da doença, mas já pode ser iniciado um tratamento para prevenção do diabetes.
Referências
Pedro Saddi, endocrinologista do Fleury Medicina e Saúde (CRM 107742/SP)