Eutonia: como ela pode combater as doenças do trabalho

No Brasil, é grande o número de empresas que já perceberam a importância de investir na saúde de seus funcionários, principalmente em sua integridade física e psicológica. Por isso, muitas delas têm colocado em prática programas que visam manter a saúde física e emocional de seus colaboradores.

A prática de exercícios físicos no local de trabalho não é uma novidade, apesar de estar em maior evidência no país. Ela já existia na Inglaterra desde a Revolução Industrial, que trouxe novas formas de trabalho e processos de produção — o que, consequentemente, fez surgir as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho (DORT).

Doenças do trabalho

Muito se fala em LER e DORT, mas o que de fato são esses distúrbios? Em linhas gerais, são alterações e sintomas em diversos níveis de intensidade em estruturas do corpo, como: tendões, articulações, nervos e músculos, e também a alteração do sistema modulador da dor.

Esses distúrbios são causados por repetitividade e excesso de movimentos, falta de flexibilidade de tempo e ritmo, exigência de produtividade, estresse emocional pessoal, e mobiliário e equipamentos inadequados.

Principalmente após o boom da informática, essas doenças do trabalho se intensificaram e até sofreram algumas mudanças. Há algumas décadas, os males por movimentos repetitivos se restringiam aos trabalhadores braçais, e agora atingem a todos.

A rotina dos escritórios, geralmente, é acompanhada de uma vida sedentária, onde o funcionário permanece em uma mesma posição por muito tempo e, na maioria das vezes, repetindo os mesmos movimentos milhares de vezes por dia.

Por causa destas doenças, muitos funcionários estão em tratamento e até necessitam ser afastados de seu trabalho. Assim, percebendo a redução do rendimento dos trabalhadores e o aumento nos afastamentos, as empresas têm que buscar soluções para o problema. E a melhor delas é a ginástica durante o horário de trabalho.

Exercícios no trabalho

Os exercícios realizados no trabalho, também chamados de ginástica laboral, envolve uma prática coletiva e orientada, feita no próprio local de trabalho e durante a sua jornada diária. Esse hábito melhora a flexibilidade, força, coordenação, ritmo, agilidade e resistência, promovendo uma maior mobilidade e postura.

Além disso, reduz a sensação de fadiga no final da jornada, contribuindo para uma melhor qualidade de vida do trabalhador. Outro resultado importante é favorecer o relacionamento social e o trabalho em equipe, desenvolvendo a consciência corporal, pois as esferas psicológica e social são beneficiadas.

Com isso, a empresa também ganha, principalmente porque há uma redução considerável de despesas por faltas, afastamento médico, acidentes e lesões. A motivação e a disposição por parte dos funcionários também aumenta, diminuindo o número de erros e falhas, contribuindo inclusive para o aumento da integração e humanização no ambiente de trabalho.

Ginástica laboral x eutonia

Uma alternativa ao modelo tradicional de exercícios no trabalho é a eutonia. Essa prática corporal pedagógica traz aos trabalhadores os mesmos benefícios da ginástica laboral, mas com o diferencial de proporcionar a autoconsciência do corpo.

A técnica permite ao indivíduo descobrir recursos internos, que o ajudem a alcançar consciência corporal e expandir sua sensibilidade, com uma economia importante de esforço, e acrescentando prazer à ação realizada.

Conhecendo-se melhor, é possível passar a lidar melhor com seu próprio corpo e com o meio em que vive, levando os benefícios da prática no trabalho para todas as áreas da vida. Ela ajuda até mesmo a integrar beneficamente o corpo aos instrumentos de trabalho, tais como mouse, teclado, máquinas, ferramentas, entre outros.

São inúmeras as vantagens que a eutonia proporciona a quem a pratica, como:

• Ajuda na prevenção e tratamento de distúrbios osteomusculares e articulares (artrites, artroses, tendinites, LERs, fraturas e paralisias);
• Melhora questões posturais;
• Combate a insônia;
• Ajuda em quadros pré e pós-operatórios;
• Favorece a gravidez e a preparação para o parto;
• Equilibra as funções vegetativas (sono, respiração, digestão, circulação cardiovascular, circulação linfática);
• Promove profundo autoconhecimento e a percepção da totalidade e integração corpo/mente/espírito;
• Confere autonomia
• Melhora a qualidade de vida;
• Aumenta o ânimo para o trabalho;
• Aumenta a integração social;
• Melhora o desempenho profissional;
• Diminui as tensões acumuladas no trabalho;
• Diminui a fadiga visual, corporal e mental por meio das pausas para os exercícios, entre muitos outros.

Complementando a ginástica laboral

Aliada aos projetos de ginástica laboral das empresas, a eutonia faz com que os objetivos propostos sejam alcançados de forma mais rápida e eficaz. Isso porque ela leva os indivíduos a tomar consciência do que causa as doenças de trabalho que possuem, e qual a melhor forma de curá-las, evitando a repetição do erro — enquanto a ginástica laboral apenas promove o bem-estar momentâneo dentro do ambiente de trabalho.

Devemos notar também a importância do acompanhamento de um profissional especializado em ambas as atividades, porque, se os movimentos forem feitos de forma errada, os prejuízos podem ser muito maiores que os benefícios.

Como é feita a eutonia?

Realizadas por um eutonista, as aulas ajudam o aluno a construir um conhecimento baseado na experiência vivida no corpo. Desenvolve-se o potencial criativo individual através da utilização de objetos auxiliares (como sementes, bambus, bolinhas, etc) e da observação das ações e reações do corpo.

A aplicação da eutonia no ambiente de trabalho pode ser de 1 a 2 vezes por semana, com uma duração de 30 minutos a uma hora no máximo — diferindo também da ginástica laboral, que é realizada por alguns minutos todos os dia, durante o expediente.

Os processos vividos durante as aulas geram recursos para serem utilizados na ação cotidiana. Portanto, além de não atrapalhar o fluxo de trabalho, a eutonia pode melhorar, e muito, a produtividade de cada funcionário.