
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Que a indústria de tecnologia não vive seu melhor momento não é novidade — assim como o fato de que a competitividade da Coreia do Sul pode atingir níveis extremos. Ainda assim, surpreende que, enquanto outros países buscam acordos para adotar a semana de trabalho de quatro dias, a Coreia do Sul queira seguir na direção oposta.
Diante da crise enfrentada pelo país, em grande parte impulsionada pela baixa produtividade associada aos problemas de natalidade, empresas como Samsung e Hyundai passaram a considerar a ampliação da jornada semanal para até 69 horas. Considerando que o limite legal já é de 52 horas por semana — uma das maiores cargas horárias do mundo —, não demorou para que surgissem manifestações contrárias.
Coreia do Sul debate entre quatro e seis dias úteis
O “modo de emergência” ativado pela Samsung em abril de 2024 determinou que executivos e gerentes passariam a trabalhar seis dias por semana para buscar soluções diante do cenário excepcional vivido pelo setor. Isso ocorreria, segundo a empresa, de forma voluntária: “Os executivos podem escolher trabalhar nos fins de semana, conforme suas necessidades profissionais.”
Mas, em um país onde os trabalhadores admitem com naturalidade que “sair às 2 ou 3 da manhã está tudo bem”, referindo-se ao fim do expediente, a adoção crescente da política da Samsung por outras empresas de tecnologia — que incentiva o trabalho aos fins de semana — provocou protestos de sindicatos e funcionários sul-coreanos.
A situação se torna ainda mais contraditória quando lembramos que, em fevereiro deste ano, o líder da oposição apresentou ao parlamento um projeto para instituir a semana de trabalho de quatro dias. A proposta reduziria o limite atual de 40 horas regulares e 12 horas extras — ou seja, as já mencionadas 52 horas semanais — para um máximo de 36 horas por semana. O fato de a Samsung ter registrado um aumento de 23% nos lucros de sua divisão de dispositivos móveis após a mudança no horário torna essa transição ainda mais desafiadora, pelo menos do ponto de vista financeiro.
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