
Aline Melo de Aguiar é apaixonada por acompanhar mulheres durante um dos períodos mais marcantes do ciclo de vida femini...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Quando se fala em presente de Dia das Mães, logo pensamos em comprar chocolates, flores, perfumes… Isso, de fato, é muito bom, mas, nos últimos tempos, um outro desejo tem ganhado força — e surpreendido muita gente. Não é algo que se compra em loja ou se embrulha em papel colorido, mas, para muitas mães, vale mais do que qualquer buquê ou bombom. Estamos falando de algo simples na teoria, mas quase impossível na prática: um dia inteiro de descanso sozinha.
Sem demandas, sem gritos ao fundo, sem roupa para dobrar ou jantar para pensar. Parece surreal? Pode até parecer, mas faz todo sentido. Entre jornada dupla, filhos, casa, trabalho e toda a pressão do “dar conta de tudo”, o que muitas mães realmente querem é desligar — nem que seja por 24 horas.
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Poque as mães precisam de um tempo sozinhas?
Por mais que o amor pelos filhos seja gigante, toda mãe é, antes de tudo, uma mulher com necessidades próprias — e que também precisa de algumas pausas na sua rotina. Passar um tempo sozinha não é egoísmo, mas sim um gesto de autocuidado. É uma forma de se reconectar com quem se é além do papel de mãe, de respirar fundo e lembrar que, para cuidar de alguém, é preciso estar bem.
Segundo a psicóloga Aline Melo de Aguiar, em um artigo escrito para o MinhaVida, esse momento de pausa é essencial para que as mulheres possam se olhar com mais generosidade. “É preciso deixar um pouco de lado as cobranças e refletir sobre o que realmente necessitamos como mulher e como mãe”, afirma.
Ela explica que a ideia de maternidade, muitas vezes, é distorcida por pressões sociais. “Além de suprir as necessidades básicas dos filhos, a mulher tem que suprir as necessidades supérfluas, também ditadas pela sociedade: tem que ter o carrinho mega-super-de-último-modelo-caríssimo e por aí vai... E onde fica o ser?”, questiona.
Esse “ser”, como ela coloca, é justamente o que se perde em meio à rotina exaustiva e às expectativas irreais. Para Aline, a verdadeira “boa mãe” não é aquela que dá conta de tudo o tempo todo, mas sim aquela que se respeita, que se aceita com suas qualidades e defeitos, e que tem coragem de pedir ajuda quando precisa. “Ser mãe com serenidade, com falhas (por que não?), com menos cobrança e com mais prazer”, diz.
A falta de tempo pode levar a um problema pior: o burnout materno
Quando a exaustão física e emocional vira rotina, é hora de acender o sinal vermelho. Esse esgotamento tem nome e sobrenome: burnout materno.
“O burnout materno apresenta um conjunto de sintomas como tristeza, ansiedade, falta de energia, apatia, irritabilidade exacerbada, mau humor, isolamento social, entre outros”, explica o psiquiatra Arthur Hirschfeld Danila, em um artigo anterior no MinhaVida. Ou seja, não é só um cansaço passageiro — é um desgaste profundo que pode comprometer a saúde mental da mulher e a dinâmica familiar como um todo.
Segundo a psicóloga Cristina Borsari, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, muitas mães que enfrentam esse quadro se sentem sufocadas, como se todo o esforço fosse invisível ou não tivesse valor. E o pior: por conta da pressão social que prega que elas devem dar conta de tudo — filhos, carreira, casa, vida afetiva —, muitas nem conseguem pedir ajuda. “Todas as atividades ficam voltadas para os outros ou para os filhos, e isso passa a configurar nelas a sensação de anulação do sentido da vida e do prazer em serem mães”, completa Arthur.
Por isso, buscar pequenas pausas, momentos de prazer pessoal e até mesmo repensar a divisão de tarefas não é luxo — é necessidade! Viver sem culpa e investir em bem-estar não só melhora a saúde mental da mãe, como impacta diretamente no ambiente familiar. Afinal, como diz o óbvio (que muitas vezes esquecemos): pessoas infelizes têm mais dificuldade em criar filhos felizes.
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