
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Apesar do diagnóstico de crianças superdotadas exigir diversos testes realizados por profissionais qualificados, como psicólogos, neuropsicólogos e psicopedagogos, algumas características podem ser observadas desde muito cedo.
Ana Gloria Sánchez, psicóloga, diretora do Centro de Psicologia Lazos e professora especializada em altas habilidades, explicou nas redes sociais que, a partir dos três anos de idade, esses são alguns dos comportamentos que crianças superdotadas costumam apresentar.
Como sempre, é importante lembrar que isso não é um diagnóstico nem uma prova definitiva de que a criança tem altas habilidades. Algumas podem manifestar todos esses comportamentos, outras apenas alguns ou nenhum. Para saber se realmente há superdotação, é necessário um diagnóstico feito por especialistas.
Elas são muito curiosas
Segundo o psicólogo Scott Shigeoka, a curiosidade é um sinal de inteligência, pois, ao fazer perguntas, buscamos entender o porquê das coisas e como elas acontecem. Quando pequenas, todas as crianças passam por uma fase conhecida como “fase do porquê”, geralmente entre os 2 e 4 anos. A Dra. Trinidad Aparicio Pérez, psicóloga especializada em infância e adolescência, explica que essa é uma etapa normal do desenvolvimento.
A diferença nas crianças superdotadas é que essa curiosidade abrange uma variedade muito maior de assuntos. Sánchez afirma que elas frequentemente fazem “perguntas sobre temas que talvez nem sequer tivéssemos considerado”. Questionam como as coisas funcionam ou para que servem — não apenas objetos do dia a dia, mas também o espaço, fenômenos da natureza ou temas que parecem “grandes” demais para sua idade. Além disso, demonstram uma “capacidade inicial de abstração que chama a atenção”, explica Sánchez. Trata-se do pensamento abstrato, ou seja, a capacidade de refletir sobre causas e princípios por trás de certos fenômenos.
Têm excelente memória episódica
A memória episódica é um tipo de memória de longo prazo que nos permite recordar experiências pessoais. Segundo Sánchez, crianças superdotadas costumam lembrar com facilidade de conversas, lugares, viagens e outros momentos vividos. Mesmo aos três anos de idade, conseguem descrever essas lembranças com muitos detalhes — o que surpreende bastante.
Se expressam muito melhor do que outras crianças da mesma idade
A especialista observa que o desenvolvimento verbal dessas crianças tende a chamar a atenção. Nessa idade (três anos), já conseguem se expressar com clareza e coerência. De acordo com o Centro Pediátrico de Sevilha, aos dois anos, a maioria das crianças já é capaz de formar frases compreensíveis e entender uma linguagem mais complexa. Mas as crianças superdotadas avançam além disso. Sánchez afirma que “usam palavras incomuns para a sua idade, têm excelente compreensão e, ao descrever situações, o fazem com bastante coerência”.
Têm grande intensidade emocional
Sánchez explica que crianças superdotadas tendem a preferir a companhia de crianças mais velhas e, no aspecto socioemocional, podem demonstrar maior sensibilidade. Essa intensidade emocional, segundo ela, é “uma característica qualitativa fundamental da superdotação”, embora não existam evidências científicas sólidas que comprovem que todas compartilham esse traço. Além disso, cada criança superdotada é única — não existe um perfil único nem um padrão homogêneo. Por isso, essa intensidade pode ou não estar presente.
Têm baixa tolerância à frustração
Uma das características mais comuns em crianças superdotadas, segundo Sánchez, é a baixa tolerância à frustração. A Associação Espanhola de Superdotação e Altas Habilidades (AESAC) explica que essa dificuldade pode ter múltiplas causas, dependendo de fatores como a personalidade da criança, suas vivências e características emocionais. Quando pequenas, essa reação pode estar ligada à sensibilidade emocional mencionada anteriormente, fazendo com que sintam tudo de forma mais intensa.
Apresentam brincadeiras simbólicas elaboradas e interesses intensos
Sánchez destaca que uma das características clássicas está no modo como essas crianças brincam. O faz de conta costuma ser “bastante rico e complexo”. A brincadeira simbólica acontece quando a criança usa a imaginação para representar objetos, situações ou papéis da vida real, criando cenários fictícios detalhados.
Além disso, é comum que desenvolvam interesses específicos que, segundo a especialista, “podem parecer obsessivos em alguns casos”, como por planetas, dinossauros ou animais.
O desenvolvimento motor pode estar adiantado para a idade
No aspecto motor — seja nas habilidades mais amplas (psicomotricidade grossa) ou nas mais delicadas (psicomotricidade fina) —, há crianças superdotadas que apresentam “um desenvolvimento bastante avançado, que já chama a atenção nessa idade”, explica Sánchez. No entanto, ela ressalta que também podem ocorrer casos de descompasso no desenvolvimento, em que o avanço cognitivo é mais rápido que o motor.