
Membro titular da sociedade brasileira de cirurgia oncológica, título de especialista em cirurgia oncológica pela (sbco)...
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Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
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Foi por causa de uma crise renal — algo aparentemente simples e sem grandes riscos — que o chef e apresentador Edu Guedes, de 51 anos, descobriu um câncer no pâncreas. O diagnóstico, revelado no último sábado, dia 5 de julho, pegou muitos de surpresa e ganhou repercussão nacional.
Segundo o oncologista Cristiano Ontivero, a história chama atenção pelo alerta que traz: a importância de investigar com profundidade qualquer sinal que o corpo dá, mesmo que o motivo inicial da consulta médica pareça inofensivo. Neste caso, a ida ao hospital por um problema menos grave acabou salvando sua vida.
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Crise renal e câncer de pâncreas: qual é a relação?
Uma crise renal — como a que levou Edu Guedes à emergência — raramente tem ligação direta com o câncer de pâncreas. Ainda assim, foi justamente esse episódio que possibilitou o diagnóstico precoce da doença no apresentador. Segundo o oncologista Cristiano Ontivero, esse tipo de coincidência médica, embora não tão comum, pode fazer toda a diferença.
“De forma direta, uma crise renal não costuma estar associada ao câncer de pâncreas”, explica Ontivero. “No entanto, quadros infecciosos e dores agudas frequentemente levam o paciente ao pronto-atendimento, onde exames de imagem mais completos acabam revelando alterações que, de outra forma, passariam despercebidas.”
Foi o que aconteceu com Edu: ao investigar a origem da infecção causada por um cálculo renal, os médicos acabaram identificando um tumor no pâncreas. “Embora existam síndromes paraneoplásicas raras associadas a alguns tipos de tumor, como a síndrome de Trousseau, que pode causar microtromboses, não há relação direta entre o câncer de pâncreas e crises renais”, esclarece o especialista.
Na medicina, esse tipo de descoberta inesperada tem nome: achado incidental. E, nesse caso, acabou sendo determinante. “Quanto mais cedo o tumor é identificado, maiores são as chances de uma abordagem cirúrgica eficaz e melhores os desfechos clínicos”, reforça.
Câncer de pâncreas é silencioso e exige atenção aos mínimos sinais
Discreto nos sintomas e agressivo na evolução: assim é o câncer de pâncreas, um dos tipos mais difíceis de diagnosticar precocemente. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são esperados cerca de 10.980 novos casos por ano no Brasil — uma estatística preocupante, especialmente porque, na maioria das vezes, os sinais da doença só aparecem quando o quadro já está avançado.
“Nos estágios iniciais, os sintomas costumam ser bastante inespecíficos, como dor abdominal difusa, perda de peso e cansaço. Por isso, muitos pacientes só recebem o diagnóstico em fases mais tardias, quando as opções de tratamento curativo são mais limitadas”, explica o oncologista Cristiano Ontivero.
Mesmo representando apenas 2% dos diagnósticos oncológicos no país, o câncer de pâncreas é responsável por aproximadamente 4% das mortes por câncer. “Isso mostra o quanto ele é agressivo”, reforça o especialista. A maioria dos casos ocorre em homens acima dos 60 anos, e fatores como tabagismo, obesidade, diabetes tipo 2, histórico familiar e pancreatite crônica aumentam o risco.
No entanto, há exceções que surpreendem, como o caso do chef Edu Guedes, que não apresentava sintomas clássicos e descobriu a doença por acaso. “Casos como esse mostram a importância de estar atento a qualquer mudança no corpo e realizar exames detalhados sempre que possível”, destaca Ontivero.
Apesar dos desafios, o especialista lembra que a detecção precoce pode fazer toda a diferença. “Apenas cerca de 10% dos tumores pancreáticos são descobertos em fase inicial, mas, quando isso acontece, a cirurgia curativa se torna viável e as chances de sucesso aumentam — especialmente se combinada com quimioterapia ou radioterapia, dependendo do estágio e tipo do tumor.”
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