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O que é Bicho geográfico?
Bicho geográfico, também chamada de larva migrans cutânea, é uma infecção causada pelas larvas de parasitas que vivem no intestino dos cães e gatos. Os principais parasitas são Ancylostoma braziliense e o Ancylostoma caninum (mais raro).
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Os ovos do parasita estão presentes nas fezes de cães e gatos, e desenvolvem-se em larvas, quando deixados na terra ou areia quente e úmida. Quando entram em contato com pele sem proteção, eles começam a se locomover pelas camadas da pele e deixam marcas vermelhas de seu caminho, formando desenhos (semelhantes a mapas) que coçam e inflamam, causando bolhas. Ao coçar essas marcas, podem ocorrer infecções bacterianas secundárias.
Causas
O bicho geográfico é causado pelas larvas dos vermes Ancylostoma brasilienze e Ancylostoma caninum, presentes no intestino de cães e gatos. Quando o animal evacua na terra ou areia os ovos são liberados. Em contato com o solo quente as larvas se desenvolvem e ficam lá. Quando entram em contato com a pele nua, penetram nela, causando a doença.
Ciclo de vida do bicho geográfico
De acordo com o dermatologista Fernando Macedo, o primeiro ciclo é no animal. O cachorro e o gato são os hospedeiros do parasita, que penetra no organismo desses animais por meio da pele, migrando para os pulmões e traqueia. O parasita acaba sendo deglutido e seus ovos são eliminados nas fezes dos animais, depositadas muitas vezes em lugares arenosos como praias.
Dessa forma, o verme penetra na pele do homem que esteve em contato direto com o local (areia) contaminado, sendo a planta dos pés, glúteos ou braços as regiões de maior facilidade para a contaminação. Depois de ter contaminado o homem, o parasita costuma demorar cerca de uma semana para se manifestar na pele do homem.
Sinais
O principal sintoma do bicho geográfico são as marcas vermelhas que sinalizam o caminho da larva pela pele. Elas são finas, semelhantes a linhas de um mapa, e isso origina o nome da doença. Esses "túneis" podem avançar até dois a cinco centímetros ao dia. Além disso, elas costumam coçar bastante e podem formar bolhas.
Isso ocorre porque quando a larva do bicho geográfico entra no organismo, ela só consegue se locomover na parte mais externa da pele, se movimentando ao acaso e formando esses caminhos e padrões aleatórios.
Em alguns pacientes é possível perceber um ou mais pontos de relevo avermelhados na pele onde a larva entrou no corpo.
Em cerca de 75% dos casos a contaminação pelas larvas ocorre nos membros inferiores, como pés e pernas. Mas pode aparecer também nos antebraços e tronco. Crianças que ficam sentadas na praia costumam ser acometidas principalmente nas coxas e glúteos.
Normalmente as marcas do bicho geográfico ocorrem entre dois a cinco dias depois da entrada da larva na pele, mas existem casos em que ela fica incubada por até um mês. Os sintomas costumam se resolver sozinhos, com o tempo as partes mais antigas do túnel vão desinflamando, deixando apenas manchas escuras na pele que tendem a desaparecer mais tarde.
O problema é que a duração deste processo é variável (podendo se resolver em duas semanas ou demorar meses) e as inflamações são muito incômodas, causando coceiras que podem até mesmo impedir a pessoa de dormir. Coçar os locais pode levar a infecções bacterianas. Pode acontecer também da larva desaparecer espontaneamente e aparecer semanas ou meses depois.
Pode acontecer também da larva desaparecer espontaneamente e reaparecer semanas ou meses depois.
Diagnóstico
O diagnóstico do bicho geográfico costuma ser clínico, com base nos sintomas da pele, que são muito característicos deste problema. Além disso, o histórico do paciente com o contato com solo ou areia contaminados podem ser determinantes para identificação do problema. A biópsia não é recomendada e pode inclusive piorar o problema.
Fatores de risco
O maior fator de risco para bicho geográfico é viver em áreas de risco, como regiões tropicais e com circulação de fezes de animais. Por esse motivo, é essencial andar com calçados neste tipo de local.
Pode afetar adultos e crianças, sendo mais comum nas crianças, que adquirem a infestação em areia de praia, construção, parques ou jardins, onde os animais infestados depositam suas fezes com os ovos. Esses ovos, sob condições favoráveis de temperatura e umidade transformam-se em larvas, podendo penetrar na pele humana.
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar um bicho geográfico são:
- Clínico geral
- Dermatologista
- Infectologista.
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar.
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando seus sintomas começaram?
- Seus sintomas são contínuos ou ocasionais?
- Quão graves são os seus sintomas?
- Alguma coisa parece melhorar seus sintomas ou piorar?
- Você viajou no último mês? Se sim, para qual lugar?
Também é importante levar suas dúvidas para a consulta por escrito, começando pela mais importante. Isso garante que você conseguirá respostas para todas as perguntas relevantes antes da consulta acabar. Para bicho geográfico, algumas perguntas básicas incluem:
- Qual é a causa mais provável para os meus sintomas?
- Que tipos de testes eu preciso fazer?
- Quais tratamentos estão disponíveis?
- Em quanto tempo irei me sentir melhor?
- Existem efeitos a longo prazo desta doença?
Não hesite em fazer outras perguntas, caso elas ocorram no momento da consulta.
Buscando ajuda médica
Assim que os sintomas semelhantes ao do bicho geográfico aparecerem é importante buscar um dermatologista ou mesmo um pronto socorro para o tratamento dos sintomas.
Tratamento
O tratamento do bicho geográfico normalmente é feito com medicamentos com efeito antiparasitários, normalmente que tenham ação contra os helmintos, uma espécie de verme a qual fazem parte os parasitas Ancylostoma brasilienze e o Ancylostoma caninum.
A infecção desaparece por si só depois de algumas semanas a meses, mas o tratamento alivia a coceira e reduz o risco de infecção bacteriana que às vezes resulta do ato de coçar. Um preparado de tiabendazol em líquido ou creme, aplicado sobre a área afetada, trata a infecção de maneira eficaz. O albendazol ou a ivermectina administrados por via oral também são eficazes.
Segundo Fernando Macedo, caso não haja tratamento, o bicho geográfico dura, no máximo, quatro semanas e acaba morrendo. No entanto, o incômodo da coceira pode ser muito grande se a doença não for tratada.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados são:
- Tiabendazol (em pomada)
- Albendazol
- Ivermectina.
Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
O bicho geográfico dura entre algumas semanas a meses, porém, em áreas de risco as infecções podem ser frequentes e avançar para formas mais graves. No entanto, com o tratamento adequado é possível curar a doença.
Prevenção
A melhor forma de prevenir o bicho geográfico é evitar o contato dos pés descalços em solos e areias possivelmente contaminados. Ao sentar-se no chão ou areia, usei barreiras como toalhas e esteiras.
Os donos de animais também têm um papel chave na prevenção destas doenças, cuidando da saúde de seus pets. Os cuidados incluem:
- Evitar levar cães e outros animais à praia
- Recolher as fezes dos animais e dar-lhes um destino adequado
- Levar seu pet regularmente ao veterinária para tratamento contra parasitas.
Convivendo (Prognóstico)
O bicho geográfico é um quadro com duração pré-determinada, mas que causa muitos incômodos, principalmente devido a coceira. Os medicamentos indicados pelos médicos podem ajudar a reduzir esse incomodo e é importante levar o tratamento à risca.
Complicações possíveis
Coçar as lesões provocadas pelo bicho geográfico podem causar lesões na pele que aumentam a chance de infecções por bactérias. Esses processos podem levar a celulites infecciosas (diferentes das celulites comuns) e erisipela.
Mais Sobre
Fotos de bicho geográfico
Atenção! As fotos a seguir são fortes:

Veja exemplo de várias larvas no pé:

Referências
(1) Fernando Macedo, dermatologista do Fleury Medicina e Saúde
(2) Hermes Higashino, infectologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo
(3) Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Disponível em: http://www.sbd.org.br/dermatologia/pele/doencas-e-problemas/larva-migrans/78/
(4) Manual MSD - Versão Saúde para a Família. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da-pele/infec%C3%A7%C3%B5es-parasit%C3%A1rias-da-pele/larva-migrans-cut%C3%A2nea
(5) Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP). Disponível em: http://www.spsp.org.br/2007/09/24/larva_migrans/
(6) Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC)