
Graduado em Medicina humana pela Universidade de Alfenas (1999), residência em Genética Médica pelo HCRP-USP e título de...
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O que é Epilepsia?
A epilepsia (CID 10 G40.0) é uma doença causada por uma alteração dos sinais cerebrais, podendo causar desmaios, contrações musculares e respiração ofegante. É importante diferenciar a crise epiléptica de epilepsia - uma vez que a epilepsia é uma doença em que a pessoa teve ao menos uma crise na vida e tem uma predisposição a continuar apresentando novas crises.
Epilepsia refratária
O neurologista Lécio Figueira explica que a pilepsia refratária é uma situação em que a pessoa não ficou completamente sem crises com o uso de medicações. "Atualmente, definimos epilepsia refratária como aquela que acontece em pessoas que continuam com crises após terem usado dois medicamentos, de forma e em doses adequadas", conta.
Diferença entre epilepsia e convulsão
A convulsão acontece após alterações na atividade elétrica cerebral que se espalham por todo cérebro, podendo fazer com que a pessoa morda a língua, apresente sensação de formigamento ou urine durante a crise. A crise convulsiva pode acontecer em que tem epilepsia ou por outros fatores que causaram uma mudança no funcionamento cerebral, como lesões cerebrais, como sangramento, AVC e infecção.
Epilepsia generalizada e parcial
Segundo descrito pela Liga Brasileira de Epilepsia, a epilepsia parcial é caracterizada quando as crises ficam restritas a uma região do cérebro. Porém, quando as crises envolvem os dois hemisférios cerebrais, trata-se da epilepsia generalizada.
Por esse motivo, algumas pessoas apresentam sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia - o que não significa que o seu quadro clínico seja mais ou menos importante e que não mereça cuidados.
Causas
A causa pode ser uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), neurocisticercose ("ovos de solitária" no cérebro), abuso de bebidas alcoólicas, de drogas etc.
Às vezes, algo que ocorreu antes ou durante o parto. Vale ressaltar também que muitas vezes não é possível conhecer as causas que deram origem à epilepsia.
Epilepsia pode ser genética?
Importantes estudos, no campo da epileptologia, identificam que certos genes podem estar associados a alguns tipos de epilepsia. Apesar da possibilidade da condição ter origem hereditária, dados demostram que menos de 15 em cada 100 crianças nascidas de pais com epilepsia herdam, de fato, a doença.
O risco de uma pessoa herdar a doença vai depender do tipo de epilepsia que está ocorrendo na família, quais sãos os familiares que sofrem da condição e a idade em que começaram a desenvolver a doença
Saiba mais: Veja a relação entre hereditariedade e epilepsia: quem sofre mais risco de desenvolver?
Sintomas
As crises epilépticas podem se manifestar de diferentes maneiras:
Convulsão
A crise convulsiva (convulsão) é a forma mais conhecida pelas pessoas e é identificada como "ataque epiléptico". Nesse tipo de crise a pessoa pode cair ao chão, apresentar contrações musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. Geralmente, a crise dura segundos ou até cerca de 5 minutos.
Desligamento
A crise do tipo "ausência" é conhecida como "desligamentos". A pessoa fica com o olhar fixo, perde contato com o meio por alguns segundos. Por ser de curtíssima duração, muitas vezes não é percebida pelos familiares e/ou professores.
Alerta
Há um tipo de crise que se manifesta como se a pessoas estivesse "alerta" mas não tem controle de seus atos, fazendo movimentos automaticamente. Durante esses movimentos automáticos involuntários, a pessoa pode ficar mastigando, falando de modo incompreensível ou andando sem direção definida.
Em geral, a pessoa não se recorda do que aconteceu quando a crise termina. Esta é chamada de crise parcial complexa.
Saiba mais: Lide melhor com a epilepsia
Existem outros tipos de crises que podem provocar quedas ao solo sem nenhum movimento ou contrações ou, então, ter percepções visuais ou auditivas estranhas ou, ainda, alterações transitórias da memória.
Diagnóstico
É comum que haja muitas dúvidas sobre quando suspeitar que alguém pode ter epilepsia. De uma forma ampla, a presença dessa condição pode ser investigada quando as crises ocorrem de maneira frequente, apresentando alterações recorrentes e transitórias, com crises que duram de segundos a minutos de forma repetitiva.
Dessa forma, é essencial buscar a ajuda de um profissional especialista, como um neurologista ou epileptologista, para que se façam uma série de exames, como a ressonância magnética, eletroencefalograma (EEG).
Fatores de risco
Dormir mal, estresse e não tomar as medicações são os principais fatores que levam a crises em quem já tem epilepsia, além de luzes fortes e intermitentes. Entretanto, é importante ressaltar que esse fatores não causam crises em quem não tiver a predisposição.
Tratamento
Cirurgia de epilepsia
"A cirurgia para epilepsia não é uma situação de último recurso. Ela deve ser pensada precocemente, após falhar duas medicações. Para isso é necessária avaliação especializada, só assim a pessoa terá como saber quais são as melhores opções para o controle de suas crises. Muitas vezes a cirurgia não é possível, mas ainda assim, dispomos de muitas opções para ajudar no controle das crises", conta Lécio Figueira.
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para tratar alguns sintomas de epilepsia são:
- Amato
- Carbamazepina
- Clonazepam
- Clopam
- Diamox
- Diazepam
- Depakene
- Fenitoína
- Fenitoína sódica
- Gabaneurin
- Gabapentina
- Hidantal
- Lyrica
- Oxcarbazepina
- Rivotril
- Topiramato
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A possibilidade de cura da epilepsia depende da causa da condição na pessoa, mas normalmente quando o paciente fica anos sem crise e sem uso de medicamentos, é considerado curado. Alguns tipos de epilepsia são curáveis por cirurgia, mas estas são a minoria. Na vasta maioria dos casos, os epilépticos vivem uma vida completamente normal sob o uso de medicação anticonvulsivante e não necessitam de intervenção cirúrgica.
Convivendo (Prognóstico)
Como proceder durante as crises:
- Coloque a pessoa deitada de costas, em lugar confortável, retirando de perto objetos com que ela possa se machucar, como pulseiras, relógios, óculos.
- Introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar mordidas na língua.
- Não tente, você, segurar a língua da pessoa
- Levante o queixo para facilitar a passagem de ar.
- Afrouxe as roupas.
- Caso a pessoa esteja babando, mantenha-a deitada com a cabeça voltada para o lado, evitando que ela se sufoque com a própria saliva.
- Quando a crise passar, deixe a pessoa descansar.
- Verifique se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de emergência que possa sugerir a causa da convulsão.
- Nunca segure a pessoa (deixe-a debater-se)
- Não dê tapas
- Não jogue água sobre ela.
Como lidar com a epilepsia
- Tomar os medicamentos
- Não ingerir bebidas alcoólicas
- Não passar noites em claro
- Ter uma dieta balanceada
- Evitar uma vida estressada demais.
Mitos e verdades
- Mito: epilepsia não é uma doença mental
- Mito: pacientes com epilepsia podem dirigir, desde que estejam sob uso de medicação antiepiléptica e se estiver há um ano sem crise epiléptica
- Verdade: estresse é desencadeador de crise epiléptica
- Verdade: a epilepsia atinge pessoas de todas as idades
- Verdade: pessoas com epilepsia podem ter uma vida normal.
Complicações possíveis
O neurologista Lécio Figueira explica que as crises epilépticas levam a muitas repercussões na vida do paciente, podendo causar traumas (fraturas, perda de dentes, hematomas), quedas, queimaduras, afogamentos, etc. Também podem ter impactos na memória e atenção.
Repercussões psicológicas são frequentes e existe grande preconceito em relação às pessoas que possuem crises e necessitam tomar medicações. Algumas desenvolvem alterações psiquiátricas como depressão e ansiedade.
Por fim as crises mais fortes, as tônico-clônicas generalizadas (convulsões) podem levar a morte, o que é chamado de SUDEP, sigla em inglês para morte súbita na epilepsia.
Referências
Ciro Martinhago, médico graduado, com residência em Genética Médica pelo HCRP-USP e título de especialista em genética clínica pela SBGC - CRM 102030/SP
Lécio Figueira, neurologista e vice-presidente da Assossiação Brasileira de Epilepsia
Liga Brasileira de Epilepsia (LBE)