Oncologista clínico e diretor técnico do Centro de Oncologia Campinas (COC) e do Centro do Câncer da Santa Casa de Pirac...
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Formado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e especialista em Hematologia e Hem...
iO que é Linfoma não Hodgkin?
O linfoma não Hodgkin é um tipo de câncer que se origina a partir de mutações nas células do sistema linfático, cuja função é coletar as impurezas da circulação e ajudar no combate de infecções. A doença pode começar em qualquer lugar, mas é mais comum nos linfonodos — também conhecidos como gânglios linfáticos. A doença provoca sintomas como inchaço nos gânglios do pescoço, das axilas ou da virilha, febre e sudorese.
Saiba mais: Tire 9 dúvidas sobre linfoma não Hodgkin
Sintomas
Sintomas de linfoma não Hodgkin
Os principais sintomas do linfoma não Hodgkin são:
- Aumento dos linfonodos do pescoço, axilas e/ou virilha
- Sudorese noturna excessiva
- Febre
- Perda de apetite
- Baço aumentado
- Prurido na pele (coceira)
- Perda de peso não intencional
Em alguns casos, é possível que a doença seja descoberta somente durante um exame de rotina ou enquanto o paciente esteja sob tratamento de uma condição não relacionada — uma vez que, na fase inicial, o linfoma pode ser assintomático.
Diagnóstico
O diagnóstico de linfoma não Hodgkin é feito a partir de um exame físico, a fim de investigar vestígios de inchaço no pescoço, nas axilas, na virilha, no baço e no fígado. Também é necessária a realização de alguns exames para verificar o tipo exato de linfoma — como a biópsia, em que remove-se uma pequena porção de tecido para análise laboratorial. O procedimento pode ser feito das seguintes maneiras:
- Biópsia excisional: através de uma incisão na pele, retira-se o linfonodo por inteiro. É considerado o padrão de qualidade para o diagnóstico dos linfomas
- Punção aspirativa por agulha fina: retira-se uma pequena porção de tecido por aspiração através de agulha
- Biópsia e aspiração de medula óssea: retira-se pequena amostra da medula óssea (biópsia) ou do sangue da medula óssea (aspiração) através de uma agulha. Este exame é necessário para definir se a doença estende-se também à medula óssea, já que essa informação pode ter implicações no tratamento a ser empregado
- Punção lombar: retira-se uma pequena porção do líquido cerebroespinhal (líquor), que banha o cérebro e a medula espinhal para determinar se o sistema nervoso central foi atingido pela doença
Também são necessários exames de imagem para determinar os locais do corpo acometidos pelo linfoma não Hodgkin. São eles:
- Radiografia de tórax: pode detectar tumores no tórax e pulmões
- Tomografia computadorizada: visualiza internamente os segmentos do corpo por vários ângulos, permitindo imagens detalhadas
- Ressonância Nuclear Magnética (RNM): também produz imagens detalhadas dos segmentos corporais
- Cintigrafia com Gálio: usa uma substância radioativa que, ao ser injetada no corpo, concentra-se principalmente nos locais comprometidos pelo tumor para depois, com o auxílio de uma câmera especial, ser possível determinar o quanto a doença se disseminou
- PET (Tomografia com Emissão de Pósitrons): semelhante à cintilografia com Gálio, porém, com uma sensibilidade muito maior, ela é fundamental para a identificação do estadiamento da doença e para a avaliação de resposta ao tratamento
Em conjunto com biópsias e exames de imagem, são utilizados alguns testes que ajudam a determinar características específicas das células nos tecidos biopsiados, incluindo anormalidades citogenéticas, tais como rearranjos nos cromossomos, comuns nos linfomas. Esses testes permitem também definir a origem celular e estimar o prognóstico do paciente. Eles incluem:
- Imunohistoquímica: anticorpos são utilizados para distinguir os tipos de células cancerosas
- Estudos de citogenética: determinam alterações no cromossomos das células
- Citometria de fluxo: as células preparadas na amostra são passadas através de um feixe de laser para análise
- Estudos de genética molecular (Biologia Molecular): testes altamente sensíveis com DNA e RNA determinam alterações genéticas específicas nas células cancerosas
Como em qualquer tipo de câncer, quanto mais cedo ocorrer a detecção, maiores serão as chances de cura e melhor a resposta ao tratamento. O recomendado é ficar de olho nos sintomas e procurar um profissional se tiver qualquer suspeita da doença.
Classificação do linfoma não Hodgkin
Após o diagnóstico do linfoma não Hodgkin, ele é classificado de acordo com o tipo e com o estágio em que se encontra . Essas informações são importantes para selecionar adequadamente a forma de tratamento do paciente e estimar seu prognóstico.
Os linfomas não Hodgkin são agrupados de acordo com o tipo de célula linfoide afetada (B ou T). Também são considerados tamanho, forma e padrão de apresentação na microscopia. Para tornar isso mais fácil, os linfomas podem ser divididos em dois grandes grupos de acordo com a sua velocidade de crescimento: indolentes e agressivos.
Os linfomas indolentes correspondem a cerca de 40% dos casos e são caracterizados por um crescimento relativamente lento. “Por não causarem quase nenhum sintoma, eles podem ser diagnosticados em estágios avançados e, quanto mais tarde isso acontecer, menores são as chances de cura. Linfomas agressivos costumam ter um melhor prognóstico justamente por provocarem mais sintomas, facilitando a detecção precoce.
Estadiamento do linfoma não Hodgkin
Uma vez diagnosticada a doença, é feito o estadiamento, que consiste em determinar a extensão da doença no corpo do paciente. São estabelecidos quatro estágios. No estágio I, por exemplo, observa-se envolvimento de apenas um grupo de linfonodos, enquanto no estágio IV vários gânglios já foram atingidos. E cada um dos estágios da doença é subdividido em A e B (exemplo: estágios 1A ou 2B), sendo "A" representante dos casos assintomáticos e o “B” dos pacientes que se queixam de febre, sudorese ou perda de peso inexplicada.
Fatores de risco
Os fatores de risco para o desenvolvimento de um linfoma não Hodgkin são:
- Sistema imune comprometido de pessoas com deficiência de imunidade em consequência de doenças genéticas hereditárias, uso de drogas imunossupressoras e infecção por HIV, por exemplo
- Exposição a certos agentes químicos, incluindo pesticidas, solventes e fertilizantes
- Exposição a altas doses de radiação
É importante salientar que muitos indivíduos com linfoma não se incluem nesses grupos de risco e a maioria dos que os compõem nunca chega a desenvolver a doença.
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Tratamento
O tratamento de linfoma não Hodgkin pode variar de acordo com o estágio do câncer e a condição de saúde do paciente. Na maioria dos casos, ele é feito com quimioterapia, radioterapia ou ambos. A imunoterapia também está sendo cada vez mais incorporada ao tratamento, usando anticorpos monoclonais e citoquinas isoladamente ou associados à quimioterapia. Confira os principais métodos de tratamento:
- Quimioterapia: consiste na combinação de duas ou mais drogas, sob várias formas de administração, para matar as células causadoras do linfoma
- Radioterapia: é usada para reduzir a carga tumoral em locais específicos, aliviar sintomas relacionados ao tumor ou também consolidar o tratamento quimioterápico, diminuindo as chances de recaída em certos locais do organismo mais propensos a isso
- Imunoterapia: é um tratamento com anticorpos monoclonais e citoquinas que visa fortalecer o sistema imunológico para que ele consiga reconhecer e destruir as células causadoras do câncer. Os anticorpos são proteínas produzidas pelo sistema imunológico para combater qualquer tipo de agente invasor, como vírus, bactérias e até mesmo o câncer
- Transplante de medula óssea: consiste em substituir a medula óssea doente por células tronco saudáveis para que elas possam dar origem a uma nova medula. O procedimento pode ser tanto autogênico, quando a medula vem do próprio paciente, ou a partir de células obtidas do sangue circulante de um doador compatível
É importante salientar que, mesmo após a cura e o consequente fim do tratamento, o ideal é seguir com o acompanhamento médico para facilitar o diagnóstico precoce em caso de reincidência.
Tem cura?
A possibilidade de cura do linfoma não Hodgkin depende do tipo e do estágio da doença quando o tratamento é iniciado. Entre 60% e 70% das pessoas com linfomas não Hodgkin agressivos em estágio avançado são curadas com a quimioterapia. Isso ocorre pois eles geralmente requerem tratamento muito intensivo para se alcançar remissão.
Prevenção
Assim como em outras formas de câncer, a adoção de hábitos saudáveis, que inclui a manutenção de uma dieta equilibrada e a ingestão de muita água, são capazes de reforçar as defesas do sistema imunológico e de reduzir as chances de desenvolver linfomas não Hodgkin.
Links Úteis
Oncoguia
Referências
Instituto Nacional do Câncer (Inca)
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale)
Manual MSD