

O que é Imunoterapia?
Imunoterapia para o tratamento do câncer é, de uma forma bem simples, uma maneira de combater o problema utilizando o próprio sistema de defesa do corpo para atacar as células do câncer.
Para entender como a imunoterapia funciona, é preciso saber um pouco de como o câncer age no organismo. As células do corpo nascem, se desenvolvem, multiplicam e morrem, sempre de forma ordenada e proporcional. Contudo, se elas passam a crescer de forma descontrolada e não morrem na mesma medida, temos a formação de um tumor.
Os tumores podem ser benignos ou malignos, graves ou não, dependendo do local que estão crescendo e da sua capacidade de se espalhar para outros órgãos (metástase). O comportamento do tumor determina se será necessário tratamento e qual, uma vez que cada tipo de câncer pode responder melhor ou pior a um tipo de tratamento.
Alguns tipos de câncer são capazes de driblar o sistema imunológico usando uma espécie de "camuflagem" para não ser notado, ou então "desligando" os mecanismos do corpo responsáveis por identificar que há algo errado com aquela célula. O tratamento dá ferramentas para o sistema imune enxergar essas células e combatê-las mais fortemente, por meio de medicamentos orais ou injetáveis. Portanto, o tratamento do câncer com imunoterapia pode ser feito basicamente de duas formas:
- Estimulando o próprio sistema imune do paciente a trabalhar mais fortemente contra as células do câncer
- Oferecendo ao sistema imunológico componentes feitos em laboratório, como proteínas do sistema imune.
Estes tipos também são chamados de terapia biológica ou bioterapia. Ela funciona melhor para alguns tipos de câncer do que outros, e ainda está em processo de aprovação para uso no Brasil e em outros locais do mundo.
No Brasil hoje o método é aprovado para tratar melanoma, câncer de pulmão e linfomas [em verificação].
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Tipos
Existem quatro tipos principais de imunoterapia contra o câncer:
Anticorpos monoclonais
São células de defesa humanas feitas em laboratório que podem atacar algumas partes específicas da célula tumoral. Comum no tratamento de pacientes com:
- Leucemia linfoide crônica
- Linfoma anaplástico de grandes células
- Linfoma de Hodgkin
- Linfomas células B
- Linfomas não-Hodgkin de células B.
Inibidores dos check-points imunes
Essas drogas basicamente "freiam" o sistema imune, ajudando a reconhecer e atacar células de câncer. São utilizadas no tratamento de pacientes com:
- Câncer de bexiga
- Câncer de cabeça e pescoço
- Câncer de pulmão de células não-pequenas
- Câncer renal
- Linfoma de Hodgkin
Vacinas contra o câncer
Algumas partes das células tumorais podem ser mudadas em laboratório, diminuindo sua agressividade e devolvidas ao paciente para estimular o sistema imune a combater o câncer.
São utilizadas na prevenção de tumores relacionados à infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV), como:
- Câncer anal
- Câncer de colo de útero
- Câncer de garganta
- Câncer de pênis
E também na prevenção do câncer de fígado relacionado a infecção pelo vírus da hepatite B:
- Glioblastoma
- Câncer de mama
- Câncer de cólon e reto
- Câncer renal
- Câncer de pulmão
- Linfomas
- Melanomas
- Câncer de pâncreas
Imunoterapias não específicas
São drogas que estimulam a resposta do sistema imune contra células de câncer. No entanto, elas estimulam o sistema imune de uma forma mais geral, e não específica como as anteriores. São utilizadas em pacientes com:
- Câncer de rim metastático
- Câncer renal
- Leucemia mielóide crônica
- Linfoma de células-T cutâneo
- Linfoma não-Hodgkin folicular
- Melanoma
Efeitos colaterais
De maneira geral, a imunoterapia é melhor tolerada do que a quimioterapia, por exemplo, mas cada grupo destes medicamentos pode ter efeitos colaterais diferentes. Os principais são:
Anticorpos monoclonais
- Calafrios
- Cefaleia
- Fraqueza
- Lesões de pele
- Pressão baixa
Inibidores dos check-points imunes
- Coceira
- Fadiga
- Lesões de pele
- Lesões em pulmão, rins e fígado
- Náuseas
- Perda de apetite
- Tosse
Imunoterapias não específicas
- Baixa contagem de glóbulos brancos do sangue
- Calafrios
- Cefaleia
- Fadiga
- Febre
- Lesões de pele
- Náusea
- Perda de apetite
- Vômitos
Perguntas frequentes
Imunoterapia é considerada um tratamento experimental?
Sim e não. Isso porque muitas drogas de imunoterapia ainda estão em fase de pesquisa, e outras passando por processos de aprovação pelas agências regulatórias ao redor do mundo, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no Brasil e o FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos.
Contudo, apesar disso, muitos tipos já são bem estabelecidos e aprovados pelas principais agências internacionais, então não é mais experimental e sim tratamentos pesquisados e sabidamente eficazes no tratamento de determinados cânceres.
Quanto tempo dura o tratamento?
O tempo de tratamento da pessoa com imunoterapia dependerá da eficácia que as drogas estão mostrando no combate ao câncer e da tolerância da pessoa ao tratamento. Nos estudos, elas têm sido usadas normalmente por até dois anos, mas a duração ideal do tratamento ainda não foi estabelecida.
Quais são os riscos da imunoterapia?
Os maiores risco da imunoterapia são o tratamento não funcionar e os efeitos colaterais serem muito fortes, inviabilizando esta forma terapêutica para a pessoa. Porém, os efeitos colaterais da não são graves o suficiente a ponto de trazer riscos ao paciente.
Saiba mais: Medidas reduzem a exposição do paciente quimioterápico a infecções
Qual é a diferença entre quimio, radio e imunoterapia?
A quimioterapia é um tipo de tratamento que introduz compostos químicos, os chamados quimioterápicos, na circulação sanguínea para combater o câncer. O mecanismo de ação depende de cada quimioterápico e atualmente existem diversos tipos.
Referências
Renata D'Alpino, oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo - CRM: 126566/SP
Mariana Laloni, oncologista do Centro Paulista de Oncologia - CRM: 102379/SP. Robson de Castro Coelho, oncologista pediátrico do Hospital de Câncer Infantojuvenil de Barretos - CRM: 103492/SP
Artur Katz, médico oncologista e coordenador de Oncologia Clínica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês - CRM: 41625/SP