Doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista e...
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O que é Taquicardia ventricular?
A taquicardia ventricular é um tipo de arritmia originada nas câmaras inferiores do coração, chamadas de ventrículos, responsáveis por bombear o sangue para fora do órgão. A aceleração dos batimentos cardíacos provoca sintomas como palpitações, desconforto torácico e fraqueza, além de outros sintomas de insuficiência cardíaca, como falta de ar e desmaio.
Causas
A taquicardia ventricular pode ser causada por diversos fatores, sendo os mais comuns:
- Alguma lesão do miocárdio, seja ela discreta ou evidente
- Um episódio prévio de miocardite (inflamação do miocárdio)
- Infarto agudo do miocárdio
- Cardiopatia alcóolica
- Doença de chagas.
Outros problemas que causam taquicardias são genéticos, como a síndrome de Brugada, a miocardiopatia hipertrófica ou então não tem causa identificável. Pessoas com doença estrutural (alteração no ecocardiograma ou ressonância magnética) também apresentam um quadro de maior risco e devem ter acompanhamento mais de perto.
Tipos
Os principais tipos de taquicardia ventricular são:
- Monomórficas: quando apresentam origem no mesmo lugar do ventrículo
- Polimórficas: quando apresenta várias origens diferentes
- Instáveis: quando fazem a pressão cair muito, colocando em risco imediato a vida da pessoa
- Estáveis: quando não altera a pressão arterial, nível de consciência ou provoca falta de ar.
Uma forma mais prática de dividir as arritmias são quando ocorrem em pessoas com coração normal ou com alguma cardiopatia estrutural.
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Sintomas
Os principais sintomas de taquicardia ventricular incluem palpitações, batimentos rápidos ou irregulares no peito — que podem ser acompanhados de tonturas e fraqueza. Quando as arritmias ventriculares são extrassístoles, isto é, apresentam batimentos cardíacos extras, o paciente pode não notar e apresentar o quadro clínico já com dilatação do coração e insuficiência cardíaca. Os sintomas mais graves da taquicardia ventricular incluem:
Os sintomas mais graves são:
- Síncope (desmaio)
- Pré-síncope
- Morte súbita abortada
Diagnóstico
O diagnóstico da taquicardia ventricular é feito a partir da realização de exames que documentam o ritmo elétrico do coração, como:
- Eletrocardiograma: registra o ritmo do coração naquele momento. Se a pessoa estiver com arritmias nos 30 segundos do exame, é ideal para o diagnóstico
- Holter: serve como um eletrocardiograma, feito por um aparelho que a pessoa carrega como um celular com fios conectados ao corpo. O tempo de registro pode durar de 24h a até 7 dias. No final do exame, as arritmias são quantificadas — se existirem. É importante que a pessoa anote o que fez durante o período de monitorização para quem laudar o exame correlacionar com o que a pessoa estiver sentindo
- Ecocardiograma: serve para ver o formato do coração e o risco de vida trazido pela arritmia. Arritmias ventriculares com baixa fração de ejeção (uma medida da força com que o coração contrai) têm um tratamento diferente daqueles em que o ecocardiograma é normal
- Estudo eletrofisiológico invasivo: um procedimento em que fios de metal (catéteres) vão até o coração e testam a possibilidade da indução das arritmias em um ambiente controlado. Serve tanto para diagnóstico como para tratamento. A ablação, procedimento complementar ao estudo, permite que através dos mesmos catéteres a região doente do coração seja cauterizada e a arritmia sanada, o que é possível na maioria dos casos.
Fatores de risco
O principal fator de risco das taquicardias ventriculares é a presença de doenças que causaram dano ao coração ou cirurgia cardíaca prévia. Os fatores são semelhantes aos que causam infarto, insuficiência cardíaca e doença valvular cardíaca. Além desses, outros podem aumentar o risco da arritmia ventricular, sendo eles:
- Uso de estimulantes
- Alguns tipos de distrofia muscular
- Amiloidose
- Sarcoidose
- Doença de chagas (quando existe comprometimento cardíaco).
Pacientes portadores de outras alterações menos evidentes, em que membros da família tiveram morte súbita em idade jovem, apresentam maior risco de taquicardias ventriculares e devem ser avaliados por um especialista.
Buscando ajuda médica
A presença de sintomas como desmaios e dor no peito, especialmente quando acompanhados de palpitações ou aceleração cardíaca, sugere que a arritmia pode ser rápida demais para o corpo aguentar. Por isso, é fundamental buscar ajuda médica imediata com o surgimento desses sinais.
Tratamento
O tratamento de taquicardia ventricular pode variar de acordo com o tipo e a gravidade dos sintomas apresentados pelo paciente. Quadros assintomáticos, mas com episódios de taquicardia ventricular que duram mais de 30 segundos, devem receber tratamento farmacológico ou cardioversão — que envolve a aplicação de um choque elétrico no coração para converter o ritmo cardíaco.
O tratamento farmacológico normalmente envolve o uso de bloqueadores de receptores de adrenalina (betabloqueadores) e algumas medicações antiarrítmicas. Em alguns casos, pode ser necessário o acompanhamento com intervalos menores para detectar efeitos colaterais.
Por fim, quadros mais graves que provocam, por exemplo, queda intensa da pressão arterial, devem ser tratados com cardioversão urgente em um hospital. Sob sedação, são feitas descargas elétricas no coração.
Tratamento de longo prazo da taquicardia ventricular
O tratamento de longo prazo da taquicardia ventricular é feito para prevenir a morte súbita do paciente e, posteriormente, eliminar a arritmia. Ele pode ser feito a partir das seguintes técnicas:
- Ablação: consiste na destruição ou na remoção da área em que está localizada a arritmia a partir da aplicação de energia usando radiofrequência, pulsos de laser, corrente elétrica de alta voltagem ou congelamento por frio — que é administrado através de um cateter inserido no coração
- Implante de cardiodesfibrilador: é colocado através da veia até o coração um fio metálico (eletrodo), conectado ao gerador de um aparelho semelhante a um marcapasso, por baixo da pele. Ele trata tanto arritmias lentas quanto rápidas através de um choque interno
Medicamentos
Os medicamentos mais para o tratamento de taquicardia ventricular são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
A taquicardia tem cura, desde que seja feito o tratamento adequado. Em corações normais, a chance de sucesso com ablação fica em torno de 90-95%. Em corações com alteração, fica em cerca de 60% ao término de um ano As medicações permitem melhora da mortalidade em 60-70% quando administradas de forma somada Quando necessário, o implante do cardiodesfibrilador reduz a mortalidade em até 30%.
Complicações possíveis
As taquicardias ventriculares, se não tratadas adequadamente, podem trazer uma série de complicações à saúde, como:
- Insuficiência cardíaca
- Parada cardíaca
- Morte do paciente
Referências
Manual MSD