Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.
Você chega ao escritório, ao bar, à loja — ou seja lá qual for o seu trabalho — e alguém te pergunta: “Tudo bem?”. Você se pega respondendo com um sorriso forçado e o rosto cansado, dizendo um breve “tudo bem”, encerrando a conversa quase imediatamente. Mas, se tivesse dito a verdade, a resposta seria bem diferente.
Quando estamos passando por um momento difícil, o que mais precisamos é de apoio — mas temos um hábito que funciona quase como um reflexo automático. É como se fosse uma “senha social” para manter a interação, mas mantendo a conversa no nível mais superficial.
Isso acontece, por exemplo, quando um colega de trabalho com quem não temos muita intimidade pergunta como estamos, ou quando simplesmente não sabemos ou não queremos explicar como realmente nos sentimos. O problema é que, ao fazer isso, podemos acabar nos sentindo invisíveis ou desconectados — especialmente se usamos essa resposta com pessoas que realmente se importam conosco.
Para evitar essa desconexão, Stephanie Harrison, especialista em felicidade, sugeriu à CNBC algumas alternativas para responder a um “como você está?” quando está claro que você não está nada bem.
O que dizer quando alguém pergunta “Como você está?” e você não está nada “bem”
1. “Obrigada por perguntar. Neste momento, estou me sentindo…”
Segundo a especialista, essa resposta ajuda a praticar a introspecção e a identificar o que você realmente está sentindo.
2. “Um pouco estressada”
É simples, honesto e pode abrir espaço para uma conversa mais profunda. Essa resposta permite observar como a outra pessoa reage ao te ouvir — como explica Harrison — e, se perceber que ela está receptiva, você pode se abrir um pouco mais. Quem sabe, talvez ela até se ofereça para ajudar com o que está te deixando estressada ou te dê algum conselho útil.
3. “Posso ser sincera? Estou passando por um momento difícil”
Essa frase sinaliza que a conversa vai fugir do roteiro social tradicional. Ao fazer essa pergunta, a outra pessoa já entende que não vem um “tudo bem” e, segundo Harrison, isso a prepara emocionalmente para acolher o que você está sentindo — o que aumenta a chance de uma resposta empática.
4. “A verdade é que estou com mil coisas na cabeça. Adoraria ter uma conversa de verdade, em que a gente pudesse trocar como estamos nos sentindo. Topa?”
Com essa resposta, você não pressiona a outra pessoa a se envolver numa conversa mais profunda, mas abre espaço para que isso aconteça. E se acontecer, o vínculo entre vocês pode se fortalecer.
O efeito de fingir que está tudo bem na nossa produtividade
Diversos estudos já mostraram que agir de forma superficial — como quando respondemos “tudo bem” mesmo estando longe disso — não afeta apenas a saúde mental, mas também o desempenho no trabalho. Carregar emoções não expressadas pode nos fazer perder o foco, por exemplo.
Manter a fachada de normalidade é mentalmente exaustivo e pode dificultar a concentração, atrapalhar a tomada de decisões, a resolução de problemas e até aumentar o risco de burnout.
A chamada “cultura do silêncio” pode levar diretamente à queda de produtividade. De acordo com um relatório da McKinsey & Company, apenas 26% dos trabalhadores acreditam que seus líderes promovem um ambiente onde é possível falar abertamente e expressar como realmente se sentem. Quando não temos um espaço seguro para nos comunicar, nossa saúde mental sofre — e isso, no contexto profissional, tem consequências claras.
A inteligência emocional atua como um fator moderador do burnout — ou seja, quando conseguimos lidar melhor com nossas emoções (por exemplo, falando sobre elas), o risco diminui.
E já que estamos falando disso, se quisermos melhorar as relações no ambiente de trabalho, talvez seja hora de abandonar o clássico “tudo bem?” — porque, como diz o especialista em liderança Gary Burnison, “quem pergunta não quer realmente saber, e quem responde não diz a verdade. O que vem depois disso é uma oportunidade perdida e uma troca sem sentido, sem conexão”. Que tal substituí-lo por algo que realmente abra espaço para uma conexão genuína?