Médico formado pela Universidade Cidade de São Paulo. Neurocirurgião formado pelo Hospital Militar de Área de São Paulo...
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A principal diferença entre medicamentos anti-inflamatórios, analgésicos e antibióticos é a forma como eles agem no organismo — o que resulta em diferentes indicações. A confusão entre as classes também pode ocorrer com remédios que são utilizados para mais de uma finalidade ou, ainda, em conjunto.
O MinhaVida conversou com o neurocirurgião Carlos Roberto Massela Junior para esclarecer as diferenças entre analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos e quando cada um é indicado. Confira!
Como funciona o anti-inflamatório?
Os anti-inflamatórios são medicamentos capazes de impedir ou de amenizar uma reação inflamatória causada por uma infecção ou lesão. O mecanismo de ação dos anti-inflamatórios é a inibição das prostaglandinas, produzidas por uma enzima chamada ciclooxigenase, reduzindo a vasodilatação e o edema da região inflamada.
“Se você combate a cicloxigenase utilizando o anti-inflamatório, a produção de prostaglandinas diminui, combatendo a inflamação, a febre e a dor”, acrescenta Carlos Roberto.
Existem duas classes de anti-inflamatórios, sendo eles:
- Não hormonais (AINEs): são os fármacos mais utilizados atualmente, cujo mecanismo de ação é inibição da ciclooxigenase (COX), que atuam como mediadoras de inflamação e influenciadoras na agregação plaquetária. Os mais conhecidos incluem aspirina e ibuprofeno;
- Hormonais (corticoides): são uma classe de medicamentos de ação anti-inflamatória e imunossupressora, ou seja, usada para suprimir os mecanismos de defesa do corpo. Seu uso é indicado apenas para condições clínicas específicas, uma vez que eles provocam diversas alterações metabólicas, como variações de açúcar no sangue, hipertensão e perda de potássio. Dexametasona e prednisolona são exemplos.
Destaca-se que os anti-inflamatórios possuem também efeito antitérmico e analgésico, contribuindo para uma melhora das dores em geral. Normalmente, eles são indicados para quadros de dor nas costas, febre, gripe ou resfriado e dor de cabeça.
Saiba mais: Como funciona um anti-inflamatório? Especialista explica
Como funciona o antibiótico?
Os antibióticos são medicamentos e compostos naturais ou sintéticos utilizados para o tratamento de infecções bacterianas. Eles destroem as bactérias ou detêm a sua reprodução, facilitando para as defesas do organismo eliminarem os micro-organismos causadores de um determinado processo infeccioso.
Eles são divididos em grupos ou classes, segundo sua estrutura química de base — desse modo, cada antibiótico é eficaz apenas contra determinadas bactérias. Alguns dos mais utilizados incluem:
- Penicilinas: são indicados para o tratamento de infecções como bronquite, pneumonia, sinusite, infecções urinárias ou vaginais, por exemplo. Os principais antibióticos da classe das penicilinas são amoxicilina, penicilina G benzatina e ampicilina;
- Tetraciclinas: são antibióticos bacteriostáticos, isto é, que inibem o crescimento bacteriano, de amplo espectro e bastante eficazes frente a diversas bactérias aeróbicas e anaeróbicas.
- Sulfonamidas: são também conhecidas como sulfas e são agentes bacteriostáticos. Foram utilizadas para tratamento de pacientes com infecções no trato urinário e também em portadores do vírus HIV que apresentam infecções bacterianas.
- Macrolídeos: são agentes bacteriostáticos usados em infecções respiratórias como pneumonia, exacerbação bacteriana aguda de bronquite crônica, sinusite aguda, otite média, tonsilites e faringite.
- Cefalosporinas: são geralmente indicadas para o tratamento de infecções do trato respiratório, otite média, infecções na pele e infecções urinárias. Alguns exemplos incluem cefalexina e ceftriaxona;
- Aminoglicosídeos: são normalmente indicados para o tratamento de infecções na pele como úlceras, feridas com pus, furúnculos, eczema ou dermatites.
O uso de antibióticos deve ser feito apenas com indicação médica. Para escolher o tratamento mais adequado, os médicos calculam qual é a bactéria causadora da infecção.
Como funciona o analgésico?
Os analgésicos são medicamentos utilizados para combater qualquer tipo de dor, como dor de cabeça, dor muscular e dor de dente, por exemplo. Ele atua bloqueando os receptores sensoriais, impedindo que o sinal de dor seja enviado para o cérebro, de acordo com Roberto. “Ele não atua diretamente no processo inflamatório, diferente dos anti-inflamatórios, mas na dor”, acrescenta.
Existem três tipos principais de analgésicos, sendo eles:
- Comuns: como paracetamol e dipirona, são indicados para o tratamento de dores moderadas ou leves, como dores de cabeça, lesões comuns e cólicas menstruais;
- Anti-inflamatórios não esteroides: são medicamentos que, além de combaterem a inflamação, também possuem propriedades analgésicas — como ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e diclofenaco. Normalmente são usados para aliviar dores causadas por algum tipo de lesão decorrente de uma inflamação;
- Opioides: incluem analgésicos sintéticos, como tramadol, e a morfina, uma substância derivada do ópio. São indicados para tratar dores crônicas ou severas, como em casos de câncer ou após uma cirurgia.
Esses medicamentos podem ser administrados juntos?
Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios podem ser administrados juntos, desde que indicados por um especialista. Uma vez que o anti-inflamatório pode demorar um tempo para começar a fazer efeito, pode ser necessário o uso de analgésico para aliviar as dores causadas pela inflamação, acelerando o tratamento.
O uso de antibióticos e anti-inflamatórios também pode ser conjunto, em alguns casos específicos — como uma inflamação na garganta causada por uma infecção de bactérias, por exemplo. Em todo caso, é necessária a indicação médica. O uso inadequado de medicamentos pode piorar o quadro e causar problemas mais sérios.