
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

Mesmo após um domingo leve e agradável, a ansiedade pela segunda-feira começa a tomar conta assim que você percebe que o dia está acabando. Se você se identificou, saiba que esse sentimento tem nome: sunday scaries, ou “medo de domingo”. Na psicologia, já é reconhecido como a “síndrome do domingo à tarde” — e, sim, é mais comum do que parece.
O que são os “sunday scaries” ou “medo de domingo”?
Segundo Susanne Cooperman, neuropsicóloga e psicanalista, trata-se de um tipo de ansiedade antecipatória — e não de estresse imediato. “É a antecipação do que está por vir, o que coloca as pessoas em estado de luta ou fuga, liberando adrenalina e cortisol e gerando uma reação que se manifesta como estresse”, explicou à Healthline.
Os sintomas são os mesmos de qualquer outra ansiedade antecipatória, como tensão muscular, fadiga, perda de apetite, dores de cabeça, nervosismo, irritabilidade, insegurança, pensamentos obsessivos, preocupação excessiva, dificuldade de concentração e problemas para dormir.
É o medo de algo que ainda não aconteceu, mas que você já pressente que vai acontecer. Cerca de 70% das pessoas afirmam ter vivido essa sensação mais de uma vez — e ela nem sempre está ligada à infelicidade no trabalho. Pelo menos, não diretamente.
Tem mais a ver com aquilo que você espera da semana que ainda nem começou: e-mails não lidos, reuniões, prazos apertados, tarefas acumuladas, demandas inesperadas, entre outros.
Por que isso acontece no domingo?
O medo de domingo é uma forma de ansiedade antecipatória relacionada a algo que ainda não aconteceu: a semana que está por vir. A psicóloga Susan Albers explica que “geralmente começa no final da tarde e pode durar até a noite”, mas acrescenta que “dependendo do nível de ansiedade da pessoa, esses sentimentos podem aparecer logo ao acordar”.
O motivo pelo qual essa ansiedade surge no domingo à noite é simples: como explicou ao jornal El País a psicóloga Beatriz González, o domingo representa um “momento de transição entre liberdade e obrigações, entre descanso e trabalho. A antecipação e o estresse se ativam, especialmente se o ambiente de trabalho for muito exigente, insatisfatório ou se a pessoa estiver enfrentando muita incerteza”.
Mas essa ansiedade pode aparecer em qualquer momento, dependendo da rotina de cada um. É um tipo de ansiedade que nos atinge quando o descanso está prestes a acabar.
E por que isso acontece?
A causa não está apenas no fim do fim de semana e varia de pessoa para pessoa, mas há fatores complexos que influenciam nossa saúde mental e bem-estar e que podem desencadear esses “medos de domingo”. Entre eles estão o burnout, um ambiente de trabalho ruim ou uma cultura corporativa tóxica, o excesso de preocupação com tarefas pendentes e a luta contra a síndrome do impostor.
Segundo uma pesquisa do LinkedIn, para 60% das pessoas a preocupação principal era a carga de trabalho, e para 44% as dificuldades de equilibrar as tarefas profissionais e pessoais.
Como frear o “síndrome do domingo” e evitar que ele volte?
De acordo com Analía Tarasiewicz, psicóloga especializada em trabalho, para evitar que isso continue acontecendo é preciso pensar em uma estratégia 360°, que envolva “observar o que exatamente nos faz sentir assim no nosso trabalho”.
Ela explica que, geralmente, “essa angústia não é um problema do trabalho em si, mas uma questão mais profunda que se manifesta ali e que precisa de outro tipo de intervenção”.
Enquanto isso, podemos aliviar os sintomas com exercícios de respiração, por exemplo, ou praticando alguma atividade física no domingo. Também é importante tomar medidas preventivas, como estabelecer limites claros no trabalho e garantir uma desconexão digital efetiva.
Uma dica extra: os pesquisadores apontam que é comum se sentir pior no primeiro dia da semana porque os níveis de autonomia, relacionamento e competência costumam estar mais baixos. Por isso, marcar um encontro com alguém querido nesses dias, depois do trabalho, pode ajudar a mudar a perspectiva.
Além disso, se os medos de domingo forem muito persistentes, é hora de procurar um psicólogo que ofereça as ferramentas certas para ajudar a controlar essa ansiedade.
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