
Jornalista com sete anos de experiência em redação na área de beleza, saúde e bem-estar. Expert em skincare e vivências da maternidade.
i
Salvador Dalí pode ter sido um dos artistas mais criativos e surpreendentes que já existiram. Ele tinha um truque para alcançar esse nível de inventividade, revelado em seu livro de 1948, “50 Segredos Mágicos da Pintura”. Envolvia dormir segurando uma chave — o que hoje chamaríamos de microcochilos: breves pausas durante o dia para revitalizar a mente, capazes de desbloquear ideias incríveis.
Como praticar os microcochilos de Dalí
No livro, o artista catalão descreve seu ritual passo a passo. Ele se sentava ereto em um sofá, segurando uma chave de metal na mão. Logo abaixo, colocava uma placa de aço. Ao adormecer, deixava a chave cair, que então batia na placa, servindo como um despertador. Dalí não foi o único gênio a usar esse método: diz-se que Thomas Edison fazia algo parecido, com bolas de aço e frigideiras.
O truque de Dalí tem uma falha
A neurocientista cognitiva Delphine Oudiette estudou o poder desses microcochilos, seguindo o mesmo processo de Dalí, e identificou uma limitação em seu método: às vezes, os objetos caem antes de o cérebro atingir a fase N1 do sono — uma etapa muito breve, mas essencial para acessar o potencial criativo que Dalí tanto valorizava.
Um microcochilo, sim — mas não uma soneca: há diferença
Os microcochilos nos permitem alcançar a fase 1 do sono. Essa etapa dura cerca de 5 a 10 minutos e funciona como um limbo entre a vigília e o sono profundo. Ainda conseguimos ouvir sons ao nosso redor, mas começamos a ter pensamentos espontâneos. Em outras palavras, surgem sonhos com uma certa lógica — e isso abre as portas para a criatividade.
No entanto, se continuarmos dormindo e ultrapassarmos o microcochilo, entramos na fase REM — e o “superpoder” criativo nos escapa. Nessa fase mais profunda, perdemos o controle, e a estrutura mental se desfaz.
O que acontece no cérebro para liberar a centelha da criatividade?
Ainda não se sabe com exatidão, mas as hipóteses mais aceitas — incluindo as da própria neurocientista — sugerem que, nesse estágio limítrofe de semiconsciência, sonhos e lógica se misturam. Esse momento foi apelidado de “ponto ideal criativo” e, ao acordarmos, conseguimos capturar essas ideias passageiras.
Incubação de sonhos: o empurrãozinho que Dalí precisava
Avanços científicos permitiram comprovar que o truque de Dalí funciona — e mais: possibilitaram aprimorá-lo. Em experimentos, cientistas conseguiram influenciar a fase N1 do sono com estímulos sonoros, incentivando o sonhador a sonhar com temas específicos. Essa técnica, conhecida como incubação de sonhos, faz o subconsciente trabalhar em um conceito direcionado — uma prova concreta de que os microcochilos estimulam a criatividade.
Leia também: A ciência descobriu a maneira mais simples de reconhecer um manipulador: pela sua postura