
Psicóloga do grupo Mantevida, formada pela Universidade Paulista, com especialização em Neuropsicologia e formação em An...
i
Redatora de saúde e bem-estar, autora de reportagens sobre alimentação, família e estilo de vida.

Sentir medo do escuro é algo comum na infância, geralmente associado a monstros e outras figuras do imaginário infantil. Em muitos casos, esse temor desaparece com o tempo, à medida que a criança aprende a diferenciar fantasia e realidade.
No entanto, quando esse medo persiste na juventude ou na vida adulta, ele pode indicar questões emocionais mais profundas. Entenda como a psicologia analisa esse medo e o que ele pode indicar sobre o estado emocional.
Saiba mais: Essa pode ser a razão por trás do medo do seu filho em dormir sozinho, segundo a psicologia
O que significar ter medo do escuro, de acordo com a psicologia?
Segundo Monica Rezende Queiroz, psicóloga do grupo Mantevida, o medo do escuro é, na maioria das vezes, um comportamento aprendido e reforçado ao longo do tempo. Isso pode acontecer tanto por reforçamento negativo — como quando a criança chora e é retirada do ambiente escuro — quanto por reforçamento positivo, ao receber recompensas como dormir com os pais ou ter a luz acesa.
Além disso, o medo do escuro pode se desenvolver a partir de experiências de anteriores. “A criança pode ter aprendido a ter medo de figuras assustadoras ou experiências ruins, por exemplo, em histórias, filmes, sustos, e generaliza esse medo para ambientes escuros. A falta de emparelhamento positivo, o ambiente escuro não foi associado com experiências positivas ao longo do desenvolvimento da criança”, esclarece a especialista.
A psicóloga explica que o comportamento é considerado comum e esperado durante o desenvolvimento infantil, especialmente entre os dois e seis anos de idade. O medo se torna algo preocupante quando excede essa faixa etária ou começa a provocar prejuízos a vida do paciente como:
- Dificuldade excessiva para pegar no sono
- Despertar frequente
- Recusa em dormir sozinho
- Recusa em permanecer em ambientes escuros
Como lidar com o medo do escuro?
O medo do escuro pode ser tratado com abordagens eficazes da psicologia. Segundo explica Monica, algumas das intervenções possíveis incluem:
- Dessensibilização sistemática: expor gradualmente a pessoa a ambientes com pouca luz, de forma controlada, enquanto se reforçam respostas calmas e corajosas durante o processo.
- Treinamento de habilidades de enfrentamento: envolve o ensino de técnicas que ajudam a lidar com o medo, como exercícios de respiração, relaxamento e o uso de recursos lúdicos que tragam segurança.
- Modelagem comportamental: reforça aproximações sucessivas ao objetivo desejado. Por exemplo, começar dormindo com uma luz suave e, com o tempo, reduzir gradualmente a iluminação.
- Reforçamento diferencial: foca em reforçar comportamentos desejáveis, como permanecer sozinho no quarto ou usar um abajur, enquanto evita reforçar respostas de fuga ou de esquiva.
- Histórias sociais: criação de narrativas com personagens que enfrentam o escuro com coragem, promovendo o aprendizado por meio da identificação e da modelagem positiva.
- Ambiente previsível e seguro: estabelecer uma rotina noturna consistente e acolhedora, com rituais tranquilos antes de dormir.
Saiba mais: Terror noturno infantil: o problema que faz crianças acordarem gritando durante a noite