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Só quem tem alergias respiratórias sabe como elas atrapalham a vida. A pessoa nãoconsegue trabalhar direito, se divertir ou mesmo ter uma boa noite de sono. Por causadesse incômodo, o alérgico é capaz de fazer qualquer coisa para se ver livre das crises.E muitas vezes acaba seguindo receitas caseiras ou orientações da internet, que nãodão certo.
Para evitar que você perca o seu tempo, vamos desmistificar algumas informações quecirculam por aí.
Antes, é importante entender como essas inimigas do bem-estar se instalam no corpo,especialmente a rinite alérgica. Tudo começa no nariz. Responsável por limpar,umidificar e aquecer o ar, ele tem um mecanismo de defesa que reconhecesubstâncias tóxicas e age para impedir que elas cheguem aos pulmões. Para isso,bloqueia a passagem desses agressores por meio da obstrução nasal, com sintomascomo espirros e coriza¹. Isso é normal e todas as pessoas, ao entrarem em contato comalgumas substâncias tóxicas, apresentam esses sintomas.
Acontece que os alérgicos têm uma defesa exagerada a agentes que não sãopotencialmente agressivos ao ser humano. Ou seja, são hipersensíveis a substânciasque não despertariam nenhuma reação em outras pessoas, como ácaros, poeira epólen, por exemplo. Além da obstrução nasal, a rinite alérgica provoca bastantecoceira no nariz, céu da boca e garganta, espirros, olhos vermelhos ou lacrimejantes1 .
É possível atuar na prevenção e redução das reações alérgicas. O primeiro passo é aprevenção, que consiste em reduzir a presença dos alérgenos em casa, no carro e nolocal de trabalho. Resumindo, você deve deixar a luz do sol entrar nesses ambientes,mantê-los sempre limpos e ventilados, evitar ter objetos onde os ácaros costumam sealojar, eliminar fungos e umidade e não ter muito contato com animais de estimação,como cachorros e gatos2,3,4 .
O segundo passo é o combate das crises. Ele é feito com medicamentos antihistamínicos, descongestionantes, corticosteroides, cromoglicato dissódico eantagonistas de receptores de leucotrienos. Procedimentos como a imunoterapiaalérgeno-específica, solução salina e agentes imunobiológicos também trazem bonsresultados5.
Veja a seguir o que é mito ou verdade a respeito da rinite alérgica:
Verdade. Ela pode estar associada a várias patologias como asma, conjuntivite alérgica, rinossinusite aguda e crônica, otite média com efusão e alterações dodesenvolvimento craniofacial dos respiradores bucais em crianças. Além dessasdoenças, distúrbios do sono como apneia e hipopneia obstrutiva do sono, tanto emcrianças como em adultos, também podem ocorrer junto com a alergia5
Mito. Pessoas com rinite alérgica ou asma estão mais sujeitas a ter incapacidadefuncional relacionada ao frio e exacerbação de problemas de saúde do que as que nãotêm doenças respiratórias pré-existentes. Isso acontece porque a baixa temperaturado ar afeta o epitélio respiratório, provocando hiperresponsividade (inflamação) eestreitamento das vias aéreas respiratórias. Consequentemente, o resfriamento e asecagem do epitélio respiratório podem gerar uma inflamação crônica e aumentar ossintomas alérgicos6.
Pessoas jovens são as que mais sofrem.
Verdade. Crianças, adolescentes e adultos jovens têm mais rinite alérgica do que aspessoas mais velhas. Nas crianças, os efeitos crônicos do processo inflamatório afetamoutros sistemas ou órgãos relacionados, como os ouvidos e pulmões. Também podemgerar asma, sinusite crônica e aguda, otite média aguda, otite média secretória,agravamento da hipertrofia adenoide, hipertrofia linfoide, derrame crônico da orelhamédia com perda auditiva e apneia obstrutiva do sono, além de problemascomportamentais e de aprendizado7.
Rinite alérgica é hereditária.
Verdade. Se a sua família tem um histórico de alergias, é provável que vocêdesenvolva uma sensibilidade aos ácaros, já que há um componente hereditárioquando se trata de rinite alérgica8.
Poluentes não provocam rinite alérgica.
Mito. O tabaco é responsável inclusive por problemas respiratórios nos filhos degestantes que fumam ou inalam a fumaça do cigarro. Além dele, outros poluentescomo ozônio, dióxido de enxofre, material particulado (PM 10) e dióxido de nitrogênioderivados da combustão do gás de cozinha ou fogão a lenha causam alergiasrespiratórias. Cheiros fortes também são gatilhos para reações alérgicas. Portanto, arecomendação é evitar, sempre que possível, o uso de produtos de limpeza, perfumes,talcos e sprays5.
Mudanças bruscas de temperatura são prejudiciais.
Verdade. Por isso os alérgicos devem evitar banhos extremamente quentes, porque aosair do chuveiro, o contato com o ar frio, principalmente no inverno, é inevitável. Oideal é que a temperatura da água seja equivalente a do corpo. O mesmo vale para ouso do ar-condicionado. Além de limpar regularmente o filtro do aparelho, não se deve programá-lo para deixar o ambiente muito frio, pois o choque de temperatura podedesencadear uma crise imediatamente5.
Baratas fazem mal aos alérgicos.
Verdade. Tanto elas como os roedores podem ser os responsáveis por aquela crise quevem para estragar o seu dia. Para evitar a entrada desses invasores, nunca armazene olixo em casa nem deixe as embalagens dos alimentos abertas. Se for preciso, useinseticidas (sem cheiro) para exterminá-los ou contrate uma empresa especializadapara fazer a detetização5.
Não é possível distinguir rinite alérgica de gripes e resfriados.
Mito. Embora os sintomas sejam parecidos, como espirros e nariz entupido, só a rinitealérgica provoca aquela coceira desesperadora no nariz. Além disso, gripes e resfriadossão causados por vírus, enquanto a alergia respiratória é uma inflamação na mucosanasal. O estado gripal vem acompanhado por febre, queda do estado geral, dores nocorpo, e mais todos os sintomas iguais ao da rinite9.
Antialérgicos dão sono.
Depende. Os anti-histamínicos clássicos, de ?primeira geração?, podem causar sono edificuldade de concentração em tarefas rotineiras como dirigir, trabalhar ou estudar,além de diminuir o tempo do sono REM (o sono reparador). Já os anti-histamínicos desegunda geração, como Allegra11, proporcionam o alívio dos sintomas sem sintomas desedação, e não comprometem as atividades diárias10 .
Corticosteroides devem ser usados em casos específicos.
Verdade. Os corticosteroides sistêmicos (utilizados por via oral) são indicados apenaspara formas graves e crises graves de rinite alérgica e por um período curto, de cinco asete dias. Esse cuidado é importante para prevenir os efeitos adversos do usoprolongado. Já os corticosteroides tópicos nasais são mais seguros e podem ser usadospor períodos mais longos5.
ALLEGRA® (cloridrato de fexofenadina). Indicações: é um anti-histamínico destinado aotratamento das manifestações alérgicas, tais como sintomas de rinite alérgica (incluindoespirros, obstrução nasal, prurido, coriza, conjuntivite alérgica) e urticária (erupçãoavermelhada e pruriginosa na pele). MS 1.8326.0359. O USO DO MEDICAMENTO PODE TRAZER ALGUNS RISCOS. Leia atentamente a bula. SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. Data de Revisão: 01/10/19.
Referências:
1 - Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Artigos - Material educativo:rinite alérgica. Disponível em: http://www.asbai.org.br/secao.asp?s=81&id=302.Acesso em outubro de 2019.
2 - Prevention - Allergic rhinitis. NHS. Disponível em:https://www.nhs.uk/conditions/allergic-rhinitis/prevention/ Acesso em 13 denovembro de 2020.
3 - Bozek A, Pyrkosz K. Immunotherapy of mold allergy: A review. Human Vaccines &Immunotherapeutics. Disponível em:https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5647975/ Acesso em 13 denovembro de 2020.
4 - Helbling A. Animals and fungi as allergy inducers. Therapeutische Umschau.Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11407231/ Acesso em 13 denovembro de 2020.
5 - Brazilian Journal of Otorhinolaryngology. IV Consenso Brasileiro sobre Rinite -atualização em rinite alérgica. Disponível em:http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1808-86942018000100003&script=sci_arttext&tlng=pt Acesso em outubro de 2019.
6 - Nature Scientific Reports - O clima frio aumenta os sintomas respiratórios e aincapacidade funcional, especialmente entre pacientes com asma e rinite alérgica.Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-018-28466-y. Acesso emoutubro de 2019.
7 - Biblioteca Nacional de Medicina dos EUA/Instituto Nacional de Saúde - EstudoInternacional da Pesquisa sobre Rinite Alérgica: resultados de 4 regiões geográficas.Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5796967/. Acesso emoutubro de 2019.
8 - Dávila I, Mullol J, Ferrer M et al. Genetic aspects of allergic rhinitis. Journal ofInvestigational Allergology & Clinical Immunology. Disponível em:https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/19476051/ Acesso em 16 de novembro de 2020.
9 - Blog da Saúde - Ministério da Saúde. É gripe ou alergia? Saiba diferenciar uma daoutra. Disponível em: http://www.blog.saude.gov.br/index.php/35673-e-gripe-oualergia-saiba-diferenciar-uma-da-outra. Acesso em outubro de 2019.
10 - Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Anti-histamínicos ouAntialérgicos. Disponível em: http://asbai.org.br/anti-histaminicos-ou-antialergicos/.Acesso em outubro de 2019.
11 - Bula do produto. Allegra. Sanofi. Disponível em:https://www.allegrabrasil.com.br/bula/adulto/allegra-bulla.html. Acesso em01/02/2021