Médica (CRM: 64334) onco-hematologista, pertencente ao corpo clínico do Hospital Sirio Libanês de São Paulo (SP), sócia...
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iO que é Anemia hemolítica?
A anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma doença em que o organismo não possui glóbulos vermelhos - células responsáveis por fornecer oxigênio para os tecidos do corpo - , em quantidade suficiente. Ocorre quando a medula óssea não é capaz de repor os glóbulos vermelhos que estão sendo atacados por anticorpos anormais. Os sintomas da anemia hemolítica são fraqueza, tontura e palidez.
Em pessoas saudáveis, os glóbulos vermelhos duram cerca de 120 dias antes de serem descartados pelo organismo e repostos pela medula. Na anemia hemolítica, os glóbulos vermelhos no sangue são destruídos antes do tempo normal, sem dar tempo de serem repostos.
Causas
O que causa anemia hemolítica?
A anemia hemolítica autoimune é causada quando a medula óssea não é capaz de repor os glóbulos vermelhos que estão sendo destruídos. O sistema imunológico identifica erroneamente seus próprios glóbulos vermelhos como corpos estranhos, desenvolvendo anticorpos que atacam as hemácias, destruindo-as muito prematuramente.
O organismo também pode destruir os glóbulos vermelhos devido a certos defeitos genéticos que fazem com que os glóbulos vermelhos assumam formas anormais (como a anemia de células falciformes e a anemia hemolítica devido à deficiência de G6PD).
A anemia hemolítica também pode aparecer quando há:
- Coágulos em pequenos vasos sanguíneos
- Transfusão de sangue de um doador com um tipo sanguíneo que não corresponde ao seu
Tipos
Existem três tipos de anemia hemolítica:
- Anemia hemolítica quente: nesse caso, os autoanticorpos reagem com mais intensidade à temperatura corporal de 37°C. Esse é o tipo mais comum, causado em, aproximadamente, 75% dos pacientes diagnosticados com anemia hemolítica. Na maioria das vezes tem origem desconhecida.
- Anemia hemolítica fria: a destruição dos glóbulos vermelhos nessa condição ocorre a temperaturas entre 4ºC e 18ºC. Esse é o tipo mais incomum e acontece quando os anticorpos se ligam na superfície dos eritrócitos e reagem com os polissacarídeos da superfície. Na maioria dos casos, essa anemia está relacionada a infecções e o paciente pode desenvolvê-la devido à hemólise intravascular e extravascular.
- Anemia hemolítica mista: é uma mistura dos dois tipos de anemia hemolítica, tendo anticorpos que destroem os glóbulos vermelhos em uma temperatura corporal ou a temperaturas mais baixas. Esse tipo é mais comum na idade avançada e costuma predominar no sexo feminino, associada ao linfoma e lúpus eritemaroso.
Entenda mais, a seguir, sobre o que é a anemia hemolítica autoimune, seus sintomas, causas, como diagnosticar a doença e como tratar.
Anemia hemolítica x Anemia falciforme
Embora tenham nomes parecidos e dificultem o transporte de oxigênio pelo corpo, é importante não confundir a anemia hemolítica com a anemia falciforme.
A anemia falciforme é uma doença genética que provoca a deformação dos glóbulos vermelhos do sangue. Consequentemente, essas células não carregam oxigênio de forma correta ao corpo, levando à anemia.
Essas células têm muita dificuldade de passar pelas veias, que levam o sangue para os órgãos, podendo ocasionar obstrução e muitas dores. Este tipo de anemia não é corrigido com alimentação por ter origem de mutação genética e não pela deficiência de ferro.
Veja mais em: Anemia por falta de vitamina B12: sintomas e tratamentos
Sintomas
Sintomas da anemia hemolítica
É possível que uma pessoa não apresente sintomas se a anemia hemolítica for branda. Se o problema se desenvolver lentamente, os primeiros sintomas podem ser:
- Mau humor
- Fraqueza ou cansaço mais frequente que o normal
- Dor de cabeça
- Problemas de concentração ou raciocínio
Se a anemia piorar, outros sintomas da anemia hemolítica podem surgir, como:
- Coloração azul no branco dos olhos
- Unhas frágeis
- Tontura leve ao levantar-se
- Palidez da pele
- Falta de ar
- Língua dolorida
Diagnóstico
Um exame de hemograma completo pode ajudar a diagnosticar a anemia hemolítica e oferecer algumas dicas do tipo e da causa do problema. As partes importantes de um hemograma completo incluem contagem de glóbulos vermelhos (RBC), hemoglobina e hematócrito (HCT).
Os seguintes exames podem identificar o tipo de anemia hemolítica:
- Contagem absoluta de reticulócitos
- Teste de Coombs direto
- Teste de Coombs indireto
- Teste de Donath-Landsteiner
- Aglutinina febril ou fria
- Hemoglobina livre no soro ou na urina
- Hemossiderina na urina
- Contagem plaquetária
- Eletroforese protéica sérica
- Haptoglobina sérica
- LDH sérica
- Urina e urobilinogênio fecal
Um exame que mede a longevidade dos glóbulos vermelhos utilizando técnicas de rádio marcação também pode ajudar a diagnosticar a anemia hemolítica.
Fatores de risco
Os fatores de risco para anemia hemolítica são, em termos gerais:
- Exposição a determinados produtos químicos, drogas e toxinas
- Infecções
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar anemia hemolítica são:
- Clínico geral
- Endocrinologista
- Cardiologista
- Hematologista
- Imunologista
- Infectologista
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
- Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
- Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
- Se possível, peça para uma pessoa te acompanhar
O médico provavelmente fará uma série de perguntas, tais como:
- Quando os sintomas surgiram?
- Você já foi diagnosticado anteriormente com anemia? De qual tipo?
- Qual a intensidade dos sintomas?
- Os sintomas apresentados são ocasionais ou frequentes?
- Você tem tido problemas para concentrar-se?
Tratamento
Anemia hemolítica tem cura?
A anemia hemolítica autoimune não tem cura. No entanto, a destruição das hemácias pode ser controlada através do tratamento variado, a depender do tipo e da causa da doença:
- Em casos de emergência, pode ser necessária transfusão sanguínea
- Para anemia hemolítica autoimune, podem ser utilizadas drogas que reprimem o sistema imunológico
- Quando os glóbulos vermelhos estão sendo destruídos em ritmo acelerado, o organismo pode precisar de ácido fólico extra e suplementos de ferro para repor o que está sendo perdido
Medicamentos
Os medicamentos mais usados para o tratamento de anemia hemolítica são:
- Acetato de Dexametasona
- Afopic
- Androcortil
- Azatioprina
- Betametasona
- Celestone
- Decadron
- Prednisolona
- Predsim
- Noripurum EV
- Noripurum fólico.
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Prevenção
Por se tratar de uma doença genética, não há formas conhecidas de prevenir a anemia hemolítica. Casos ligados à transfusão pedem os cuidados de acontecerem entre doadores e receptores compatíveis.
Convivendo (Prognóstico)
O tratamento da causa subjacente à anemia hemolítica é essencial para que o paciente possa conviver bem com a doença. Seguir uma dieta rica em ferro e vitaminas também pode ajudar.
Veja mais: Melhores alimentos para combater a anemia
Complicações possíveis
O resultado do tratamento depende do tipo e da causa da anemia hemolítica. A anemia hemolítica grave pode levar a uma doença cardíaca, pulmonar ou cerebrovascular, colocando a vida do paciente em risco.
Referências
Ministério da Saúde
Mayo Clinic
Manual Merck
American Family Physician
National Heart, Lung ang Blood Institute