
Graduado em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1981 e doutor em Mastologia pela Universidade...
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O que é Candidíase?
A candidíase (CID 10 - B37) é uma infecção causada pelo fungo Candida, famosa por afetar órgãos genitais femininos, levando à vermelhidão, dor e coceira vaginal.
A doença, porém, não é restrita às mulheres e casos de candidíase em homens podem aparecer na pele, unhas, garganta, boca e até na corrente sanguínea.
Cerca de 90% dos casos de candidíase são causados pelo fungo da espécie Candida albicans. No entanto, a doença pode ocorrer devido a outras espécies, como a glabrata, tropicalis, krusei, parapsilosis e saccharomyces cerevisae, mesmo que mais incomuns.
Saiba mais: Candidíase é uma alergia vaginal? Especialista responde
Causas
Desequilíbrio da flora vaginal
A principal causa da candidíase vaginal é o fungo Candida albicans, quando entra em desequilíbrio na flora vaginal. Esse micro-organismo existe, naturalmente, em pequenas quantidades no organismo da mulher.
No entanto, alguns fatores podem levar ao desequilíbrio da Candida no corpo da mulher e à reprodução anormal do fungo.
Áreas quentes e úmidas são mais propícias para o fungo se propagar. Por isso que as partes íntimas, zonas de dobra de pele e garganta e boca são mais propícias ao aparecimento do problema.
Além disso, o desequilíbrio da concentração desse fungo pode aparecer com mais facilidade em adultos ou crianças que possuem o sistema imunológico debilitado, já que são as defesas do nosso organismo que ajudam a conter seu crescimento exagerado.
Candidíase na gravidez
Na gravidez, mudanças fisiológicas da região genital da mulher, como maior vascularização local, aumento na produção de lactobacilos e mudança do pH da vagina - que fica mais ácida - pode favorecer a proliferação de fungos e a ocorrência de candidíase.
Candidíase e sexo
A candidíase não é considerada uma Infecções sexualmente transmissível (IST). Por isso, mulheres e homens que nunca tiveram relações sexuais podem ter candidíase.
No entanto, pessoas com uma flora genital e sistema imunológico mais prejudicado podem acabar desenvolvendo a candidíase após o sexo.
Por isso, indica-se que a pessoa em tratamento para candidíase tenha uma abstinência sexual.
Tipos
Candidíase vaginal
A candidíase vaginal é a forma mais comum da candidíase, que acomete mulheres com sistema imunológico fraco ou flora vaginal desequilibrada. Nesses casos, o fungo, que já está presente no organismo, consegue se replicar mais, já que o corpo perde os recursos necessários para contê-lo.

Candidíase masculina (balanopostite)
A candidíase masculina é chamada também de candidíase no pênis. Não é tão comum quanto a candidíase vaginal, porém merece cuidados quando se manifesta.
Na maioria dos casos da candidíase peniana, a vulnerabilidade no organismo causada por problemas de saúde é fator primordial para que o fungo se reproduza em excesso no homem. Diabetes e higiene precária são fatores frequentes para a doença.
Candidíase na boca
A candidíase oral é caracterizada por pequenas aftas na boca e dificuldade para engolir.
Pode ser diagnosticada em crianças, idosos, pessoas com diabetes, em adultos após o contato íntimo desprotegido e pacientes em fase de tratamentos que comprometem o sistema imunológico.
Candidíase de esôfago
A candidíase de esôfago é também chamada de esofagite de causa infecciosa causada pelo fungo Candida albicans. É o mais raro dos tipos de inflamações no esôfago e predominam nos pacientes de baixa imunidade, principalmente em portadores de AIDS e câncer.
Tende a ser mais comum em idosos e raramente acomete crianças, exceto quando há comprometimento de imunidade.
Candidíase na pele (Intertrigo)
A candidíase na pele é conhecida como intertrigo candidiásico, sendo uma infecção causada na pele que pode aparecer sem outros fatores associados.
Ocorre principalmente pelo atrito entre as peles, criando assim pequenas lesões em que surge um ambiente propício (calor, umidade e alimento) para a proliferação de bactérias e fungos.
Geralmente, as partes do corpo que estão mais vulneráveis a essa doença são dobras como:
- Axilas
- Virilha
- Nádegas
- Barriga
- Pescoço
- Sob as mamas
- Entre os dedos das mãos e dos pés
- Parte interna das coxas
Candidíase invasiva
A candidíase invasiva é uma infecção que recebe vários nomes, como candidíase disseminada, e ocorre principalmente pessoas com um sistema imunológico enfraquecido.
Costuma atingir recém-nascidos de baixo peso e hospedeiros imunocomprometidos - por isso, acaba sendo uma infecção mais hospitalar.
Nesse caso, o fungo atinge a corrente sanguínea, podendo afetar qualquer órgão (como válvulas cardíacas, cérebro, baço, rins e olhos) e causar complicações graves.
Em casos mais graves ela pode evoluir para uma candidemia (candidíase na corrente sanguínea), que pode ser fatal.
Sintomas
Sintomas da candidíase vaginal
- Coceira na área vaginal
- Dor e vermelhidão na área vaginal
- Corrimento vaginal branco e agrupado, parecido com queijo cottage
- Relações sexuais dolorosas
Sintomas da candidíase no pênis
- Coceira, ardência e inchaço na ponta do pênis
- Dor na relação sexual
- Ardência ao urinar
- Feridas (rachaduras) na pele do pênis
- Corrimento branco e agrupado
- Odor forte
Sintomas da candidíase oral
- Vermelhidão, ardência e desconforto na boca
- Dor e dificuldade para engolir
- Manchas brancas dentro da boca e na língua
- Rachaduras no canto da boca
Sintomas da candidíase de esôfago
- Dor ao engolir
- Dor no peito
- Náuseas e vômito
- Dor abdominal
- Perda do apetite
Sintomas da candidíase na pele
- Vermelhidão na região das dobras
- Escurecimento da pele nesta região, com formação de erosão e crostas
- Descamação
- Coceira e queimação na região das dobras
- Saída de líquidos nas lesões
Sintomas da candidíase invasiva
- Febre
- Emissão de urina turva
- Dor de cabeça
- Vômitos
- Articulações inflamadas
Diagnóstico
Como identificar a candidíase?
A candidíase tem sintomas muito semelhantes a outros problemas de saúde, por isso o único jeito de confirmar é fazer um exame de cultura da região afetada, para verificar se a infecção é causada por fungo e que fungo é esse. Veja a seguir o diagnóstico específico de cada tipo:
Diagnóstico da candidíase vaginal
O diagnóstico da candidíase vaginal começa a ser feito com o histórico do paciente, como infecções vaginais passadas e também se a paciente já teve alguma IST.
O próximo passo é um exame físico. O ginecologista usa um espéculo para segurar as paredes vaginais para visualizar melhor a vagina e o colo do útero. Ele também pode colher amostras de corrimento para análise laboratorial.
O outro passo é justamente essa análise do corrimento vaginal. Se as infecções por candidíase vaginal forem recorrentes, o médico pode inclusive pedir uma análise mais detalhada.
Diagnóstico da candidíase peniana
O diagnóstico da candidíase peniana começa a ser feito com o histórico do paciente, como infecções vaginais passadas e também se a paciente já teve alguma IST.
Depois são feitos os exames para observar as condições do pênis.
Diagnóstico da candidíase oral ou esofágica
A candidíase oral ou esofágica tem o diagnóstico feito com um exame de cultura de escarro e da boca para verificar a ocorrência do problema.
Diagnóstico do intertrigo
O diagnóstico do intertrigo é feito com base na observação dos sintomas da doença e através de exames como:
- Raspagem da pele e exame KOH (hidróxido de potássio) para eliminar uma infecção por fungo
- Lâmpada de Wood (luz negra) para eliminar uma infecção bacteriana chamada eritrasma
- Biopsia da pele, que pode ser necessária em casos mais raropara confirmar o diagnóstico
Também é indicada a realização de exame de sangue para o diagnóstico mais preciso, principalmente, para verificar se o indivíduo não está com diabetes. O intertrigo pode ser um dos sintomas iniciais da diabetes.
Diagnóstico da candidíase invasiva
A candidíase invasiva tem como diagnóstico os exames de cultura de escarro, boca, vagina, urina, fezes, ou pele não significa necessariamente infecção invasiva e progressiva.
É preciso realizar exames de cultura do fungo no sangue, fluido pericárdio ou mesmo amostras de tecidos retiradas em biópsias para confirmar o diagnóstico.
Fatores de risco
Alguns fatores aumentam o risco da infecção pelo fungo Candida e dele se espalhar pelo organismo. Veja quais são:
Uso de antibióticos
A microbiota vaginal é formada por diversas bactérias. Algumas delas são aliadas do organismo e ajudam a conter as bactérias e fungos que podem ser nocivos.
No entanto, antibióticos de largo espectro - aqueles que são eficazes contra uma ampla gama de bactérias - podem matar essas bactérias saudáveis na sua vagina, o que pode levar ao crescimento de leveduras, como o fungo da candidíase vaginal.
Saiba mais: Candidíase vaginal: formas e dicas de como tratar o problema
Aumento dos níveis de estrogênio
Infecções fúngicas parecem ocorrer mais frequentemente em mulheres com aumento dos níveis de estrogênio - por exemplo, em mulheres que estão grávidas, que tomam altas doses de pílulas de estrogênio ou que fazem terapia hormonal de estrógeno.
Doces e carboidratos em geral
O consumo excessivo de doces e carboidratos propiciam o crescimento do fungo da candidíase vaginal de duas formas. A primeira é através da alteração do pH, que se torna mais ácido, logo é um ambiente muito mais propício para que a Candida se prolifere.
Além disso, a glicose também serve como alimento para esse fungo, portanto quando ela está em excesso no sangue, pode ajudar no aparecimento da candidíase vaginal.
Por isso, pessoas com diabetes também podem apresentar mais crises recorrentes de candidíase vaginal (além dos outros tipos).
Sexo sem proteção
Embora a candidíase não seja considerada uma IST, ela pode ser transmitida por meio do contato sexual, principalmente para as genitálias e boca.
Locais e roupas úmidos
O fungo a candidíase prefere locais úmidos, por isso a vagina é um local tão comum para essa infecção. Frequentar piscinas, ficar muito tempo com roupas de banho molhadas ou mesmo não secar corretamente a região genital pode propiciar uma candidíase vaginal.
Outros fatores que interferem no sistema imunológico
- Noites mal-dormidas
- Ingestão insuficiente de vitaminas e minerais, consequência de uma dieta pouco equilibrada
- Alto nível de estresse
- Gripes fortes
- Diabetes
- Imunossupressão por medicamentos
- Uso de drogas
Alimentos que pioram o quadro
Um dos fatores que desencadeiam os sintomas de candidíase é a alimentação. "O fungo precisa de um ambiente ácido para se reproduzir, e alimentos ricos em carboidratos simples, gorduras e proteínas animais contribuem para essa acidez", explica o nutrólogo Roberto Navarro.
Veja alguns alimentos que podem atrapalhar a recuperação da candidíase:
- Carboidratos simples
- Frutas e vegetais ricos em açúcar e amido
- Proteínas animais
- Carnes processadas
- Amendoim e outras oleaginosas
- Bebidas alcoólicas
Na consulta médica
Especialistas que podem diagnosticar uma candidíase vaginal são:
- Ginecologista
- Urologista
- Clínico geral
- Dermatologista
Não é preciso ter vergonha de conversar com o(a) médico(a) a respeito dos sintomas, principalmente se a candidíase aparecer em regiões genitais. Lembre-se que se trata de profissional formado(a) e especializado(a) para te atender da melhor maneira para a cura da doença.
Antes de ir ao médico, anote em um papel algumas informações relevantes, como data da última relação sexual e menstruação; e nomes dos medicamentos e suplementos que você toma.
Buscando ajuda médica
Caso você apresente coceira vaginal, dor e vermelhidão na área genital, aliadas ou não de corrimento vaginal branco e espesso, procure um ginecologista ou urologista imediatamente.
Se apresentar sintomas de outros tipos de candidíase, é aconselhado procurar um clínico geral ou até mesmo dermatologista (para candidíase em unhas e pele).
Tratamento
O tratamento da candidíase, seja onde for sua localização, normalmente consiste no uso de pomadas antifúngicas ou medicamentos antimicóticos de uso local. No entanto, existem situações de candidíase recorrente, em que é necessária a mudança da terapia e do estilo de vida.
Candidíase recorrente: como tratar
Quem convive com quadros de candidíase frequentemente, vale a pena conversar e ser examinado pelo seu médico para determinar se existem fatores de risco (uso de corticoides, infecção pelo HIV, diabetes, por exemplo). Também pode-se investigar qual é a espécie de Candida responsável.
Muitas vezes os tratamentos comuns para candidíase não matam outros tipos do fungo, e a pessoa passa a ter recorrência. A cultura do local infectado pode auxiliar na detecção do fungo e terapia direcionada.
Em casos de candidíase vaginal recorrente, o médico pode indicar medicamentos orais para que o quadro não retorne. Além disso, mudanças na alimentação pode ajudar esses casos.
Saiba Mais: O que fazer quando nenhum tratamento de candidíase funciona?
Como tratar a candidíase na gravidez
Os antifúngicos orais presentes no mercado para tratamento da candidíase são contraindicados para gestantes. Portanto o ideal é que use-se pomadas locais.
Por isso, na gravidez é comum episódios recorrentes de candidíase, já que muitas vezes o fungo torna-se resistente aos tratamentos tópicos com cremes.
Tratamento para candidíase invasiva
No caso específico deste tipo de candidíase mais grave, o manejo do tratamento é feito no hospital, com suspensão de medicamentos imunossupressores e administração de medicamentos mais fortes.
Saiba mais: Entenda quais tratamentos caseiros funcionam para candidíase
Remédios caseiros para candidíase
Receitas caseiras para a candidíase podem aliviar os sintomas, porém não tratam a doença. Entre os tipos de tratamentos feitos em casa, os que se destacam são:
- Banhos de assento com chá de camomila (bem forte e morno)
- Bicarbonato de sódio (1 colher de sopa em 1 litro de água morna)
- Algumas substâncias encontradas em farmácias - Flogorosa e Lucretin (1 envelope em 1 litro de água morna)
A violeta genciana a 1%, se aplicada pelo médico localmente na vagina, pode também melhorar os sintomas.
Saiba mais: Mitos do tratamento caseiro para candidíase
Medicamentos
Remédios para candidíase
- Canditrat
- Cetoconazol
- Clindamin-C
- Clocef
- Clotrimazol
- Colpatrin
- Colpistatin
- Daktarin
- Fentizol
- Flogo Rosa
- Fluconazol
- Gino-Canesten
- Gynazole-1
- Gyno-Icaden
- Gynopac
- Icaden
- Itraconazol
- Nistatina (creme)
- Nistatina (solução)
- Nitrato de Miconazol (creme vaginal)
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique.
Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
De acordo com o ginecologista Fabiano Sakae Kuteken, a candidíase possui cura.
Os testes de cura só estão indicados após tratamento de infecções persistentes não-albicans, tendo pelo menos duas culturas negativas com uma semana após o tratamento e intervalo de pelo menos uma semana entre as duas tomadas.
Lembrando que existem pacientes que têm o fungo Candida na flora vaginal, mas são assintomáticos (não apresentam sintomas).
Prevenção
A maioria dos casos de candidíase, incluindo a vaginal, pode ser evitada mantendo a pele limpa e seca, utilizando antibiótico apenas com orientação médica, e seguindo um estilo de vida saudável, incluindo alimentação adequada.
Pessoas com diabetes devem tentar manter o açúcar no sangue sob controle. Se você tem HIV ou outra doença que favoreça episódios recorrentes de candidíase, o uso contínuo de drogas antifúngicas pode ajudar a minimizar crises.
Fazer a higiene íntima regularmente, preferir roupas com tecidos de algodão e evitar peças justas, além de evitar o uso contínuo de absorventes internos, também ajudam a evitar a candidíase vaginal. Usar camisinha em todas as relações sexuais também é uma ótima recomendação.
Saiba mais: Agora faça o teste: você sabe mesmo se proteger da candidíase?
Convivendo (Prognóstico)
Uma vez que você for diagnosticado com candidíase, é importante manter alguns cuidados, como:
- Evitar o consumo de bebidas alcoólicas
- Não fumar
- Manter-se sempre hidratado
- Evitar relações sexuais durante a fase inicial do tratamento
- Usar preservativo em todas as relações sexuais
- Evitar alimentos ricos em açúcar e gordura
- Usar roupas íntimas de algodão
- Evitar roupas quentes, apertadas ou molhadas
- Usar o medicamento pelo tempo necessário definido pelo médico, pois o tratamento incompleto pode gerar a candidíase recorrente
Complicações possíveis
Quando a candidíase vaginal não é tratada corretamente, ela pode se tornar um quadro persistente, tendo quadros de repetição em intervalos cada vez menores de tempo.
Saiba mais: 7 dúvidas sobre candidíase que toda mulher precisa saber
Em casos mais sérios, em que existe depressão do sistema imunológico, a candidíase é capaz de atingir órgãos vitais, e inclusive, gerar complicações nos rins, pulmões e levar a óbito.
Especialistas respondem sobre complicações da candidíase:
- Candidíase recorrente pode provocar mioma?
- Candidíase pode afetar a ovulação? E impedir que a pessoa engravide?
Referências
Ministério da Saúde
Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo
Manuais MDS
Fabio Laginha, médico ginecologista (CRM-SP 42141)
(5) Valter Javaroni, médico urologista (CRM RJ-52575160)
Diogo Mendes, médico urologista (CRM DF-6439)
Maira Marzinotto, médica gastroenterologista (CRM SP-124994)
Angélica Pimenta, médica dermatologista (CRM-SP 120.847)
Renato Tomioka, médico ginecologista (CRM-SP 130201)
Melissa Ganam Antoun Guedes, médica ginecologista (CRM-MG 40145)
Vania Carolina Pereira Stancka, médica ginecologista (CRM-SP 136342)
Fabio Sakae Kuteken, médico ginecologista da Rede de Hospitais São Camilo de SP