Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (2004). Concluiu no ano de 2008 a Residência em Clínica...
iRedatora entusiasta de beleza e nutrição, autora de reportagens sobre alimentação, receitas saudáveis e cuidados pessoais.
iO que é Hipotireoidismo?
O hipotireoidismo é um problema em que a glândula tireoide não produz hormônios suficientes para a necessidade do organismo e causa sintomas como ganho de peso, fadiga, prisão de ventre, inchaço, queda de cabelo e até depressão.
A glândula da tireoide é um órgão do sistema endócrino localizado na região anterior do pescoço, ao redor da traqueia, e responsável pela produção de dois hormônios: tri-iodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4), que regulam o metabolismo. No hipotireoidismo, esses hormônios são produzidos em menor escala. A doença é mais comum em mulheres acima dos 40 anos.
Hipotireoidismo e hipertireoidismo: qual é a diferença?
Enquanto o hipotireoidismo é a falta de hormônios produzidos pela glândula tireoide, o hipertireoidismo é o excesso de secreção produzida e causa sintomas como perda de peso, aumento de apetite, arritmia, ansiedade e tremor nas mãos.
Saiba mais: Descubra as diferenças entre hipotireoidismo e hipertireoidismo
Causas
A produção de T3 e T4 é regulada pelo hormônio TSH, produzido na glândula hipófise. O TSH age como se fosse um interruptor: quando faltam T3 e T4 no sangue, o TSH sobe (fica “ligado”) e com isso tenta normalizar os níveis destes hormônios. De forma inversa, quando T3 e T4 estão elevados no sangue, o TSH fica “desligado” e seus níveis no sangue caem.
O quadro pode acontecer por um período curto (agudo) ou longo (crônico). Vários fatores podem desencadear esse problema, incluindo:
- Doenças autoimunes: quando o sistema imunológico ataca e destrói tecidos saudáveis do corpo. Às vezes isso pode acontecer também com a tireoide, o que impediria a glândula de produzir as quantidades normais de hormônios
- Tratamento de hipertireoidismo: pessoas afetadas pelo hipertireoidismo produzem quantidades de hormônio acima do normal e precisam ser tratadas com medicamentos que estabilizam a produção na tireoide. Caso as quantidades baixem demais, pode haver um quadro de hipotireoidismo
- Cirurgia de tireoide: remover uma parte da tireoide durante procedimento cirúrgico pode prejudicar a produção de hormônios pela glândula. A alternativa é a reposição hormonal para o resto da vida
- Radioterapia: usada para tratar câncer, pode causar efeitos colaterais - e um deles pode ser o hipotireoidismo
- Medicamentos: várias medicações podem contribuir para o quadro. Um deles é o lítio, usado no tratamento de certos problemas psiquiátricos
Menos frequentemente, o hipotireoidismo pode ser causado por:
- Doença congênita: alguns casos são desencadeados por um mal desenvolvimento da tireoide durante a gestação. Crianças com essa forma da doença podem não apresentar sintomas depois do nascimento, mas podem ter complicações futuras
- Distúrbio pituitário: uma das causas mais raras é a redução da produção do hormônio TSH pela hipófise, a glândula-mãe do sistema endócrino. Existem defeitos na linha de produção do TSH na hipófise que podem ocasionar o quadro, que neste caso chamamos de hipotireoidismo central
- Deficiência de iodo: a deficiência de iodo, mineral essencial para o corpo, pode prejudicar a produção de tiroxina (outro nome para T4) e de tri-iodotironina (T3), elevando o risco de hipotireoidismo
Hipotireoidismo na gravidez
Algumas mulheres podem desenvolver hipotireoidismo durante ou após a gestação, porque, muitas vezes, elas produzem anticorpos voltados para a sua própria tireoide – o que afetaria a produção dos hormônios.
Vale ressaltar que sem o tratamento correto, aumenta o risco de parto prematuro e também de pré-eclâmpsia, uma condição em que a pressão sanguínea da mulher aumenta consideravelmente durante os últimos três meses de gravidez.
O quadro também pode afetar o desenvolvimento do bebê, pois o cérebro em formação do bebê precisa receber os hormônios da tireoide para poder crescer adequadamente.
É muito importante que a mulher que tem hipotireoidismo procure seu Endocrinologista assim que ficar grávida, assim ela poderá saber a dose correta do medicamento durante a gestação.
Saiba mais: Hipotireoidismo na gravidez: riscos e cuidados necessários
Tipos
Os tipos de hipotireoidismo, são:
Hipotireoidismo congênito
O hipotireoidismo congênito ocorre quando a glândula tireoide dos recém-nascidos é incapaz de produzir quantidades suficientes de hormônios, resultando na redução do metabolismo.
Hipotireoidismo subclínico
O hipotireoidismo subclínico é a elevação do TSH sérico em pacientes com ausência dos sintomas ou quase imperceptíveis da doença, além das concentrações séricas normais de T4.
Hipotireoidismo primário
O hipotireoidismo primário ocorre através da diminuição da secreção dos hormônios T3 e T4. Nesse tipo, seus níveis séricos são baixos, enquanto o TSH é elevado.
Hipotireoidismo secundário
O hipotireoidismo secundário ocorre quando o hipotálamo produz o hormônio TRH em quantidades insuficientes ou a hipófise TSH em quantidades menores.
Sintomas
Sintomas de hipotireoidismo
Os sintomas de hipotireoidismo costumam variar, dependendo da pessoa e da gravidade do caso. Em geral, os sintomas manifestados tendem a se desenvolver lentamente, às vezes por muitos anos. Os sintomas mais comuns do hipotireoidismo costumam ser:
- Fadiga
- Sensibilidade ao frio
- Prisão de ventre
- Pele ressecada
- Ganho inexplicável de peso
- Inchaço no rosto
- Rouquidão
- Fraqueza muscular
- Colesterol alto
- Dores, sensibilidade e rigidez musculares
- Queda de cabelo
- Ritmo cardíaco mais lento
- Depressão
- Problemas de memória.
Se não forem tratados, os sintomas do hipotireoidismo podem agravar-se cada vez mais.
Hipotireoidismo engorda?
Devido à baixa produção de hormônios relativos ao metabolismo, o processo metabólico é mais lento e, consequentemente, a pessoa ganha mais peso. No entanto, esse sintoma pode ser quase imperceptível ou também pode não acontecer.
Saiba mais: Hipotireoidismo pode ser confundido com depressão e ansiedade
Diagnóstico
O diagnóstico de hipotireoidismo é baseado nos sintomas e nos resultados de exames de sangue que medem o nível do TSH, o hormônio estimulante da tireoide, e, por vezes, o nível dos hormônios tri-iodotironina (T3) e a tetraiodotironina (T4) produzidos pela tireoide.
Um baixo nível de T4 ou T3 e alto nível de TSH indicam uma disfunção da tireoide. Isso porque a hipófise acaba produzindo mais TSH em decorrência de um esforço maior para estimular a glândula tireóide a produzir mais hormônios.
Fatores de risco
Embora qualquer um possa desenvolver hipotireoidismo, alguns fatores são considerados de risco para contrair a doença. Eles são:
- Ser mulher
- Ter mais de 40 anos
- Ser portador de uma doença autoimune
- Ter histórico familiar de doença autoimune
- Fazer uso de medicamentos que afetam a produção dos hormônios da tireoide
- Passar por sessões de radioterapia
- Já ter feito uma cirurgia de tireoide
- Estar grávida ou ter dado à luz nos últimos seis meses
Saiba mais: Quem tem hipotireoidismo pode fazer exercício? Médica revela
Buscando ajuda médica
Consulte um médico se você sente cansaço sem qualquer motivo aparente ou se apresentar qualquer um dos outros sintomas de hipotireoidismo. Entre as especialidades que podem diagnosticar o hipotireoidismo estão:
- Endocrinologista
- Clínico geral
Se você operou a tireoide anteriormente, você também vai precisar consultar um médico com frequência para exames de checagem do funcionamento da tireoide. Se você tem colesterol alto, converse com um endocrinologista, pois a desregulação da tireoide pode estar entre uma das possíveis causas para o problema.
Além disso, se você está recebendo terapia hormonal como parte do tratamento para hipotireoidismo, visitas regulares ao médico também são necessárias para acompanhamento. Ao longo do tempo, a dose de medicamento pode mudar.
Tratamento
Tratamento para hipotireoidismo
O tratamento para hipotireoidismo envolve o uso diário de uma versão sintética do hormônio tetraiodotironina (T4): a levotiroxina. Esta medicação oral restaura os níveis hormonais adequados, revertendo os sinais e sintomas.
Os primeiros resultados do tratamento costumam aparecer de uma a duas semanas após o seu início. Essa medicação também reduz gradualmente os níveis de colesterol e ajuda a reverter, também, um eventual ganho de peso provocado pelo hipotireoidismo.
No entanto, para determinar a dose exata de levotiroxina, o médico geralmente verifica o nível de TSH após dois a três meses. Quantidades excessivas de hormônio podem causar alguns efeitos colaterais, como:
- Aumento do apetite
- Insônia
- Palpitações cardíacas
- Tremores
Se você tiver doença arterial coronariana ou hipotireoidismo grave, o médico pode iniciar o tratamento com uma quantidade menor de medicação e aumentar gradualmente a dosagem. Reposição hormonal progressiva é importante para adaptar o corpo ao novo metabolismo, que é mais acelerado.
Se utilizado nas doses corretas, a levotiroxina não costuma provocar efeitos colaterais
Mas atenção para medicamentos, suplementos e alimentos que possam afetar a capacidade do corpo de absorver levotiroxina. Converse com o médico antes de iniciar o tratamento.
Alimentos com grandes quantidades de soja ou um dieta rica em fibras, por exemplo, podem prejudicar a absorção de levotiroxina pelo corpo. Suplementos de ferro e de cálcio também costumam ser contraindicados durante o tratamento.
Medicamentos
Remédio para hipotireoidismo
O remédio para hipotireoidismo mais usado no tratamento é:
- Euthyrox
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.
Tem cura?
Hipotireoidismo tem cura?
Hipotireoidismo não tem cura. Na maioria dos casos, os níveis de hormônios produzidos pela tireoide voltam ao normal com o tratamento adequado. Contudo, o paciente deverá passar por terapia de reposição hormonal pelo resto da vida.
Prevenção
Não existem meios de se prevenir hipotireoidismo. Exames de triagem para recém-nascidos podem detectar o quadro congênito. Faça testes de rotina para verificar o funcionamento da tireoide e detectar possíveis problemas.
Complicações possíveis
Hipotireoidismo, se não tratado, pode levar a uma série de problemas de saúde, como:
- Bócio: a constante estimulação da tireoide para liberar mais hormônios pode causar bócio, o aumento da glândula, o que dificulta engolir ou respirar
- Problemas cardíacos: hipotireoidismo pode também estar associado a um risco maior de doenças cardíacas, principalmente por causa do colesterol elevado
- Problemas psicológicos: entre as complicações mais comuns estão a depressão e a deficiência intelectual
- Neuropatia periférica: hipotireoidismo não controlado pode causar danos aos nervos periféricos, que levam informações do cérebro e da medula espinhal para o resto do corpo. Os sintomas mais comuns de neuropatia periférica incluem dor, dormência e formigamento na área afetada do nervo
- Mixedema: hipotireoidismo não tratado pode levar também à mixedema desencadeada por sedativos ou por infecção. Essa forma mais grave da doença causa intolerância ao frio intensa e sonolência, seguidos por uma profunda letargia e inconsciência
- Infertilidade: os baixos níveis de hormônio da tireoide podem interferir na ovulação da mulher, o que pode causar infertilidade. No entanto, tratar hipotireoidismo com a terapia de reposição hormonal da tireoide pode não restaurar completamente a fertilidade
- Defeitos congênitos: bebês nascidos de mulheres com a desregulação da tireoide não tratada podem ter um maior risco de defeitos de nascença, pois são mais propensos a sérios problemas intelectuais e de desenvolvimento
Saiba mais: Hipotireoidismo em crianças: quais os sintomas e como é detectado
Referências
Ministério da Saúde
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Manual MSD