Médica Infectologista graduada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com residência médica pela Universidade...
iManuela Pagan é jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero (2014) e em fisioterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2008).
iO que é Meningite viral?
Meningite nada mais é do que a inflamação das meninges, três membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. No caso da meningite viral, há também a inflamação do espaço preenchido por líquido entre tais membranas (espaço subaracnóideo). Os principais sintomas são dor de cabeça, febre e rigidez na nuca.
Causas
Como o próprio nome já deixa claro, ela é causada por um vírus. No entanto, não há um único responsável. São vários vírus que podem causar meningite viral, entre eles:
- Enterovírus, que ficam no trato digestivo e tendem a causar a versão mais contagiosa da meningite viral
- Vírus da varicela-zóster, causador da catapora
- Vírus da caxumba
- Vírus propagados por mosquitos (chamados arbovírus), entre eles o Nilo Ocidental, vírus da encefalite St. Louis e vírus da encefalite da Califórnia
- Vírus da coriomeningite linfocítica
- Vírus da imunodeficiência humana (HIV)
- Influenza
- Herpes vírus, causadores de lesões bolhosas em lábios, nariz e genitais, também podem causar meningite e encefalite (inflamação no cérebro)
Meningite e encefalites por herpes podem ser graves, potencialmente fatais e eventualmente deixar sequelas graves, comprometendo funções cognitivas e motoras. Coronavírus, Zika e Chikungunya também podem ocasionalmente causar a inflamação das meninges.
A transmissão da meningite viral também pode acontecer de várias maneiras:
- Pela corrente sanguínea, rota mais comum;
- Contato com fezes contaminadas, podendo ocorrer quando pessoas infectadas não lavam suas mãos após a evacuação ou em piscina pública (no caso de enterovírus);
- Relação sexual ou outro contato genital (no caso de herpes vírus e HIV);
- Picada de inseto, no caso dos vírus transmitidos dessa forma;
- Pelo ar ao inalar o vírus (no caso do vírus da varicela zóster);
- Contato com poeira ou alimentos contaminados pela urina ou fezes de camundongos ou hamsters (no caso do o vírus da coriomeningite linfocítica);
- Uso de agulhas infectadas para injetar drogas (no caso de HIV).
Qual a diferença entre meningite viral e bacteriana?
Além da causa da inflamação e, apesar dos sintomas semelhantes, há diferenças entre a meningite viral e a bacteriana. A principal delas, aliás, está na gravidade da doença.
A meningite viral costuma ser mais branda e de boa evolução, salvo casos raros em que ocorre convulsão, alteração de comportamento e até óbito, normalmente causada pelo vírus da herpes.
Sintomas
Inicialmente, a meningite viral começa começa com sintomas bastante similares aos de outras doenças causas por vírus, como:
Os sintomas mais recorrentes da meningite viral, contudo, são:
- Febre alta;
- Dor de cabeça;
- Rigidez na nuca, tornando difícil movimentar o queixo em direção ao peito;
- Vômitos.
Podem acontecer ainda alterações do comportamento, humor, apetite e/ou convulsões.
Na maioria dos casos, os sintomas da meningite viral duram cerca de 7 a 10 dias.
Diagnóstico
O diagnóstico da meningite é considerado, principalmente, em casos de dor de cabeça, febre e pescoço rígido. Além de exame clínico, alguns testes laboratoriais são necessários para definir qual o agente causador da inflamação das meninges.
Caso haja suspeita de meningite bacteriana, o tratamento geralmente inicia-se antes mesmo do resultado do exame. O diagnóstico pode ser realizado por clínico geral, neurologista ou infectologista.
Fatores de risco
Embora seja uma doença que pode contaminar qualquer faixa etária, seu risco é maior em crianças de até cinco anos. Além disso, idosos também apresentam quadros mais graves, necessitando de mais atenção.
Exames
O principal exame usado para identificar a meningite é, sem dúvidas, a análise do líquor, que é o líquido que fica entre a meninge e o cérebro. Este exame é colhido por um médico, com punção por agulha na região da coluna lombar ou, eventualmente, na base da cabeça.
O líquor é submetido a diversos testes – alguns deles com resultado mais rápido e outros mais demorados. Os exames preliminares permitem determinar se há inflamação na meninge e dá pistas sobre a causa – se é meningite bacteriana ou viral. Em alguns casos, é necessário também a cultura de outros líquidos e/ou das fezes.
Tratamento
Em geral, o tratamento é o controle dos sintomas, com analgésicos para a dor e antitérmicos para a febre e, em muitos casos, o tratamento pode ser feito em casa, sob orientação médica. Nas meningites herpéticas, causadas pelo vírus da herpes e que causam complicação neurológica, é instituído tratamento com medicamento antiviral.
Caso o quadro seja muito grave, é possível o uso de antibiótico, até a certeza de que não se trata de uma inflamação causada por bactéria. Há ainda o uso de medicamentos para tratar a causa da meningite, como: antirretrovirais, em caso de HIV, e aciclovir, para herpes ou varicela-zóster.
Para o restante dos vírus, não há medicamentos eficazes. Porém, para pessoas que têm um sistema imunológico normal, a melhora costuma ocorrer sem a necessidade do uso de medicamentos específicos ou internação.
Prevenção
Ainda não existe uma vacina específica para a meningite viral, já que a doença está relacionada a diferentes agentes. Por isso, para prevenir a doença, devemos garantir que todas as vacinas estejam em dia.
Além disso, é importante manter bons hábitos de saúde e higiene, lavando as mãos com água e sabão antes das refeições, após usar o banheiro ou se expor a lugares com intensa circulação de pessoas e usando álcool em gel com frequência, por exemplo.
Referências
Manual MSD - Versão Saúde para a Família
Meningites: Guia de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Vigilância em Saúde - 7ª edição - Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Disponível em:https://neurologiahu.ufsc.br/files/2012/10/MENINGITES_Guia-de-Vigil%C3%A2ncia-Epidemiol%C3%B3gica-da-Secretaria-de-Vigil%C3%A2ncia-em-Sa%C3%BAde-7%C2%AA-edi%C3%A7%C3%A3o.pdf